Os problemas que afectam o futebol jovem

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14 Julho 2006
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Cascais, 1966
Tópico iniciado pelo nosso colega Esquerdinha, e que não tinha sido migrado pelo processo de migração. Contamos com muitos contributos novos neste espectacular tópico.

Pedro Mil-Homens, que esteve dez anos à frente da Academia do Sporting, defende que a Federação Portuguesa de Futebol deve elaborar um plano para desenvolver o futebol jovem.
Em entrevista ao PÚBLICO, este professor de treino desportivo na Faculdade de Motricidade Humana defende o regresso das equipas B, a alteração dos quadros competitivos para os mais jovens e uma formação de treinadores que seja mais focada no futebol juvenil. E alerta também para a necessidade de os pais serem educados e de nos escalões mais baixos a modalidade ser vista como uma festa.

PÚBLICO: Portugal tem um dos melhores jogadores do mundo, continua a colocar futebolistas nas melhores ligas e foi vice-campeão mundial sub-20. Mas, por outro lado, olhamos para os plantéis dos clubes e vemos cada vez menos espaço para os jovens portugueses. Para si, qual é o ponto da situação da formação em Portugal?

PEDRO MIL-HOMENS:O nosso maior desafio na formação de futebolistas jovens é a ausência de um modelo de transição entre o futebol jovem e o chamado futebol profissional.

Qual a consequência dessa ausência de um modelo de transição?
A ausência de um modelo conduz à ausência de prontidão competitiva. Não temos esses jovens preparados, também porque o que está a montante, antes dos sub-19, é pouco exigente. As competições são pouco homogéneas, o critério de agrupamento de equipas é meramente geográfico. E voltando à questão inicial, num contexto como este, as excepções confirmam a regra. Jogadores que são excepcionalmente dotados, que singraram numa equipa sénior aos 16 ou 17 anos, como Cristiano Ronaldo, não têm problemas. Mas essa não é a regra, é a excepção.

Isso quer dizer que a formação em Portugal não é boa? Que esses jogadores excepcionais tiveram sucesso por causa do talento próprio e não das condições que lhes foram dadas na formação?
Não. Temos de olhar para a nossa dimensão, com um campo de recrutamento reduzido. Há um número considerável de treinadores portugueses que trabalham no estrangeiro. O trabalho que é feito não é de, forma alguma, mau. Mas temos assistido nos últimos anos a dificuldades, que são naturais com a maior abertura à circulação de jogadores. Deveríamos ter prevenido os efeitos da lei Bosman, porque as políticas de quem tem de regular não têm de ser coincidentes, com as políticas do clube A, B ou C. Os clubes não têm de resolver os problemas globais do futebol português, nem das selecções, nem dos jogadores jovens. Obviamente que têm preocupações dessa natureza, mas tem de haver uma ideia condutora do que vamos fazer.

Conhece alguma ideia?
Eu não. Nos últimos anos, nomeadamente na Federação Portuguesa de Futebol, a gestão desportiva tem estado muito centrada no calendário da selecção A, que é naturalmente uma bandeira importantíssima, mas não pode ser a única preocupação.

Resto da entrevista em:
ttp://desporto.publico.pt/noticia.aspx?id=1510448
 

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14 Julho 2006
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Muito bom Esquerdinha, já haviam discussões espalhadas por outros tópicos sobre o tema, assim torna-se mais simples e organizado.

Concordo com muita coisa referida na entrevista, muita experiência e senso comum no discurso e ideias.

Só houve algo que nao concordei a 100% e já o referi algumas vezes no fórum, a ideia que se os jovens portugueses tivessem sotaque davam-lhes mais valor...ele respondeu assim:

'A formação tem sido muito boa. Essa preferência pelo estrangeiro talvez aconteça porque acreditamos menos no que é nosso. Se alguns jovens portugueses dessa idade jogassem num clube sul-americano, se calhar os clubes portugueses não tinham dinheiro para os ir buscar. Em redor da vinda de um jovem de outro clube, há uma actividade económica. Em alguns casos, haverá certamente também interesses dessa natureza. '

Acho que já tinha respondido em parte com algo que concordo mais:

'PEDRO MIL-HOMENS:O nosso maior desafio na formação de futebolistas jovens é a ausência de um modelo de transição entre o futebol jovem e o chamado futebol profissional.


