Tópico iniciado pelo nosso colega Esquerdinha, e que não tinha sido migrado pelo processo de migração. Contamos com muitos contributos novos neste espectacular tópico.
Pedro Mil-Homens, que esteve dez anos à frente da Academia do Sporting, defende que a Federação Portuguesa de Futebol deve elaborar um plano para desenvolver o futebol jovem.
Em entrevista ao PÚBLICO, este professor de treino desportivo na Faculdade de Motricidade Humana defende o regresso das equipas B, a alteração dos quadros competitivos para os mais jovens e uma formação de treinadores que seja mais focada no futebol juvenil. E alerta também para a necessidade de os pais serem educados e de nos escalões mais baixos a modalidade ser vista como uma festa.
PÚBLICO: Portugal tem um dos melhores jogadores do mundo, continua a colocar futebolistas nas melhores ligas e foi vice-campeão mundial sub-20. Mas, por outro lado, olhamos para os plantéis dos clubes e vemos cada vez menos espaço para os jovens portugueses. Para si, qual é o ponto da situação da formação em Portugal?
PEDRO MIL-HOMENS:O nosso maior desafio na formação de futebolistas jovens é a ausência de um modelo de transição entre o futebol jovem e o chamado futebol profissional.
Qual a consequência dessa ausência de um modelo de transição?
A ausência de um modelo conduz à ausência de prontidão competitiva. Não temos esses jovens preparados, também porque o que está a montante, antes dos sub-19, é pouco exigente. As competições são pouco homogéneas, o critério de agrupamento de equipas é meramente geográfico. E voltando à questão inicial, num contexto como este, as excepções confirmam a regra. Jogadores que são excepcionalmente dotados, que singraram numa equipa sénior aos 16 ou 17 anos, como Cristiano Ronaldo, não têm problemas. Mas essa não é a regra, é a excepção.
Isso quer dizer que a formação em Portugal não é boa? Que esses jogadores excepcionais tiveram sucesso por causa do talento próprio e não das condições que lhes foram dadas na formação?
Não. Temos de olhar para a nossa dimensão, com um campo de recrutamento reduzido. Há um número considerável de treinadores portugueses que trabalham no estrangeiro. O trabalho que é feito não é de, forma alguma, mau. Mas temos assistido nos últimos anos a dificuldades, que são naturais com a maior abertura à circulação de jogadores. Deveríamos ter prevenido os efeitos da lei Bosman, porque as políticas de quem tem de regular não têm de ser coincidentes, com as políticas do clube A, B ou C. Os clubes não têm de resolver os problemas globais do futebol português, nem das selecções, nem dos jogadores jovens. Obviamente que têm preocupações dessa natureza, mas tem de haver uma ideia condutora do que vamos fazer.
Conhece alguma ideia?
Eu não. Nos últimos anos, nomeadamente na Federação Portuguesa de Futebol, a gestão desportiva tem estado muito centrada no calendário da selecção A, que é naturalmente uma bandeira importantíssima, mas não pode ser a única preocupação.
Resto da entrevista em:
ttp://desporto.publico.pt/noticia.aspx?id=1510448
Pedro Mil-Homens, que esteve dez anos à frente da Academia do Sporting, defende que a Federação Portuguesa de Futebol deve elaborar um plano para desenvolver o futebol jovem.
Em entrevista ao PÚBLICO, este professor de treino desportivo na Faculdade de Motricidade Humana defende o regresso das equipas B, a alteração dos quadros competitivos para os mais jovens e uma formação de treinadores que seja mais focada no futebol juvenil. E alerta também para a necessidade de os pais serem educados e de nos escalões mais baixos a modalidade ser vista como uma festa.
PÚBLICO: Portugal tem um dos melhores jogadores do mundo, continua a colocar futebolistas nas melhores ligas e foi vice-campeão mundial sub-20. Mas, por outro lado, olhamos para os plantéis dos clubes e vemos cada vez menos espaço para os jovens portugueses. Para si, qual é o ponto da situação da formação em Portugal?
PEDRO MIL-HOMENS:O nosso maior desafio na formação de futebolistas jovens é a ausência de um modelo de transição entre o futebol jovem e o chamado futebol profissional.
Qual a consequência dessa ausência de um modelo de transição?
A ausência de um modelo conduz à ausência de prontidão competitiva. Não temos esses jovens preparados, também porque o que está a montante, antes dos sub-19, é pouco exigente. As competições são pouco homogéneas, o critério de agrupamento de equipas é meramente geográfico. E voltando à questão inicial, num contexto como este, as excepções confirmam a regra. Jogadores que são excepcionalmente dotados, que singraram numa equipa sénior aos 16 ou 17 anos, como Cristiano Ronaldo, não têm problemas. Mas essa não é a regra, é a excepção.
Isso quer dizer que a formação em Portugal não é boa? Que esses jogadores excepcionais tiveram sucesso por causa do talento próprio e não das condições que lhes foram dadas na formação?
Não. Temos de olhar para a nossa dimensão, com um campo de recrutamento reduzido. Há um número considerável de treinadores portugueses que trabalham no estrangeiro. O trabalho que é feito não é de, forma alguma, mau. Mas temos assistido nos últimos anos a dificuldades, que são naturais com a maior abertura à circulação de jogadores. Deveríamos ter prevenido os efeitos da lei Bosman, porque as políticas de quem tem de regular não têm de ser coincidentes, com as políticas do clube A, B ou C. Os clubes não têm de resolver os problemas globais do futebol português, nem das selecções, nem dos jogadores jovens. Obviamente que têm preocupações dessa natureza, mas tem de haver uma ideia condutora do que vamos fazer.
Conhece alguma ideia?
Eu não. Nos últimos anos, nomeadamente na Federação Portuguesa de Futebol, a gestão desportiva tem estado muito centrada no calendário da selecção A, que é naturalmente uma bandeira importantíssima, mas não pode ser a única preocupação.
Resto da entrevista em:
ttp://desporto.publico.pt/noticia.aspx?id=1510448