Guerra Rússia - Ucrânia

Maximus

Tribuna Presidencial
8 Agosto 2016
10,656
15,075
Invicta
www.google.com
Ivan Fedotov , Guarda-Redes titular da seleção Russa de Hóquei no Gelo acabou detido no Aeroporto de São Petersburgo quando se preparava para viajar para os EUA onde assinou contrato com os Philadelphia Flyers.

Segundo a acusação, estaria a fugir do serviço militar obrigatório.

By Abola
A quantidade de Russos que começa a ver a sua vida a andar para trás deverá ser enorme.

Enviado do meu SM-A105FN através do Tapatalk
 

Devenish

Tribuna Presidencial
11 Outubro 2006
23,126
12,938
Conquistas
2
Porto
  • Reinaldo Teles
  • Março/19
Felizmente não sabemos a resposta a essa pergunta.. e esperemos que continuemos sem saber.. já quem defende russias bolsonaros e trumps deste mundo não sei bem se é isso que pretende na realidade..
Sabemos sim a resposta a essa pergunta. Os tais "100 anos do Reich" era uma utopia ou loucura de Hitler. Mesmo que tivesse ganho a guerra as contradições inerentes a tal levariam após a morte (ou assassinato) do déspota a uma inversão da história num período curto.
As autocracias, fascismos ou o que lhe quiserem chamar têm períodos relativamente curtos de poder.
Exemplos;
Salazarismo durou enquanto não houve um golpe de estado e o próprio Salazar que não era burro sabia que não haveria salazarismo após ele (Marcelo Caetano durou pouco tempo) e nunca pensou na sua sucessão.
Franco mais inteligente do ponto de vista de analisar o futuro preparou o regresso da Monarquia para quando morresse para evitar que com a República voltassem os problema da Guerra Civil que o levaram ao poder.
Gengis Khan, Atila, Alexandre da Macedónia duraram enquanto eles viveram, após a sua morte aquilo caiu como um castelo de artas.
Exceções (pelo menos para já) a China e Coreia do Norte. A Coreia do Norte é um país que pouco interessa e só vem nas parangongas dos jornais por causa das experiências nucleares mas é uma forma deles sobreviverem à fome e receberem contrapartidas cada vez que fazem ameaças.
A China é um caso aparte; Mao Tsé tung apesar da mortande que criou é o obreiro de uma nação que se não fosse assim estaria dividido em imensos estados, Xiao Ping o obreiro da revolução "capitalista" teve a arte de perceber que para ser uma potência mundial tinha que abdicar da ortodoxia soviética (mas a China tem contradições inerentes que a levarão a implodir, poderá não ser no nosso tempo mas não escapará disso) - e falando destes cairam porque o sistema económico que criaram e nunca reformaram abriu falência ou bancarrota sem hipóteses de subsistir. Mas nunca desistiram do Império, que já vinha do regime czarista, e a prova está agora à vista. Putin é uma mistura de czarismo e estalinismo adaptado ao neo capitalismo que ele sabe que não pode abdicar.
Mas temos exemplos positivos; A magna carta do RU de 1225 foi revisada diversas vezes, de maneira a garantir mais amplos direitos a um número maior de pessoas e preparando o terreno para o surgimento da monarquia constitucional britânica. Por isso sobreviveram à Revolução francesa e com todos os defeitos o RU continua democrático.
A revolução francesa é das maiores conquistas da humanidade. Teve o seu período negro após a tomada do poder por Napoleão que se apropriou desses valores e os prostituiu não restaurando a monarquia anterior mas fazendo igual tornando-se imperador e colocando os seus irmãos como imperadores nos países barbaramente ocupados. Mas teve um período fugaz, embora trágico e nós portugueses sofremos isso na pele, após a sua destituição a República assumiu-se em França e mantem-se - o regresso da monarquia acabou de vez.
Os Estados Unidos e muitos Países centro e sul americanos inspiraram-se na revolução francesa e optaram pelo mesmo caminho. com muitos percalços pelo caminho ditaduras pelo meio mas sempre efémeras.
O texto, feito de improviso, vai longo e em conclusão direi;
as democracias nunca estão garantidas mas regressam sempre ou quase sempre.
há sim os bons e os maus - mesmo que os maus (as ditaduras, a proibição da liberdade de expressão) ganhem nunca deixam de ser maus, a sua queda é uma questão de tempo. No cerne desta questão está sempre uma questão essencial; a economia, a falta de matérias primas, a fome e a miséria - quando isso emerge aparecem os salvadores da pátria que conquistam o poder mas como não se conseguem "reformular" acabam por cair mais tarde ou mais cedo.
 

