O desastre deste país chama-se António Costa e o país vai ficar ingovernável por culpa dele.
Quanto a mim, uma vez que escrevo aqui pouco vou assumir-me: não vejo a política como futebol e embora esteja na direita/centro-direita posso perfeitamente votar num partido de centro-esquerda se assim o considerar melhor para Portugal.
Portugal com uma democracia que sempre teve muitos problemas foi-se aguentando com um equilíbrio PS-PSD-CDS. Não era o melhor, era um bafio de corrupção, interesses obscuros, etc, mas mesmo assim era muito melhor do que o equilíbrio ou ausência de equilíbrio de agora. Pelo menos tínhamos a garantia de gente com ideais fanáticos e seres absolutamente patéticos não chegavam ao poder.
António Costa com a sua sede de poder decidiu mudar isso tudo em 2015. Como sujeito que nunca fez mais nada na vida a não ser política partidária percebeu que a única forma de salvar essa carreira seria aliar-se a gente pouco recomendável (Bloco e PCP) e que embora deva evidentemente ter o seu espaço na democracia com as suas reivindicações perfeitamente legítimas não serve, nem nunca vai servir para governar. O resultado é este e toda a gente sabia que era assim que isto ia acabar.
A porta ficou aberta para coligações manhosas, com partidos bizarros e o que vai acontecer é que provavelmente PSD vai formar bloco com um dos partidos mais sinistros da história da democracia (Chega) para conseguir ser governo. Sim, eu sei que o discurso do Rangel é um discurso bonito, mas eu não confio nas palavras de políticos e gostava que ele explicasse como vai formar um governo de direita deixando de lado a votação estrondosa que o Chega vai ter.
O problema de Portugal e o que nos fez chegar aqui não é esquerda-direita. O problema chama-se juventudes partidárias. Deixaram que essas agremiações formassem a classe política na sua totalidade. Dantes (anos 80/90) tínhamos políticos a sério no Parlamento. Podíamos não concordar com a visão, mas eram sujeitos com grande capacidade intelectual. Passar de Freitas do Amaral, Cunhal, Mário Soares, Figueiredo Dias, Cavaco Silva, Mário Soares, Pintasilgo, Eanes para isto que temos agora é assustador. Agora o que têm é um conjunto de miseráveis que tomaram conta da democracia, gente essa que não fez nada na vida a não ser jotas, associações de estudantes e muitos deles nem acreditam na política que defendem ou dizem defender, pois estão lá apenas por questões familiares, de padrinhos, cunhas, sabendo que se não fosse a política não tinham para onde ir.
A democracia portuguesa vai entrar num ciclo de instabilidade e com estes novos atores não sei sinceramente para onde a mesma vai parar. E volto a dizer, por muito que não gostem de ouvir, o culpado chama-se António Costa que destrui o equilíbrio entre partidos moderados até então existente e abriu portas a partidos radicais, repletos de agentes obscuras e nunca irão pensar no interesse nacional.
Eu normalmente até nem gosto muito de comentar política. Se mesmo no futebol, nós aqui que somos todos do mesmo clube temos visões completamente opostas, na política então é uma desgraça. Sobretudo quando se fazem sondagem sobre a orientação política e BE e Liberais são as forças dominantes aqui do fórum.
Considero-me uma pessoa de centro esquerda, apesar de já ter votado de candidatos mais à direita até ao Partido Comunista (não sou defensor das ideias comunistas mas reconheço o trabalho deles ao nível local, olhem por exemplo para Matosinhos).
Não vou negar a sede de poder do Costa, mas também reconheço que mesmo antes de chegar a Primeiro Ministro já tinha feito um trabalho meritório na Câmara de Lisboa. É preciso lembrar o estado calamitoso em que a Câmara de Lisboa se encontrava e o Costa teve muito mérito na reversão da situação, pese embora tenha também beneficiado muito com a venda dos terrenos da Portela por parte do governo da altura.
A coligação que ficou conhecida como "Geringonça" só foi possível porque tanto o PC como o BE (que nunca mostraram essa abertura) perceberam que era urgente acabar de vez com o desgoverno do Paços Coelho. Eu não vou dizer que é ele o culpado da vinda da Troika, mas ele foi eleito com um mandato bastante claro. Todos os portugueses que nele votaram (posso dizer que na altura votei em branco pois percebi que não tinhamos ninguém preparado para a situação) tinham perfeita consciência queiam levar com medidas bastante dificeis. E estavam dispostos a isso. Repara que nos primeiros dois anos a contestação ao governo dele foi bastante reduzida. O que os portugueses esperavam dele é que pusesse a casa em ordem e preparasse um próximo ciclo de crescimento pós troika.
