Curiosamente, pensei em juntar aos meus exemplos de comunitarismo a experiência anarquista na Espanha dos anos 30, que conheço muito bem.
Mas essa experiência surgiu numa conjuntura muito especial, se calhar única na história, e não creio que aquilo pudesse durar mesmo que os republicanos tivessem vencido a guerra. Teriam sido rapidamente esmagados pelas forças republicanas, apoiadas pelos comunistas, como aliás foram de qualquer modo.
É verdade que em momentos de crise as pessoas têm capacidade de se organizar e trabalhar em conjunto, mas só o fazem quando sabem que não podem contar com o estado. E hoje as pessoas estão demasiado passivas, demasiado habituadas a depender do estado, até porque foram condicionadas para isso.
Então, esse espírito comunitário de entreajuda só existe em países pobres, onde sabes que não vai chegar ajuda da polícia, dos bombeiros ou da protecção civil.
Um exemplo disso são os incêndios, quando eu era puto, há 40 anos, se havia um incêndio na terra, os vizinhos todos juntavam-se para o apagar, mesmo que o pinhal não fosse deles. Hoje ligam para os bombeiros e ficam a assistir ao trabalho dos profissionais.