Qual a consequência dessa ausência de um modelo de transição?
A ausência de um modelo conduz à ausência de prontidão competitiva. Não temos esses jovens preparados, também porque o que está a montante, antes dos sub-19, é pouco exigente. As competições são pouco homogéneas, o critério de agrupamento de equipas é meramente geográfico. E voltando à questão inicial, num contexto como este, as excepções confirmam a regra. Jogadores que são excepcionalmente dotados, que singraram numa equipa sénior aos 16 ou 17 anos, como Cristiano Ronaldo, não têm problemas. Mas essa não é a regra, é a excepção. '
 

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Ainda só consegui ler a entrevista por alto. Há pontos que concordo bastante, há outros que não concordo nada, ou então a explicação não foi suficientemente clara.

Acho que a questão dos estrangeiros é uma falsa questão. Não é por isso que o futebol de formação não está bem. Talvez seja uma consequência dele não estar bem, mas nunca o principal motivo, como alguns tentam fazer crer, sabendo que o problema é um pouco mais complexo.

Concordo em absoluto com a parte dos pais, e ainda mais com a dos treinadores. Não faz sentido que o mesmo curso sirva para eu poder treinar Seniores e Benjamins, e quem disser que é a mesma coisa nunca lidou com estes dois grupos. Já para não falar no facilitismo que existe nesses cursos, onde só se reprova por faltas e mesmo assim nem sempre. E não pensem que com esta opinião quero apenas mostrar que há demasiados "broncos", pessoas sem qualquer tipo de pedagogia, a treinar escalões de formação (e, mais grave, de iniciação). Existem, é um facto, mas também existem "novos Mourinhos" que querem fazer de uma equipa de Benjamins um mini-Barcelona, debitando conhecimento táctico a atletas que amanhã já não se lembrarão de quase nada, quando nem sequer têm qualidade técnica suficiente para realizar um passe e uma recepção em condições.

A questão das equipas B parece-me que é opinião geral que poderão trazer muita coisa de positivo. Reforço também que servirá para que se possa ir buscar atletas jovens de outras divisões que, não havendo equipa B, os clubes não arriscariam em contratar para depois terem que emprestar, já que nunca teriam espaço nem paciência para serem trabalhados na equipa principal. Atletas com potencial que deverão ser moldados internamente, pelos nossos técnicos, coisa que não aconteceria se fossem emprestados a uma qualquer equipa com um qualquer treinador, que só tem que estar preocupado em ganhar ao fim-de-semana.

Incluindo a questão dos árbitros oficiais, jogos semanais/quinzenais, futebol de rua vs escola de futebol, etc., acho que falta dinâmica aos clubes para organizar provas que complementem as competições oficiais. Os próprios clubes deviam criar formas para os atletas que não são convocados poderem competir, e isto aumentaria também o número de jogadores por plantel e, por consequência, o número de praticantes.

Dentro do mesmo ponto, não vejo qualquer mal em haver campeões e grande espírito competitivo nos escalões mais jovens. A ideia de assemelhar o futebol a uma brincadeira e depois falarem no futebol de rua como a melhor forma de educar as crianças para o futebol faz-me confusão. Eu quando jogava na rua detestava que os meus colegas sequer facilitassem, que se rissem/brincassem enquanto jogavam ou que dispersassem a sua atenção. O futebol de rua era, para mim, o maior exemplo de competitividade. Nunca joguei por brincadeira na rua e ficava "cego" quando perdia. Era assim comigo e acredito que tenha sido assim com a maioria. Quem jogava na rua tinha que ser hiper-competitivo. Por isso, para mim é um contra-senso dizer que futebol de rua é brincadeira. Futebol de rua é competição, é dureza, é espírito de sacrifício. Se a ideia é assemelhar o futebol dos mais jovens ao futebol de rua dos velhos tempos então não lhe queiram tirar a competitividade que sempre fez parte.

Por fim, agradeço ao Esquerdinha por ter trazido esta discussão até cá, que muita falta faz ao Fórum e não só.
 

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... uma das ideias parece ser a de ter campeonatos nacionais jovens para todos os anos a partir dos sub13, não sei onde clubes pequenos vão arranjar dinheiro para suportar isso, posso estar enganado mas nesses clubes o orçamento da formação deve pesar, no entanto se fosse possível era muito bom, com quadros competitivos adequados e limites aos estrangeiros, davam 7 campeonatos nacionais jovens a ser disputados todos os anos, mas o mais importante são mesmo as equipas, B, se estas tiverem presença fixa na orangina podem finalmente fechar o buraco entre futebol profissonal e formação ...
 