Todos sabiam que isso não seria possível através de investimento público, era portanto necessário tomar as medidas extra orçamentais necessárias: abolir as centenas de entidades públicas com funções sobrepostas ou esvaziadas de funções, tomar medidas de simplificação fiscal e administrativa que ajudassem na atração de investimento privado... E pese embora alguns contratempos que não são da sua responsabilidade (como aquela decisão aberrante do Tribunal Constitucional do corte do subsídio de férias dos funcionários públicos), a verdade é que tudo o resto foi no mínimo uma anedota. Desde ministros das finanças que não sabiam fazer contas (a quantidade de orçamentos retificativos bateu recordes), ministros da economia que achavam que os problemas do país se resolviam abrindo um franchising de pasteis de nata (aliás, esse senhor foi contratado porque mandava umas bocas num jornal, não tinha qualquer competência para ocupar o cargo)... Mas para mim, o mais grave de tudo é teres um Primeiro-Ministro que perante a geração mais bem preparada do país, aquela em que mais dinheiro se investiu, dada a sua incapacidade para resolver os problemas simplesmente os mandou imigrar. Agora temos jovens altamente qualificados que abandonaram o país (eu conheço pelo menos 3 ou 4 casos) e que estão a trabalhar por essa Europa fora, a casar, a constituir família... pelo que é muito pouco provável que um dia regressem.
E nesse aspecto, a principal diferença entre o Costa e o Paços (para além da qualidade de alguns ministros) foi o discurso. Um com discurso positivo (é preciso reforçar o poder de compra das famílias e voltar a crescer) e outro negativo (vem aí o diabo). De tal forma, que nas legislativas 2015, os partidos da geringonça alcançam 122 deputados e nas de 2019 sobem para 139 o que claramente demonstra que as pessoas na generalidade aprovaram essa solução governativa.
Não foi por aqui que apareceu um Partido como o Chega. Se na Itália ou na Grécia foi por falta de soluções governativas que surgiram este tipo de partidos, ou por uma descrença total no sistema vigente, aqui a responsabilidade do Chega tem apenas um nome: Rui Rio. Tenho a certeza que no PSD do Marques Mendes, no momento do primeiro discurso xenofobo do Ventura, o PSD tinha retirado o apoio e apresentado uma candidatura alternativa. Da mesma forma que tenho a certeza que com Marques Mendes à frente do partido, jamais o PSD apresentaria uma Susana Garcia a concorrer sequer à junta mais escondida de Portugal. E depois tiveste o aproveitamento da CMTV (que só está bem quando esta merda está toda a arder) que viu no discurso incendiário do Ventura e na ligação ao benfica o veículo ideal para ganhar audiência. E se é verdade que muitos benfiquistas ficaram revoltados com o aproveitamento que ele fez da imagem do benfica para ganhar votos, muitos mais idiotas votaram nele porque era benfiquista (aliás, falando com apoiantes do Chega rapidamente nos apercebemos que existe uma ligação inversa entre o apoio ao Chega e o quoeficiente de inteligência: quanto mais alto o primeiro, mais baixo o segundo). Da mesma forma que não acredito que Marques Mendes apoiasse aquela coligação nos Açores
Eu odeio o papel que o Marques Mendes faz enquanto comentador político (principalmente no anterior governo onde era uma espécie de porta-voz e andava a anunciar as medidas antes do governo) mas tenho muito respeito por ele não ter apoiado candidatos suspeitos/acusados de corrupção, mesmo com isso tendo perdido votos.
E é que, pese embora consideres BE e PC gente pouco recomendável (e eu sou contra o regime comunista e contra muitas ideias do Bloco), a verdade é que nunca vi grupos criminosos e nazis a apoiarem quer um quer outro. E nunca viste nem PC nem BE em discursos contra máscaras, contra vacinas...
E deixa-me acabar só com mais um ponto. Falaste da capacidade intelectual de vários políticos do passado. E se é verdade que lhes reconheço isso, também não deixa de ser verdade que o Mário Soares e Caváco Silva fizeram a Portugal foi absolutamente criminoso. Foi sob o comando desses dois senhores que Portugal desmantelou a sua indústria, agricultura, pescas... em troca de fundos comunitários que todos sabemos em que bolsos foram parar. Se querem perceber porque motivo tivemos a Troika em 2011 no país, vejam os resultados das políticas de destruição de valor iniciadas por esses dois senhores!