MiguelDeco

Tribuna Presidencial
2 Setembro 2013
37,643
25,439
Conquistas
12
  • Hulk
  • Alfredo Quintana
Sabemos sim a resposta a essa pergunta. Os tais "100 anos do Reich" era uma utopia ou loucura de Hitler. Mesmo que tivesse ganho a guerra as contradições inerentes a tal levariam após a morte (ou assassinato) do déspota a uma inversão da história num período curto.
As autocracias, fascismos ou o que lhe quiserem chamar têm períodos relativamente curtos de poder.
Exemplos;
Salazarismo durou enquanto não houve um golpe de estado e o próprio Salazar que não era burro sabia que não haveria salazarismo após ele (Marcelo Caetano durou pouco tempo) e nunca pensou na sua sucessão.
Franco mais inteligente do ponto de vista de analisar o futuro preparou o regresso da Monarquia para quando morresse para evitar que com a República voltassem os problema da Guerra Civil que o levaram ao poder.
Gengis Khan, Atila, Alexandre da Macedónia duraram enquanto eles viveram, após a sua morte aquilo caiu como um castelo de artas.
Exceções (pelo menos para já) a China e Coreia do Norte. A Coreia do Norte é um país que pouco interessa e só vem nas parangongas dos jornais por causa das experiências nucleares mas é uma forma deles sobreviverem à fome e receberem contrapartidas cada vez que fazem ameaças.
A China é um caso aparte; Mao Tsé tung apesar da mortande que criou é o obreiro de uma nação que se não fosse assim estaria dividido em imensos estados, Xiao Ping o obreiro da revolução "capitalista" teve a arte de perceber que para ser uma potência mundial tinha que abdicar da ortodoxia soviética (mas a China tem contradições inerentes que a levarão a implodir, poderá não ser no nosso tempo mas não escapará disso) - e falando destes cairam porque o sistema económico que criaram e nunca reformaram abriu falência ou bancarrota sem hipóteses de subsistir. Mas nunca desistiram do Império, que já vinha do regime czarista, e a prova está agora à vista. Putin é uma mistura de czarismo e estalinismo adaptado ao neo capitalismo que ele sabe que não pode abdicar.
Mas temos exemplos positivos; A magna carta do RU de 1225 foi revisada diversas vezes, de maneira a garantir mais amplos direitos a um número maior de pessoas e preparando o terreno para o surgimento da monarquia constitucional britânica. Por isso sobreviveram à Revolução francesa e com todos os defeitos o RU continua democrático.
A revolução francesa é das maiores conquistas da humanidade. Teve o seu período negro após a tomada do poder por Napoleão que se apropriou desses valores e os prostituiu não restaurando a monarquia anterior mas fazendo igual tornando-se imperador e colocando os seus irmãos como imperadores nos países barbaramente ocupados. Mas teve um período fugaz, embora trágico e nós portugueses sofremos isso na pele, após a sua destituição a República assumiu-se em França e mantem-se - o regresso da monarquia acabou de vez.
Os Estados Unidos e muitos Países centro e sul americanos inspiraram-se na revolução francesa e optaram pelo mesmo caminho. com muitos percalços pelo caminho ditaduras pelo meio mas sempre efémeras.
O texto, feito de improviso, vai longo e em conclusão direi;
as democracias nunca estão garantidas mas regressam sempre ou quase sempre.
há sim os bons e os maus - mesmo que os maus (as ditaduras, a proibição da liberdade de expressão) ganhem nunca deixam de ser maus, a sua queda é uma questão de tempo. No cerne desta questão está sempre uma questão essencial; a economia, a falta de matérias primas, a fome e a miséria - quando isso emerge aparecem os salvadores da pátria que conquistam o poder mas como não se conseguem "reformular" acabam por cair mais tarde ou mais cedo.
Não concordando na totalidade, porque não acredito em exercícios de adivinhação, não podemos de facto dizer que acabaria o nazismo num curto período de tempo. Nunca se saberá. Ao contrário de outros regimes déspotas, a máquina burocrática nazi era muito bem oleada e organizada. Só assim era possível a organização e execução dos crimes que foram executados e a magnitude daquilo que foi obtido. E por sorte nos momentos decisivos da guerra as circunstâncias não estiveram do lado deles (aliado a isso uma ilusão de infinito poder por parte do hitler).
No entanto quero acreditar que mesmo que derrotados, os usa e o reino unido continuariam a resistir. Mas também poderia existir o inverso disso e termos regimes colaboracionista nesses mesmos países com a ascensão de algumas personagens que até então não tinham tido relevo. E se é verdade que por vezes a democracia acaba por retornar, a verdade é que para quem vive na ditadura ela parece interminável e deixa sequelas na sociedade que muitas das vezes não têm cura para quem nelas viveu.. E que acaba por condicionar e de que maneira o regressar da democracia. Veja-se o nosso caso.
 