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GUTO o teu comentário está excelente. Concordo em absoluto.

Os problemas do futebol jovem em Portugal são essencialmente de organização. A fpf nunca estabeleceu um plano para o desenvolvimento do futebol jovem em Portugal, bem pelo contrário. Basta olhar para o calendário por exemplo dos sub-19 este ano e vamos ter entre 24 de Setembro e 19 de Novembro apenas 4 jornadas. Ou seja em dois meses de  competição os quase séniores/profissionais vão ter 4 jogos. Como é que estes jovens poderão estar bem preparados para o futebol profissional? E isto não é só este ano mas sim todos os anos. Mas os clubes também têm culpa desta situação.

A questão das equipas B é essencial e peca por tardia. Mas acho que não chega. Essencialmente acho que os escalões etários deveriam ser mudados. Deveriam ser criados nacionais de sub-14, sub-16, sub-18 e sub-20 em vez dos actuais 3 escalões. Se existe uma competição mundial de sub-20 porque não pode existir um competição nacional do mesmo escalão? Nos campeonatos regionais ficariam os escalões sub-13, 15,17 e 19.

Para além disso os modelos competitivos, dos vários escalões, está mais que visto que estão ultrapassados. O ano passado com 30 anos de atraso foi mudado o figurino dos juniores e apesar de ter gostado acho que já não serve e deveria ser criado apenas uma série para o escalão que precede o futebol profissional. Não podem as equipas candidatas ao titulo andarem a fazerem "jogos de preparação" na 1ª fase e começaram a verdadeira competição a faltarem dois meses para acabar a época.
Nos juvenis duas séries e duas fazes chegavam e aqui o modelo actual dos juniores seria o ideal. Nos iniciados 2 fases e 3/4 séries seria o ideal. Quanto mais se apertar o acesso aos nacionais mais o nivel das equipas/atletas poderão subir.

Sobre os treinadores sou da opinião que devem ter uma formação especifica para treinarem jovens. Deveria ser mesmo obrigatória essa formação.

Não sendo nenhum expert da matéria deixo aqui as minhas opiniões de quem há muitos anos acompanha como espectador e adepto o futebol jovem.
 

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Outro grande problema sao os pais. Quantas vezes vemos os pais na bancada a dar instrucoes ao atletas, a criticar miudos de 10 anos como se tivessem a obrigacao de nunca falhar um passe, a criticar opcoes de treinadores, etc?  So quem nao segue o futebol de formacao e' que nao ve isso mesmo.
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Isso não é um problema do futebol jovem mas sim de falta de educação.
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Precisamente por ter visto pais com comportamentos completamente fanatizados em miúdos muito novos é que o meu filho nao vai jogar para as escolas. Optei pelo basquete, e inacreditável o que se passa no comportamento dos pais.
 

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E calculo que haja em todo lado... Mas no futebol é um exagero uma data de gajos frustrados a pensarem que o filho e o novo messi, quer dizer o novo hulk :)
 

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Os pais são um problema e nunca vi nenhum clube onde esse problema não se verificasse. Há formas de o atenuar mas haverá sempre um ou outro que tentará destabilizar. Diria que é um problema social. Acho que é nesse prisma que o Pedro Mil-Homens fala em transformar o futebol de iniciação numa brincadeira, de forma a que não haja tanta "pressão" sobre os atletas. No entanto, em vez disso preferia que se optasse por um caminho de consciencialização dos pais, em vez de tentarmos tirar "pressão" (e consequentemente competitividade) aos atletas destas idades. É um caminho muito mais longo e talvez utópico, mas parece-me o caminho mais correcto.

