A decência implica discutir a mensageira e nao o mensageiro. um acidente de carro, culposo ou nao, é irrelevante para a analise de um debate.
É claro que é relevante, o Pedro Delgado Alves é deputado do PS, é um representante da nação, logo a sua vida tem de ser escrutinada como a de qualquer político e se ele acusa os outros de serem porcos, tem que ter moral para o fazer. Ele tem razão no que diz e na forma como analisou o debate, não tem é moral para o fazer, por situações como as que estão relatadas na notícia e pela incapacidade em escrutinar devidamente a actuação do seu próprio partido e a forma como o seu partido também contribuiu para o crescimento do Chega.
Não pode existir nada que separe a vida política, da vida profissional, da "vida privada", etc. Todos sabemos o que é o André Ventura, alguém que não tem qualquer tipo de problema em mentir, em usar tácticas rasteiras, um oportunista, alguém a soldo de interesses radicais, mas o que ainda muita gente não percebeu é que estes fenómenos como o de André Ventura, Trump, Bolsonaro, Salvini, salvo as diferenças que existem, não apareceram por acaso. Apareceram porque quem governa deixou um vazio político, porque quem governa tem governado a favor de interesses elitistas e não da classe que mais necessita.
Um porco é um porco, mas um porco fazer-se passar por santo e acusar o outro de ser porco, não é muito melhor, nem tão pouco é a forma de combater o surgimento de fenómenos como o Chega. Se calhar, se em vez de termos uma classe política que está constantemente a mentir, que usa e abusa do chavão do estado social, mas não o pratica e se esquece das classes trabalhadoras, o Chega não teria crescido como cresceu.
Faz-me lembrar quando António Costa foi apanhado na promiscuidade com o Benfica e disse que a sua vida privada não tinha nada a ver com a vida política, mas tem, as duas confundem-se, da mesma forma que toda a gente, e muito bem, pediu responsabilidades a Trump pelos 750 dolares pagos em impostos.