O interesse nacional, para mim, é, em tempos difíceis os partidos se unirem para sair deles. Acho que o Rio não esteve mal nesse aspeto. Mas claro que todas as políticas partidárias e ideológicas têm um limite de tolerância no outro espetro político. O caminho de Costa não é fácil...mas o de Passos foi ainda mais penoso. Mede a contestação das oposições que ambos tiveram.
Não queria chegar ao ponto de exemplos isolados, mas tu achas que que num governo de direita, os combustíveis estarem como estão iam passar impunes sem grandes manifestações convocadas pelas esquerdas ? Achas que o impacto da morte do ucraniano as mãos de agentes do SEF iam ter o mesmo impacto num governo de Passos que o que tiveram no de Costa ? Gostava que refletisses sobre estes dois só exemplos. A esquerda é muito mais militante, até mais fanática, e mobilizadora. Aparenta que há medidas que se vierem de governos de esquerda são aceitáveis, porque é a única solução, mas se forem de direita , são os fachos a roubar os pobres.
Então mas... se a direita não mobiliza pessoas suficientes, será responsabilidade da própria direita. Os seus partidos têm de fazer política para o país que há. Não há grande volta a dar. A contestação é o que é, tem que ver com as características sociais, culturais, ... do país. Não devemos esperar simetria ou igualdade acerca dos interesses e dos temas que trazem as pessoas para a rua. Tão pouco nos temas e interesses que movem as organizações sociais. Bom... e nem sempre a mobilização, ou ocupação do espaço mediático, ou... se traduz directamente em resultados eleitorais. Em Lisboa há uma maioria de votos de esquerda e um presidente de câmara do PSD... o desinteresse afecta simpatizantes de vários quadrantes, apesar dos muitos factores que influenciam o fenómeno. Se as políticas de esquerda são mais populares e as suas medidas menos contestadas (pelo menos neste período mais recente)... a direita não deve culpar o país que tem, deve apresentar medidas que lhe permitam conquistar popularidade.
A direita, a meu ver, comete um erro crasso ao permitir que os partidos de esquerda se afirmem como guardiões de um largo conjunto de temas sociais. Das questões da igualdade de género à pobreza, do racismo ao ambientalismo... a esquerda tem discurso para essas questões, estando a direita ausente. Por opção própria. ... mas cada um saberá de si. Se os partidos desejam escapar a uma certa imagem, têm de fazer por isso.
A polarização existe em ambos os lados. "Os fachos a roubar os pobres" encontra equivalente no estado a alimentar os preguiçosos, os funcionários públicos, os ciganos, etc. etc. etc.; na nova tendência de usar a palavra socialismo como algo tenebroso (quão estúpido será isto?, num país em que o partido mais votado é justamente o socialista... ), de se falar na venezuelização do país e patetices do género... mas essas coisas dificilmente cativam a generalidade das pessoas.