O Francisco fala e muito bem na questão dos modelos competitivos. Ao exemplo que ele deu eu junto o das equipas de Juvenis e Iniciados que não se apuram para a 2ª Fase. A competição destes atletas resume-se a 22 jogos, de Agosto/Setembro até Fevereiro, e depois ficam parados até à Prova Extra da sua Associação Distrital (sendo que algumas Associações nem têm estas provas). Mas isto faz algum sentido? A verdade é que a nossa Federação está acomodada, não evoluiu e está enterrada num imenso comodismo onde a preocupação pela formação do jovem atleta é nula. Que tipo de debate promove a FPF em termos de futebol de formação? Eventos, congressos, workshops... já alguma vez a FPF realizou alguma iniciativa do género sobre o futebol de formação? Que apoio/acompanhamento recebem os treinadores que pagam (e muito bem) pelos cursos tirados através da FPF nas respectivas Associações?

Há muito para fazer pelo futebol de formação e algumas coisas nem dão assim tanto trabalho, mas essas coisas implicam discussão, troca de ideias, dinâmica, capacidade de inovar, e para isso a FPF não parece estar muito interessada. Vão continuar a defender que as nossas selecções jovens estão fracas porque há muitos estrangeiros, sempre serve para sacudir a água do capote.
 

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É uma entrevista boa, mas que não trás nada de novo. É até uma entrevista meio artificial porque muitos do pontos aflorados não eram postos em prática pelo 5por7ing calimero quando o senhor lá estava. Agora que saiu, parece ter havido uma assimilação de ideias, algumas das quais já passadas por este fórum. Quanto à personagem, tenho o PMH um homem aparentemente competente, mas demasiadamente teórico. Muito gabinete, muita tribuna, muita feira de vaidade, pouco sol e pouca chuva.
Vou passar a entrevista ponto por ponto:

1) Ausência de modelo de transição entre o futebol jovem e futebol profissional - Já muitas vezes referido no fórum, os quadros competitivos estão desajustados à necessidade competitiva que se exige no futebol sénior. Deu-se um primeiro passo nos juniores que é manifestamente insuficiente. É preciso qualificar e tornar mais exigentes os quadros competitivos, não só nos juniores, mas até aos iniciados. Acabar com esta quadro de "fases" e passar a um campeonato nacional único e competitivo. Duas segundas divisões (Norte e Sul) e acaba-se com o CRIME de equipas acabarem de competir em Fevereiro em juniores, juvenis e iniciados.
Não esquecer que na base do problema da transição para o futebol sénior está um problema de exigência física. A vasta maioria dos juniores de último ano não estão preparados para aguentar 90 mins de futebol sénior ao nível de primeira liga.
2) Campo de recrutamento reduzido - Uma das falácias que mais oiço nos últimos tempos. O mercado não é reduzido a prospecção é que é reduzida e tacanha. Basta ver o número de jogadores que são internacionais A que NUNCA passaram pelos escalões de formação dos grandes clubes e/ou nunca passaram pelas selecções jovens. E são só a ponta do icebergue. Os clubes não têm uma política de aposta ou de teste. Os escalões de formação estão fechados em centros de estágio e tornaram-se quase herméticos. A prospecção procura o talento imediato que se evidencia pela velocidade ou pela capacidade física entre os seus pares e não pelo talento, pelo potencial de crescimento ou capacidade de adaptabilidade a novas posições em campo.
3) Equipas B - Concordo em absoluto. Equipas B sem reduzir plantel na equipa A não faz sentido. Equipa B para mandar para lá Pandurus de castigo não faz sentido. Equipas B sem aumentar a exigência em pirâmide pelos escalões secundários não faz sentido. Ter uma equipa júnior extensa, com jogadores impreparados fisicamente para afrontar uma competição profissional e, muitas vezes, sem talento suficiente para jogarem em competições profissionais é dar má matéria prima à equipa B e diminuir o projecto. A "peneira" tem que ser mais apertada e mais exigente. E tem que doer logo após os iniciados.
Acrescento que uma equipa B, embora já sendo uma equipa (ou escalão) competitiva e não formativa, tem que ser um espaço aberto. Chamar jogadores à experiência, a teste, não só na pré-época, mas ao longo do ano, dos nossos campeonatos e de fora.