  • Like
Reações: Porto
C

Campeões de Tudo

Guest
C

Campeões de Tudo

Guest
Chegou a existir aqui quem tivesse essa esperança romântica.. É não saber como funciona um regime autocrata.. Eu sempre disse que o mais provável era acontecer o inverso disso. E irá continuar..
Eu até coloco a possibilidade de Putin "cair", o Milhazes mencionou isso ontem, mas quem o vai substituir será muito pior.
 

MiguelDeco

Tribuna Presidencial
2 Setembro 2013
37,643
25,439
Conquistas
12
  • Hulk
  • Alfredo Quintana
Eu até coloco a possibilidade de Putin "cair", o Milhazes mencionou isso ontem, mas quem o vai substituir será muito pior.
Falta muito para chegar o caminho onde ele terá que "cair". A não ser que estivesse doente como se diz.
Eu não acredito que isso aconteça tão cedo. Uma coisa é wishfullthinking outra é a realidade, infelizmente..
 

Raba

Tribuna Presidencial
13 Junho 2013
17,373
21,487
Conquistas
4
  • André Villas-Boas
  • Fernando "Bibota" Gomes
  • Alfredo Quintana
  • Campeão Nacional 19/20
Eu até coloco a possibilidade de Putin "cair", o Milhazes mencionou isso ontem, mas quem o vai substituir será muito pior.
Quem é que está na linha da frente? O Lavrov?
Esse tem todo o ar de ser um psicopata na linha do Putin.
 

StrecherBearer

Tribuna
25 Julho 2018
2,666
2,562
Conquistas
1
  • Bobby Robson
Sabemos sim a resposta a essa pergunta. Os tais "100 anos do Reich" era uma utopia ou loucura de Hitler. Mesmo que tivesse ganho a guerra as contradições inerentes a tal levariam após a morte (ou assassinato) do déspota a uma inversão da história num período curto.
As autocracias, fascismos ou o que lhe quiserem chamar têm períodos relativamente curtos de poder.
Exemplos;
Salazarismo durou enquanto não houve um golpe de estado e o próprio Salazar que não era burro sabia que não haveria salazarismo após ele (Marcelo Caetano durou pouco tempo) e nunca pensou na sua sucessão.
Franco mais inteligente do ponto de vista de analisar o futuro preparou o regresso da Monarquia para quando morresse para evitar que com a República voltassem os problema da Guerra Civil que o levaram ao poder.
Gengis Khan, Atila, Alexandre da Macedónia duraram enquanto eles viveram, após a sua morte aquilo caiu como um castelo de artas.
Exceções (pelo menos para já) a China e Coreia do Norte. A Coreia do Norte é um país que pouco interessa e só vem nas parangongas dos jornais por causa das experiências nucleares mas é uma forma deles sobreviverem à fome e receberem contrapartidas cada vez que fazem ameaças.
A China é um caso aparte; Mao Tsé tung apesar da mortande que criou é o obreiro de uma nação que se não fosse assim estaria dividido em imensos estados, Xiao Ping o obreiro da revolução "capitalista" teve a arte de perceber que para ser uma potência mundial tinha que abdicar da ortodoxia soviética (mas a China tem contradições inerentes que a levarão a implodir, poderá não ser no nosso tempo mas não escapará disso) - e falando destes cairam porque o sistema económico que criaram e nunca reformaram abriu falência ou bancarrota sem hipóteses de subsistir. Mas nunca desistiram do Império, que já vinha do regime czarista, e a prova está agora à vista. Putin é uma mistura de czarismo e estalinismo adaptado ao neo capitalismo que ele sabe que não pode abdicar.
Mas temos exemplos positivos; A magna carta do RU de 1225 foi revisada diversas vezes, de maneira a garantir mais amplos direitos a um número maior de pessoas e preparando o terreno para o surgimento da monarquia constitucional britânica. Por isso sobreviveram à Revolução francesa e com todos os defeitos o RU continua democrático.
A revolução francesa é das maiores conquistas da humanidade. Teve o seu período negro após a tomada do poder por Napoleão que se apropriou desses valores e os prostituiu não restaurando a monarquia anterior mas fazendo igual tornando-se imperador e colocando os seus irmãos como imperadores nos países barbaramente ocupados. Mas teve um período fugaz, embora trágico e nós portugueses sofremos isso na pele, após a sua destituição a República assumiu-se em França e mantem-se - o regresso da monarquia acabou de vez.
Os Estados Unidos e muitos Países centro e sul americanos inspiraram-se na revolução francesa e optaram pelo mesmo caminho. com muitos percalços pelo caminho ditaduras pelo meio mas sempre efémeras.
O texto, feito de improviso, vai longo e em conclusão direi;
as democracias nunca estão garantidas mas regressam sempre ou quase sempre.
há sim os bons e os maus - mesmo que os maus (as ditaduras, a proibição da liberdade de expressão) ganhem nunca deixam de ser maus, a sua queda é uma questão de tempo. No cerne desta questão está sempre uma questão essencial; a economia, a falta de matérias primas, a fome e a miséria - quando isso emerge aparecem os salvadores da pátria que conquistam o poder mas como não se conseguem "reformular" acabam por cair mais tarde ou mais cedo.
Acredito que praticamente todas as pessoas na UE acreditam que o nosso futuro é a democracia, eu entre eles.

