Após dia e meio a tentar evitar ver e ler mais coisas sobre o Jorge e a tentar distrair-me com coisas fúteis e parvas mas sempre com a alegria e apoio e paciência da minha mulher ao meu lado, finalmente, desabei em lágrimas no colo dela, como um menino destroçado.
Esta é daquelas perdas que nunca ficará totalmente sarada dentro de mim, tenho a certeza. É difícil explicar o porquê de isto acontecer com algumas pessoas "desconhecidas". Talvez pela proximidade de se pertencer e amar o mesmo clube, neste caso. Certamente pelo carisma e pela imensa bondade e humanidade que ele emanava sempre que falava ou olhava com aqueles olhos verdes penetrantes. Possivelmente, sim, o que mexeu mais comigo foi esta crueza de ver um homem tão bom partir desta maneira. Mais do que o futebolista ímpar, mais do que o representante máximo dos valores portistas, mais do ter sido uma das pessoas que mais felicidade nos deu enquanto portistas, o que mais dói é a partida de um homem profunda e intrinsecamente bom. E no mundo do futebol isso é raríssimo de ver.
Da maneira como foi - repentina, implacável, cruel - e na altura em que foi - no pico de alegria e esperança no início de mais uma época que tudo aponta vir a ser histórica (assim esperamos todos) - e em que o Jorge trabalhava com afinco e a transbordar de orgulho e felicidade em prol do seu clube do coração, isto vai deixar em mim - em todos nós, imagino - uma marca profunda e indelével.
Agora o tempo vai sarar o que puder sarar e eu já só penso que no final da época tenhamos a sorte e o engenho de podermos levantar os troféus mais importantes para irmos todos juntos festejar com ele para os Aliados noite dentro até que a voz nos fique rouca de tanto gritar "ohh Jorge, Jorge, és o nosso eterno capitãoooo, o nosso eternooo capitão!!"