 

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4) Novos escalões (s-17, s-15, etc) - DISCORDÂNCIA ABSOLUTA. É uma matéria que interessa a uma mão cheia de clubes. TODOS os outros (que é preciso defender, pois são a base formativa em Portugal) 3 equipas (Juniores, juvenis e iniciados) já é um esforço financeiro tremendo. Dobrar a exigência é rebentar com os clubes e diminuir o nível formativo. É uma proposta ABSURDA. Diminui o nível formativo porque é útil que existam s-17 a jogarem com s-18 nos juniores e s-15 a jogarem com s-16 nos juvenis. A ESMAGADORA maioria dos clubes tem um base de recrutamento, quanto muito, regional, portanto, cabe aos treinadores escolherem os melhores desse biénio, o que só promove o nível formativo. Para clubes com base de recrutamento mais abrangente (que não passam de uma mão cheia!) uma solução como o Dragon Force e Padroense resolve imediatamente o problema. Não é necessário suavizar nada, pelo contrário, é necessário é promover a exigência. Puxar os melhores para escalões a acima, promover o aperfeiçoamento, diminuir quantitativamente e aumentar qualitativamente.
O projecto Dragon Force num clube como o FC Porto (embora a prospecção nacional ainda tenha muito que melhorar) faz sentido. Faz sentido ter  duas equipas CURTAS no mesmo escalão. Equipas que permitam a passagem de elementos entre si consoante a evolução. Aliás, o projecto Dragon Force já deveria ter sido alargado aos juvenis e é um dos projectos no sector da formação do FC Porto que mais me entusiasmam. Só tenho pena é do raio do nome, o anglicismo é escusado e só tenho pena que o projecto não tenha um nome mais consonante com o espaço histórico que ocupa (assim como o seu símbolo e equipamento). Detalhes... :)

5) Idades falsas - Não deixa de ser curioso ver tão eloquente falante, sobretudo quando sob a sua regência o 5por7ing calimero se encheu de "onças". Laguns que já saíram e muitos que ainda lá andam. Adiante...
Está bem informado sobre o rigor do teste. É mais preditivo que confirmativo. Embora tenha errado que os 19 anos seja o limite. De qualquer das formas, o que ressalta daqui é que os clubes SABEM e que QUEREM. Querem porque há quem ganhe com isso e porque dá jeito para ganhar uns torneios.

6) Jogador estrangeiro - Obviamente sim, quando é uma clara MAIS VALIA CLARA e um talento que se projecta para a equipa principal. Tudo o que cai fora disto (e é muito) é um erro crasso. Os custos envolvidos, sobretudo dentro do contexto financeiro do futebol de formação exigem que esses jogadores sejam, caso contratados, de uma valia inquestionável.
A FIFA e a FPF nunca na vida irão controlar nada. Isso é música para boi dormir. Não tem nem capacidade logística nem capacidade legislativa para tal.
 

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7) Treinadores da formação - É algo sobre o qual já aqui escrevi muita vezes. Isto não é feudo para ex-jogadores (nada contra se provarem competência), nem é pasto para teóricos saídos da faculdade. Um treinador de formação de excelência, mede-se por resultados. Tal qual um treinador de futebol profissional. Os resultados é que não são só meramente desportivos (embora estes também contem! Atenção!). A evolução dos jogadores é decisiva. Um treinador que perceba que um determinado rapaz não tem futuro a extremo, mas que pode dar um excelente lateral....e que tenha razão, vale ouro. Um treinador que coloque um PdL a perceber que uma recepção orientada vale 6 vezes mais que uma recepção simples seguida de um bom drible...vale ouro. É neste detalhe que está a verdadeira diferença. Ensinar a arte. Os truques de chegar lá mais rápido, mais seguro e mais eficaz.
É por isso que eu acho que ter bons treinadores de FORMAÇÃO é decisivo no projecto. E devem ser pagos e respeitados pelos méritos que têm. Não é uma arte fácil e não é para qualquer um.

8) Futebol de iniciação - Já aqui o defendi, tudo deve ter uma diminuição de escala. Para infantis (com excepção do último ano), escolas e benjamins acho que o campo deve ser reduzido, as balizas também, o número de jogadores (sobretudo nos escalões etários menores), tempo de jogo e até o diâmetro da bola! Defendo que os treinos devem ser "livres", no sentido de mimetizar ao máximo o "futebol de rua", para que os miúdos sejam livres de explorar o jogo e as suas capacidades. Devem ser pouco mais que "peladinhas" orientadas. O treinador corrige aspectos maiores e orienta um treino livre. Concordo que só faz sentido haver torneios curtos de 15 em 15 dias para escalões mais baixos (escolinhas e afins) e com substituições livres (tipo futsal), mas para infantis já acho que uma competição distrital durante o ano faz todo o sentido e com um número alargado de substituições.
Quanto ao árbitro, acho que é uma questão cultural. Joguei rugby e via que nos escalões de iniciação (que não frequentei), menino que ousasse fazer birra perante um árbitro (justa ou injustamente) saía IMEDIATAMENTE, não jogava no próximo jogo e era até apontado pelos próprios colegas. Excessivo? Talvez, mas resultava. E o respeito pelo árbitro é um dos pilares do jogo.
Acho que a figura de árbitro é excessiva em torneios rápidos de escolinhas, mas já acho útil serem introduzidos a nível de competição distrital.