Gostava só de salientar no entanto que isso não é a história da humanidade. Em 10.000 anos de história escrita há breves períodos em que existiram democracias. As primeiras (e únicas verdadeiras) democracias foram Gregos e o Romanos.

A revolução Francesa deu origem a uma Democracia Representativa, que na realidade deu numa ditadura durante o tempo do Napoleão.
A excepção que falas na Coreia do Norte não é mais do que uma Monarquia uma vez que tem um líder com poder absoluto hereditário. Numa ditadura o poder não é passado de pai para filho.
A China não é uma verdadeira ditadura uma vez que o poder não é do líder, mas do partido. Não sei muito bem o que lhe chamar mas o poder não está concentrado numa pessoa.

Eu acredito na virtude da democracia, mas acho que ela é frágil e se não a mantermos, rapidamente é corrompida criando inquietação na população o que tem tendência a extremismo e leva a ditaduras.


[EDIT]

A Russia é um bom exemplo disto. No tempo do Boris Yeltsin houve eleições livres na Russia mas que de escândalo em escândalo viraram a população para um Ditador como o Putin. A culpa não é dos Russos, é dos líderes curruptos da Russia.

Lamentávelmente vemos, até na França o crescimento das forças extremistas que pode facilmente transformar democracias em ditaduras.
 

Porto

Tribuna
13 Março 2012
4,244
2,604
Uma pergunta, se os nazis tivessem ganho a segunda guerra, o que seria certo ou errado hoje?
Queres a célebre frase do Churchill:
“History is written by the victors”

Mas isso prova acima de tudo a opressão da História enquanto instrumento de Poder (Focault) mas história não é etica.
 
Devenish

Devenish

Tribuna Presidencial
11 Outubro 2006
23,126
12,938
Conquistas
2
Porto
  • Reinaldo Teles
  • Março/19
Não estamos preparados para a guerra

