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bluemonday

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  • Reinaldo Teles
  • José Maria Pedroto
Por acaso acho a pergunta do Sirmister bastante pertinente: porque é após as dez semanas a mulher perde de repente direito à autodeterminação sobre o seu corpo? Mas acho que não existe uma resposta lógica e satisfatória para esta pergunta, e portanto a conversa acaba por se tornar inútil.
Mas ela não perde. Ninguém perde direitos, apenas cedem face a outros direitos ou normas.

Apenas existe uma ponderação, no caso da IVG: a mulher pode recorrer à IVG até x tempo, prevalecendo o seu direito; a partir daí, a tutela conferida à vida intra-uterina prevalece, por várias razões. Outra forma de ver o prazo é entendê-lo como uma restrição ao direito, é uma perspetiva válida. É uma concordância prática, o direito não deixa de existir.

Tal como não deixa de existir um direito à vida só porque alguém atua em legítima defesa. Os direitos podem ceder face a outros direitos e podem mesmo sofrer restrições em certos casos (como o direito à greve, como a liberdade de expressão).
 

Dragoness

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7 Junho 2017
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  • Deco
  • André Villas-Boas
Qual é a cena do aborto?

Ser legal não obriga as pessoas a fazer abortos
E ser legal só protege, a nível de cuidados médicos especializados, as mulheres que os queiram fazer

Ilegalizar a prática não acabaria com a mesma
E só piorava as condições onde seria realizada
Absolutamente. Há coisas macabras que acontecem em sítios onde não é legal.
 
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sirmister

Tribuna Presidencial
21 Março 2008
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  • Março/22
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Eu acho é que tu não entendes, porque vês-me a falar de direito à autodeterminação corporal e pensas que é absoluto, mesmo que esteja constantemente a dizer que não há direitos absolutos.

Nem o direito à vida é absoluto, pode ceder em certas circunstâncias.

É a única interpretação que eu tenho do que escreveste, porque só vieste falar dos prazos e não percebo a incoerência naquilo que escrevi.
Eu não venho falar em nada tu é que falaste nisso no post que citei.. e há quem defenda o que escreveste nesse post.

Com os complementos que fizeste quando te perguntei mudaste tudo é só isso.. faltava informação, não era uma questão de incoerência.
 

bluemonday

Tribuna
4 Maio 2024
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  • Reinaldo Teles
  • José Maria Pedroto
Eu não venho falar em nada tu é que falaste nisso no post que citei.. e há quem defenda o que escreveste nesse post.

Com os complementos que fizeste quando te perguntei mudaste tudo é só isso.. faltava informação, não era uma questão de incoerência.
Onde mudei o que disse e onde falta informação?
 

Dagerman

Tribuna Presidencial
1 Abril 2015
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Mas ela não perde. Ninguém perde direitos, apenas cedem face a outros direitos ou normas.

Apenas existe uma ponderação, no caso da IVG: a mulher pode recorrer à IVG até x tempo, prevalecendo o seu direito; a partir daí, a tutela conferida à vida intra-uterina prevalece, por várias razões. Outra forma de ver o prazo é entendê-lo como uma restrição ao direito, é uma perspetiva válida. É uma concordância prática, o direito não deixa de existir.

Tal como não deixa de existir um direito à vida só porque alguém atua em legítima defesa. Os direitos podem ceder face a outros direitos e podem mesmo sofrer restrições em certos casos (como o direito à greve, como a liberdade de expressão).
Não perde, apenas cede, etc., acho tudo isto muito vago quando se está a falar de IVG.
Se estivermos a falar de contratos, não me causa nenhuma confusão que até ao dia x a Juventus tenha o direito de comprar o Chico Conceição por 30, mas depois do dia x só por 45. Mas não vejo com que fundamento é que o direito da mulher à autodeterminação corporal passa para segundo lugar (na prática, deixa de existir) a partir da data x. Repito: parece-me arbitrário.
E por aqui me fico em relação a este tema, porque só estamos aqui a andar às voltas.
 

Edgar Siska

Guarda Varangiana Anti- Panelas
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Ao pé da praia
  • Alfredo Quintana
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Ilegalizar a prática não acabaria com a mesma
E só piorava as condições onde seria realizada
Ia tornar o recurso ao mesmo através de uma "darkweb de abortos".
Com meios, métodos e condições proporcionais ao que é "alternativo" e a falta de direitos e assistência óbvia "olhe fez aqui habilitou-se".

