No primeiro dia de trabalho da época passada, que assinalou o seu segundo regresso ao FC Porto, assumiu-se como o jogador mais feliz do plantel. Um ano depois, o sentimento é o mesmo?
A felicidade que me dominou na altura é a mesma que sinto hoje. Sem a pretensão de fazer futurologia, arrisco que o sentimento será o mesmo no dia em que tiver de deixar o FC Porto. A minha satisfação por estar aqui é imensa e creio que se nota a cada treino, a cada dia de trabalho.
A que fica a dever-se esse estado de espírito?
Tenho uma paixão enorme pelo clube e reconheço-me na sua filosofia ambiciosa. O FC Porto está sempre pronto para ganhar mais qualquer coisa e, como é fácil de perceber, foi com agrado que recebi a notícia de que o clube pretendia renovar o contrato comigo.
A renovação, aos 34 anos [hoje tem 42 anos], significa que terminará a carreira no FC Porto?
Quase de certeza. Dificilmente sairei do FC Porto, que é uma espécie de destino traçado na minha vida. Fui júnior do FC Porto, saí, regressei na época de 2002/03, voltei a sair e regressei no ano passado [2007/08]. Desta vez, só saio para terminar a carreira [o que aconteceu no final da época de 2009/10].
Apesar da sua utilização intermitente, será sempre associado à vitória na Taça Intercontinental. Foi esse o momento mais alto que viveu enquanto jogador?
A minha carreira tem sido recheada de momentos muito interessantes. Já conquistei muitos títulos, como a Taça UEFA, a UEFA Champions League, a Taça Intercontinental, campeonatos nacionais, a Taça de Portugal, Supertaças, e todos eles me deram imenso prazer. A Liga da época passada [2007/08], por exemplo, deu-nos um gozo imenso, porque fomos manifestamente superiores. Não consigo, no entanto, demarcar um momento dos restantes. Não é fácil.
Mas o de Yokohama foi especialmente intenso
É verdade. Fomos tão superiores ao Once Caldas que já ninguém esperava aquele desenlace. Tivemos bolas na trave, golos quase feitos, outros mal anulados
Foi um domínio esmagador. Até o contratempo do Vítor Baía foi totalmente inesperado. Entrei já com o prolongamento a decorrer, quase sem tempo para me preparar e, logo a seguir, vieram os penalties. A intensidade foi tremenda. Era um título que estava em disputa, a segunda Taça Intercontinental do FC Porto.
O Nuno é um jogador especial num balneário especial?
Creio que sim. A experiência e a idade permitem-me aproximar dessa condição, fazem de mim um jogador maduro. Mas, como é óbvio, não fui sempre assim. Tento ser um bom companheiro e amigo, disponível para ajudar. É fundamental que haja referências num balneário, onde têm de haver pilares, suportes e até alguns abrigos psicológicos.