Depois de uma noite aziada, de revolta, de tristeza de desilusão a manhã seguinte, que muitas vezes traz esclarecimento, ponderação, energia renovada, não foi assim desta vez. A sensação de descrença, de desânimo, de tristeza é tão grande que tenho de deitar tudo cá para fora. Apetecia-me insultar toda a gente mas não o faço porque quem dá o seu melhor não merece. Só que este melhor não chega.
Ao contrário de muitos por essas redes sociais fora e até por aqui, não fico contente pelo fracasso do Anselmi e por consequência de quem nele apostou. O fracasso do clube que amo, seja ele liderado por quem for, nunca será motivo para mim de regozijo.
Fui um dos que pacientemente acreditou que com o tempo as coisas iriam melhorar. Um treinador novo que apanha uma situação já de si complexa, num plantel que não formou merecia essa paciência e esperança.
A falta de qualidade, e até, é bom dizê-lo, de vontade de muitos dos que hoje representam esta camisola justifica muita coisa mas não justifica tudo. Se conseguíssemos vislumbrar melhorias, ideias, uma base ao qual nos agarrarmos para manter a esperança que a próxima época será de sucesso, provavelmente não estaríamos todos envolvidos num desânimo coletivo que atravessa até o mais optimista dos adeptos. A paciência não é nem pode ser eterna e este clube está obrigado a lutar por títulos todos os anos. Todos percebemos a conjuntura e a necessidade de alguma paciência na construção de uma base sólida mas há coisas que são por demais evidentes e que nos indicam que o caminho não é este.
Aquando da apresentação de Anselmi estas foram as palavras proferidas pelo nosso presidente:
" "Com Anselmi iniciamos a continuação de um projeto que temos em vista para o clube, com um futebol arrojado. Todos vão ficar bastante entusiasmados. Um futebol ofensivo, agressivo. Estamos seguros que isso vai encher de alma os adeptos do FC Porto e estamos todos ansiosos para que construa as suas equipas. Hoje, claro, para conhecer os jogadores, e depois para construir o seu futebol, que encaixa perfeitamente no que o FC Porto defende, um futebol virado para o ataque, na busca de conquistas e vitórias".
Seis meses depois não vemos agressividade, não vemos futebol ofensivo, não vemos futebol de ataque. O que vemos é uma equipa sem alma, sem paixão, descrente, sem ligação, com um futebol pobre, sem intensidade, com dificuldade em criar situações de golo e dominar até o adversário mais fraco. Ontem, contra uma equipa de reformados a que juntaram os filhos dos amigos, uma equipa como o FC Porto tinha a obrigação de dominar com bola no meio campo adversário. Parecíamos uma equipa pequenina com receio de um tubarão mundial.
O início da próxima época não está longe e é tempo de decisões que precisam de ser tomadas com urgência. Nenhum adepto admite uma época igual à anterior. Hoje, para mim, é dia de dizer BASTA. Anselmi pode, e espero sinceramente que sim, vir a ter uma carreira de muito sucesso mas não é o que o FC Porto actual necessita. Para mim é o fim da linha para ele e para muitos do jogadores actuais que compõem o plantel. Mesmo alguns que custaram muitos milhões. Mesmo alguns que vieram da nossa formação mas que estão longe de ter o espírito à Porto que nos caracteriza. Não bastam palavras, são precisos actos. Um jogador à Porto tem de ter ambição, ser um guerreiro, correr mais que os outros, lutar mais que os outros. Os sorrisos e os cumprimentos trocam-se no fim. Até lá não há amigos em campo, não há adversário que mereça mais respeito que os outros.
Ao presidente peço coragem. Errar todos erram e é com o erro que se aprende e muitas vezes o erro é até imprevisível e vem de onde menos esperamos mas, não corrigir o erro será um orgulho que poderá custar muito caro.
VIVA O FC PORTO.