9) Pais - É umas das partes mais difíceis do problema. Não estão na abrangência do clube, mas não podem ser excluídos, como é óbvio. Acho que um regulamento claro e rígido e reuniões periódicas com os pais podem atenuar o problema. Mas serão sempre um dos principais focos de desestabilizarão.
 

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"É por isso que vemos jovens que se destacam nas camadas jovens e depois se eclipsam?

Não digo sempre, mas algumas vezes isso deve-se a esse desfasamento entre a idade cronológica e a idade biológica. Também é preciso ter alguma atenção, embora não haja método nenhum para determinar a idade exacta. Até aos 16/17 anos, ainda se consegue dizer onde está a idade motricional do atleta."
 

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A propósito deste tema muito bem introduzido pelo ESQUERDINHA vimos neste fim-de-semana os nossos sub-15 a ganharem por 14-0 um jogo para o campeonato nacional (!). Este, na minha opinião, é que é o grande problema da formação - a falta de competividade motivada pelo figurino dos campeonatos jovens. Quantos mais "esmagamentos" temos de assistir para mudarem os modelos competitivos?
 

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Estas goleadas mostram-nos vários erros. Em primeiro lugar o que o Francisco refere e muito bem, a questão dos quadros competitivos. Mas o clube goleado, neste caso o Famalicão mas pode ser qualquer outro dentro das mesmas condições, tem responsabilidade. Não sei como funciona o departamento de futebol juvenil do Famalicão nem sei qual é o nível de aposta na sua formação, mas estamos a falar de uma zona com alguma população, não estamos a falar de um clube de "nenhures", com uma população jovem de meia dúzia. Não acredito que com um forte trabalho de prospecção e uma aposta efectiva nos seus escalões de iniciação não tivessem conseguido formar uma equipa que, pelo menos, não fosse "esmagada" desta forma. Isto mostra que a promoção para esta divisão foi um acaso e não fruto de um trabalho estruturado.

Sei bem que há clubes de algumas localidades onde é realmente difícil arranjar matéria-prima de qualidade dado o número reduzido de habitantes, e muitas vezes graças a "gerações espontâneas" esses clubes conseguem subir aos nacionais, servindo de bombo da festa nesse ano, mas não vejo o Famalicão como um desses casos. E quem diz o Famalicão diz mais uma mão cheia de clubes que nos últimos anos têm feito a mesma figura nos Nacionais.
 

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Guto, nem mencionei o Famalicão porque ontem foram eles "esmagados" amanhã é outro qualquer que lá apareça. Sem dúvida que tens toda a razão em questionar como é possível uma equipa entre Porto e Braga apresentar uma equipa com jovens que estão a 3/4 anos de poderem serem profissionais e perder por 14. Com todo o respeito por Freixo-de-Espada-a-Cinta, uma equipa desta região ou doutra que os nossos governantes colocaram isoladas, não aceitava mas entendia um resultado assim tão desnivelado.
 

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Artigo sobre o James de hoje no Ojogo:

"Sempre foi precoce, sempre andou à frente dos outros, mas teve de suar. Saía do campo e ia para o ginásio, porque era muito magrinho e baixinho, precisou de ganhar peso e altura para aguentar outro nível".


Enquanto por cá não se fizer o mesmo É PERDER TEMPO! Esta é a base da formação em qualquer clube. E um vergonha para nós.
 

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... pois mas aos 18, 19 eles saem do clube já não deve dar muito tempo para encher, se calhar isso será mais fácil de fazer em idades menores com um jogador que compense essa massa muscular com alguma altura, mas o perfil tipico do jogador português é um de um atleta virtuoso mas baixo talvez o problema seja esse, outra coisa que a posterior integração numa equipa B pode ajudar ...