Recuso perder-me na insípida e pérfida tentativa de comparar Maradona com outros astros do Futebol mundial.
Tão-pouco vou relevar os méritos desportivos dele na elevação do Nápoles e de toda uma geração de futebolistas Argentina.
Não sublinharei sequer o quanto ele poderia ter sido melhor não fossem as vicissitudes da era em que nasceu para o futebol e das tentações a que sucumbiu fruto da sua natureza humana.
Isto porque Maradona estava para o futebol como Picasso para a pintura, Mozart para a música clássica ou Kubrick para o cinema, por exemplo.
Não bastante, Maradona foi (como custa puxar do passado, o pretérito perfeito...) dono de um carisma inigualável, pela forma como apelava à emoção, à raça e ao amor puro pelo futebol
Muito porque na sua imperfeição enquanto ser humano, o povo via nele a perfeição de um Génio ímpar, ícone máximo que atravessa gerações que nem o mais céptico dos críticos conseguiria negar, tais foram os rasgos de talento puro exibidos de cada vez que entrava em campo.
Fora dele foi apaixonante, arrebatador até mesmo quando pela sua simplicidade incorporava aquele estilo "bad-boy" tão particular, que apenas conheceu paralelo na generosidade para com o seu povo: as pessoas mais carenciadas que sentem nele uma identificação especial que encarna o sonho de menino presente em cada criança desfavorecida.
No mundo do futebol, será sempre o ícone dos ícones, o expoente máximo que não encontra explicação na mera performance desportiva de excelência, e isso suplanta desmesuradamente os 10 títulos que avolumou ao longo da sua carreira, numa era onde não havia redes sociais e as transmissões televisivas tinham cobertura e qualidade muito limitadas...
Não dá para comparar.
Não dá.
Maradona é incomparável.
Obrigado por tudo Diego.. hasta siempre!