Esta época de certa forma também é, não tanto, mas também é uma época atípica e de guerra.
Mas a maior humilhação que senti ao vivo, em casa, perante o Benfica, foi em 1982/83, na primeira época de Pinto da Costa como presidente.
Muito mais do que a humilhação de Domingo, embora a de 1983 tenha sido só por 1-0.
O jogo do campeonato, nas Antas, até ficou 0-0, mas a final da Taça de Portugal, outro FC Porto - Benfica, também foi nas Antas.
Grande polémica, o Benfica recusou-se a jogar nas Antas e o FC Porto, muito bem Pinto da Costa!, a recusar-se a jogar noutro estádio que não aquele que estava marcado previamente.
O jogo só se realizou em finais de Agosto da época seguinte. Nas Antas. E depois de toda a guerra que muito justamente o FC Porto enfrentou, aconteceu o pior. Eles vieram cá ganhar a Taça com um golo do Carlos Manuel de fora da área.
Foi o último jogo que o meu pai viu.
A guerra que então o FC Porto moveu ao Benfica foi a mesma que eu movi ao meu pai, que não queria ir ver o jogo porque o bilhete era muito caro - o mais barato era no peão e custava 750 escudos.
Tanto lhe fodi a cabeça durante a semana que ele acabou por comprar os bilhetes. Mas avisou-me que estava a gastar tanto dinheiro que nunca mais ia ver o FC Porto no resto da época.
Perdemos e nunca mais voltou ao estádio. Ainda viveu mais 33 anos. Saudades do meu pai, que pegava em mim e passava-me por cima dos torniquetes...
Passei a ir sozinho e fiz-me membro dos Dragões Azuis.
Tudo isto para dizer que, para mim, essa derrota de 1983 foi mais humilhante do que a de Domingo. O contexto era totalmente diferente. Estávamos a tentar assumir-nos e foi um golpe profundo.
Mas o futuro desse passado valeu tanto a pena! Espero que o futuro deste presente também.