«O Espírito Santo foi a pessoa que celebrizou o «Somos Porto». Não foi o criador. Ou achas que o departamento de comunicação do FC Porto ia meter o plantel todo em frente a um microfone, em 2009-10, sem antes prepararem os jogadores (neste caso o Nuno) para o discurso?
É importante a paixão, é importante a garra, é importante conhecer o FC Porto. Mas há algo ainda mais importante: a competência técnico-tática.
No Rio Ave, o Nuno jogava sempre com linhas baixas e em transição rápida. O seu Rio Ave não sabia jogar quando não tinha espaço. É por isso que com ele o Rio Ave era mais forte fora de casa do que a jogar em casa.
Em toda a época 2013-14, o Rio Ave só ganhou 2 jogos em casa no campeonato. Dois! Foi 11º, longe da Europa. A sorte (mérito) do Rio Ave foram as Taças, onde pôde jogar sempre à defensiva e ganhar por detalhes.
Em casa, o Rio Ave só marcou 10 golos. O Rio Ave do Nuno foi sempre uma pobreza em termos ofensivos e de futebol praticado. Óbvio que ser agenciado pelo Mendes ajuda a ter boa imprensa. Se tivesse ouvido algum jogador do Rio Ave falar bem do relacionamento do Nuno com os jogadores talvez tivesse uma opinião mais positiva sobre o seu papel no balneário; agora, ter um discurso muito certinho e publicamente correto, para depois no balneário só distribuir culpas pelos jogadores... Não combina.
No Valência, concordo com uma coisa: é um clube terrível para se treinar. Os adeptos são de pavio curto, é um clube por onde passa dinheiro perfumado, e a imprensa lá do sítio é miserável.
No Valência os resultados foram bem melhores, claro. Se bateu o recorde de pontos, tem mérito. E em casa já se assumiu mais como equipa grande (creio que na época passada só perdeu um jogo no Mestalla).
Mas em apenas duas épocas foram mais de 200M em reforços. O Valência gastou mais nos últimos 2 anos do que nas 7 épocas anteriores juntas. Além disso, repugna-me a forma como trataram o João Pereira. Basicamente o Mendes deu ordens para ele não jogar, porque se não o Valência ia ter que lhe renovar o contrato, por causa de uma cláusula automática. E além disso, encostaram o João Pereira para poderem ter lugar no plantel para o João Cancelo, o menino dos «15M» do Benfica.
Falas da «competência» do João Pereira. Mas uma coisa é a competência, outra é o profissionalismo. O João Pereira era o titular do Valência. Podes dizer que não tinha qualidade, que o Barragán era melhor tudo bem. Mas o JP sempre foi um excelente profissional nos clubes que representou. Queremos ver o FC Porto afastar os bons profissionais para arranjar lugar para os Cancelos (não que o FC Porto os vá ter)? Nunca!
Um treinador que abdica de defender os seus jogadores/balneário, em detrimento de uma ordem de um empresário/dirigente, é um treinador que perde o balneário. Foi isso que aconteceu ao Vítor Pereira na primeira época, no caso do Rolando (e acredita que o Vítor aprendeu mesmo a lição, motivo pelo qual era a minha escolha). E o Marco Silva (que eu não quereria no FC Porto) aguentou-se no Sporting precisamente porque entre o Bruno de Carvalho e o plantel defendeu sempre os jogadores, motivo pelo qual sempre teve o balneário com ele. Apenas dois exemplos.
Por isto, não, o Nuno não é o meu treinador. Já para não falar no ridículo que é ter ido buscar o Peseiro em janeiro, quando o Nuno estava livre, para agora ir buscar o Nuno, que até esteve para assinar pelo Braga.
Desejo-lhe sorte e fico tranquilo. Pois o que mais me custa, no FC Porto, é ver alguém desiludir-me. Neste caso, o Nuno não me pode desiludir, apenas surpreender pela positiva. »
_
Este foi o meu post de reacção à contratação do NES, em Maio. Gostaria de fazer mea culpa, pois gosto de reconhecer quando erro, e alterar uma coisa: o Cancelo, de facto, é um lateral-direito de assinalável qualidade. É tudo.
Dito isto, espero que os portistas tenham a sensibilidade e inteligência de perceber que ninguém pode dar mais do que o que vale. O NES está a fazer um trabalho à sua imagem. Discurso à sua imagem, futebol à sua imagem, gestão do plantel à sua imagem, pobreza a nível técnico-tático.
Não merece qualquer culpa nesse cartório. A culpa é, única e exclusivamente, de quem achou que NES era treinador para se responder a 3 - a caminho de ser 4 - anos a seco.