Por isso é que não deve ser ilegalizado, antes obviamente possível através dos meios médicos legais, mas regulamentado.
E educar as pessoas, é sempre um primeiro passo, numa sociedade saudável e aberta.
 

MiguelDeco

Tribuna Presidencial
2 Setembro 2013
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  • Alfredo Quintana
Ia tornar o recurso ao mesmo através de uma "darkweb de abortos".
Com meios, métodos e condições proporcionais ao que é "alternativo" e a falta de direitos e assistência óbvia "olhe fez aqui habilitou-se".

Por isso é que não deve ser ilegalizado, antes obviamente possível através dos meios médicos legais, mas regulamentado.
E educar as pessoas, é sempre um primeiro passo, numa sociedade saudável e aberta.
O problema é que a sociedade atual não é saudável nem aberta.. estamos a caminhar para retrocessos que se pensavam impossíveis. Mas o povo merece porque é o povo que está a votar neste tipo de coisas. Com ignorância, mas a ignorância não desculpa tudo..
 

Edgar Siska

Guarda Varangiana Anti- Panelas
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Ao pé da praia
  • Alfredo Quintana
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O problema é que a sociedade atual não é saudável nem aberta.. estamos a caminhar para retrocessos que se pensavam impossíveis. Mas o povo merece porque é o povo que está a votar neste tipo de coisas. Com ignorância, mas a ignorância não desculpa tudo..
Existem coisas que são e devem ser compromissos em termos sociais, e existem outras coisas no mundo que são absolutos, porque existem sem dúvida absolutos, mas a maioria das coisas não o são.
O problema é que a sociedade está a voltar a ver as coisas todas em absolutos, ou pelo menos está a ser fomentada essa forma de estar.
Mesmo o que não deve ser.
 
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avr1922

Tribuna Presidencial
20 Outubro 2017
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Percebo o ponto de vista, mas seria problemático o estado recusar pagar o aborto se a mulher não está a cometer nenhuma ilegalidade. Seria entrar por um caminho ambíguo. Por esse caminho, o estado também poderia decidir que quem não tivesse cuidado com a sua saúde, fumasse dois maços de tabaco por dia ou fosse hiper-obeso deixaria de ter acesso gratuito a cuidados de saúde. Não pode ser.
Mas este tema do aborto é dos mais complexos que há, porque envolve questões jurídicas, políticas e morais. Dá pano pra mangas.
Deves ter que pagar da mesma maneira que eu pago se quiser fazer uma intervenção cirúrgica, como por exemplo uma vasectomia. Se é uma opção e não um caso de saúde o encargo deve ser do doente que pede essa intervenção.
 

avr1922

Tribuna Presidencial
20 Outubro 2017
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Isso não faz qualquer sentido. Primeiro, porque o pai não tem nenhum direito neste caso. O direito é o da mulher, de autodeterminação corporal - é ela que arca com as consequências da gravidez, não o pai. Dar um direito potestativo ao pai de determinar unilateralmente o aborto da mulher constituiria uma flagrante violação do direito à autodeterminação corporal.

Depois, a questão das obrigações de alimentos: são determinadas em função dos filhos, não da mulher.

O Estado deve pagar pela IVG porque é uma questão de saúde pública. Foi precisamente uma das razões que levaram à despenalização.
Acho que não interpretaste bem aquilo que escrevi.

Vou simplificar:

1. Mulher quer abortar por razões pessoais (não médicas, a isso chama-se IMG) pode fazê-lo mas não deve ser o estado a pagar.
2. Deve ser dado ao homem o mesmo "direito", se não quiser um filho por razões pessoais não pode ser obrigado a ter ligações legais a essa criança.
3. Em casos de desacordo a opção da mulher é a que prevalece quando ela quer fazer e pai não.
4. Em casos de desacordo em que a mulher quer ter o filho mas o homem não, deve aplicar-se o que disse no ponto 2.
 

Manageiro de futból

Tribuna Presidencial
25 Julho 2007
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Deves ter que pagar da mesma maneira que eu pago se quiser fazer uma intervenção cirúrgica, como por exemplo uma vasectomia. Se é uma opção e não um caso de saúde o encargo deve ser do doente que pede essa intervenção.
Não pagas para fazer uma vasectomia. Faz parte do SNS.