Henrique Burnay

Como é que as democracias resistem à crise económica provocada por uma guerra que não estamos preparados para combater nem, eventualmente, disponíveis?
Os 60 anos de paz na Europa criaram várias ilusões e algumas expectativas que se tornaram em maus hábitos.
Para começar, a ideia de paz europeia é equívoca. Houve paz, mas havia guerra na Europa. Não havia tiros nem trincheiras, mas desde 1946 que a Europa estava dividida. De um lado, vivia-se em paz e prosperidade, do outro vivia-se sob ocupação ou domínio soviético e sem progresso económico comparável ao ocidental. E também havia quem vivesse em ditadura, do lado de cá.
A paz europeia não foi uma paz na Europa, foi uma paz entre os membros da Comunidade Europeia. E o que garantiu que a guerra que havia na Europa era apenas fria foi a NATO, não foi a CEE. Isto importa, porque importa não pensar que o conforto e segurança em que vivíamos era o conforto e segurança de todos. E, também, para não nos enganarmos quanto ao que a União Europeia sabe fazer.
O outro equívoco desta longa paz foi pensar que não seria necessário combater nem sofrer os custos da guerra. Para assegurar o seu lugar de potência, os americanos mantinham exércitos, garantiam a segurança da Europa e, de tempos a tempos, iam à guerra. Nós, não.
Durante décadas, habituámo-nos a não pagar o preço da guerra. Nem em homens, nem em armas, nem em contas da mercearia. Nunca nos faltou nada do que tinha faltado aos nossos pais, avós e bisavós durante as grandes guerras. A nossa forma de resistência ao comunismo foi viver confortável e prosperamente. Foi bom. Mas convencemo-nos de que seria normal ser assim. Habituámo-nos.
Por mais críticas, espanto e incómodo que alguns europeus de Leste nos provoquem, há uma lição que nos podem dar todos os dias. Durante mais de 40 anos, eles resistiram. Maioritariamente sozinhos.
São essas lições da História que agora regressam.
A reação dos bálticos, dos polacos e de outros europeus do Centro e Leste do continente à invasão russa da Ucrânia é, acima de tudo, uma questão de identificação. Eles sabem que podiam ser eles. E recordam - os mais velhos lembram-se mesmo - o que implicou resistir e sobreviver ao comunismo soviético e ao imperialismo russo.
Os europeus do centro e leste do continente sabem que há um preço a pagar pela liberdade (democracia) e soberania. A maioria dos europeus ocidentais, não sabe porque já não se lembra. É aqui que as águas se podem separar nos próximos meses.
Até agora não foi nada. Apesar da inflação, da ameaça concretizada da subida das taxas de juro (para quem tem dívidas) e do que se diz sobre a energia, o pouco que se sentiu foi disfarçado pelas alegrias do regresso à normalidade.
Acabados de sair de confinamentos e de números de mortos a rolar diariamente nas televisões, ainda é cedo para notar que a cerveja está mais cara. Por enquanto, a novidade é voltar aos bares e restaurantes para bebê-la. Por maior que seja o anúncio do desastre iminente, ainda estamos a celebrar o fim definitivo (confiamos) daqueles meses enfiados em casa, angustiados. Não nos interrompam a festa.
Desde o primeiro dia de guerra que se sabia que haveria um preço a pagar pela resistência. Os ucranianos, pagam com a vida a possibilidade de serem livres. Nós, pagaremos com a economia. A inflação, as dívidas mais caras, o racionamento de energia, o atrasar do crescimento económico. Nos próximos meses, pela primeira vez em décadas para mais de metade dos europeus, não estaremos na guerra, não estaremos invadidos nem ocupados, mas viveremos as consequências da guerra. E as consequências das consequências da guerra.
Em França, não há uma maioria parlamentar que defenda o governo quando as coisas estiverem difíceis. E há uma quase maioria (desunida) que não só deseja o fim do regime, como intimamente deseja a vitória russa. Em Itália, o governo (e o regime?) depende de um partido anti-sistema. O que é eloquente. Na Alemanha, o problema não é a alternativa, não é a extrema, nem direita nem esquerda, que espreita, é a própria Alemanha. A que não vê razões para expulsar o vendido Schroder do partido social democrata a que presidiu. Eventualmente porque não reconhece a traição. E, mesmo que não venha de Berlim a desistência, França, Itália e o euro em perigo são sarilhos mais que suficientes.
Nos próximos tempos, vai ser impossível evitar as consequências da guerra. E quase impossível evitar as consequências das consequências da guerra. Sendo a mais perigosa de todas a queda de governos às mãos de populistas, radicais e anti-democráticos sentados nos parlamentos.
Se a experiência americana de Trump nos ensinou alguma coisa, foi que são necessárias instituições fortes e poderes dispersos para resistir a um populista. A América tem umas e outros. Já na Europa continental, como recorda a História, França pode facilmente colaborar em vez de resistir, e Itália pode se fascinar com um líder improvável de opereta.
Para os próximos meses há três perguntas que vão determinar o nosso futuro próximo. Como se diminuem ou contrariam os impactos da guerra na economia? Como se diz aos cidadãos que alguns impactos são inevitáveis e necessários, porque a guerra é justa e nossa? Como se impede a queda dos governos e das democracias?
Dito de outra forma, como é que as democracias resistem à crise económica provocada por uma guerra que não estamos preparados para combater nem, eventualmente, disponíveis?
Os manuais de História da Europa continental não têm muitas instruções. É essa falha que a União Europeia precisa de compensar. Será capaz? Este pode ser o tempo da Europa. Ou a sua submissão.