Actualidade nacional

Regod

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21 Março 2015
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  • Alfredo Quintana
  • Reinaldo Teles

kal-el

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12 Agosto 2006
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Porto, 1982
Regod disse:
O problema é que na terra queimada vao nascer mais eucaliptos e daqui a uns anos teremos mais incendios destes.

Temos um poder centralista, incompetente, altamente corrupto. E assim vai continuar até um enorme catástofre... Até lá? nada, para o ano vai estar tudo igual, nao vai ser ali, vai ser ao lado, no algarve, no norte, etc... E as desculpas serão as mesmas. Dir-se-á tudo o que foi dito este ano e nada se vai fazer para mudar.

É o Portugal que temos e que queremos.
Por acaso tenho uns poucos hectares de floresta. A primeira coisa que fiz há 6 anos quando os comprei foi vender o eucalipto todo que estava plantado e substitui-os por castanheiros.

É muito melhor teres o solo plantado com castanheiro aos invés dos eucaliptos. E é melhor para todos, não só para o proprietário, como por exemplo para outros pessoas que tenham gado, e assim podem levar para o teu terreno o gado a pastar... ou microrrizas, também é boa solução... etc, existe conjunto de cenas que permite associações e um ecossistema fixe e cheio de vida, como sempre tivemos na floresta portuguesa até...


... a Portucel deve dominar quase 90% floresta, pelo menos aqui do Norte, que é a que conheço bem... e a Portucel domina porque o pessoal também não quer saber, ninguém se chateia com campos e montes e essas coisas rurais, os proprietários que alugam ou vendem os seus terreno para os reis da pasta do papel gerirem, querem é dinheiro na mão para ir curtir para Paris, etc... (força de expressão para caracterizar o cosmopolitismo que impera nesta jangada de pedra...)...

Mas também, verdade seja dita, nos terrenos da Portucel é impossível acontecer uma tragédia, eles têm aquilo bem organizado (pelo menos aqui no Norte)... investem a sério na prevenção, não brincam em serviço... na altura dos fogos tem equipas permanentes de 24 sapadores bombeiros contratados por si que estão de plantão prontos a intervir em toda a área de eucaliptos deles, tem helicóptero, auto-tanques, etc...)...

Mas voltando ao início que é o que interessa: espero que a malta nova, ou malta que se preocupe com gerações futuras, que me esteja a ler e acaso tenham terrenos na aldeia com eucaliptos, vossos ou de familiares, façam o mesmo que fiz nos meus. Ter castanheiros é 6 ou 7 vezes mais lucrativo do que ter eucaliptos e ainda alavancam outras atividades como nos montados de sobro, por exemplo...
 

Regod

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21 Março 2015
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  • Alfredo Quintana
  • Reinaldo Teles
kal-el disse:
Por acaso tenho uns poucos hectares de floresta. A primeira coisa que fiz há 6 anos quando os comprei foi vender o eucalipto todo que estava plantado e substitui-os por castanheiros.

É muito melhor teres o solo plantado com castanheiro aos invés dos eucaliptos. E é melhor para todos, não só para o proprietário, como por exemplo outros pessoas que tenham gado, por exemplo, podem levar lá o gado a pastar... ou microrrizas, etc, um conjunto de cenas que permite associações e um ecossistema fixe e cheio de vida, como sempre tivemos na floresta portuguesa até...


... a Portucel deve dominar quase 90% floresta, pelo menos aqui do Norte, que é a que conheço bem... e a Portucel domina porque o pessoal também não quer saber, ninguém se chateia com campos e montes e essas coisas rurais, os proprietários que alugam ou vendem os seus terreno para os reis da pasta do papel gerirem, querem é dinheiro na mão para ir curtir para Paris, etc... (força de expressão para caracterizar o cosmopolitismo que impera nesta jangada de pedra...)...

Mas também, verdade seja dita, nos terrenos da Portucel é impossível acontecer uma tragédia, eles têm aquilo bem organizado (pelo menos aqui no Norte)... investem a sério na prevenção, não brincam em serviço... na altura dos fogos tem equipas permanentes de 24 sapadores bombeiros contratados por si que estão de plantão prontos a intervir em toda a área de eucaliptos deles, tem helicóptero, auto-tanques, etc...)...

Mas voltando ao início que é o que interessa: espero que a malta nova, ou malta que se preocupe com gerações futuras, que me esteja a ler e acaso tenham terrenos na aldeia com eucaliptos, vossos ou de familiares, façam o mesmo que fiz nos meus. Ter castanheiros é 6 ou 7 vezes mais lucrativo do que ter eucaliptos e ainda alavancam outras atividades como nos montados de sobro, por exemplo...
Os eucaliptos são originários da Oceania, são um horror para a fauna europeia. A Portucel pode ter tudo controlado, mas o eucalipto, além de secar tudo à volta, também se propaga facilmente e sai dos terrenos da Portucel ou qualquer outra empresa. O eucalipto é um árvore bastante inflamável e provoca desgraças, a Califórnia começou a ter grandes problemas, a partir da importação do Eucalipto nos anos 70.

Fizeste o teu dever, o problema é que a maior parte das pessoas não faz o que tu fizeste. Depois o Estado nao quer saber e incentiva a plantar ainda mais eucaliptos.
 

kal-el

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12 Agosto 2006
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Porto, 1982
slowboy disse:
Uma tragédia... espero que isto tudo leve a uma reforma de como olhamos para as florestas, da prevenção (da propagação também) e do combate de incêndios.

Há muito trabalho para fazer e muitas das medidas a adoptar até são mais ou menos consensuais.

Não consigo perceber como é sempre a mesma coisa todos os anos e nada muda.
Isto dos incêndios costuma ser cíclico e tem o ciclo de 6 anos que é, curiosamente, o ciclo do eucalipto: ao sétimo ano de vida deixa de ter valor pegar fogo às árvores... ao 5º ano não tem valor comprares eucaliptos ardidos... logo compensa comprares eucaliptos ardidos com 6 anos...

Tivemos um grande problema com incêndios o ano passado... curiosamente, o anterior período negro foi em 2010!

Ok, tudo bem, este ano foram mesmo apanhados na curva, sequer estamos ainda na época dos fogos, mas as coisas a sério definem-se em outubro (mês do orçamento de estado) e por isso não se justifica andar tudo aos papéis...
 

kal-el

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12 Agosto 2006
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Porto, 1982
Regod disse:
Os eucaliptos são originários da Oceania, são um horror para a fauna europeia. A Portucel pode ter tudo controlado, mas o eucalipto, além de secar tudo à volta, também se propaga facilmente e sai dos terrenos da Portucel ou qualquer outra empresa. O eucalipto é um árvore bastante inflamável e provoca desgraças, a Califórnia começou a ter grandes problemas, a partir da importação do Eucalipto nos anos 70.

Fizeste o teu dever, o problema é que a maior parte das pessoas não faz o que tu fizeste. Depois o Estado nao quer saber e incentiva a plantar ainda mais eucaliptos.

Por acaso até não, por acaso os organismos oficiais do estado como o IFAP e associações locais desincentivam a plantação do eucalipto e tentam orientar o pessoal para um uso mais eficiente e autóctone do solo e da floresta.

Mesmo a União Europeia promove outro tipo de cultura através dos seus fundos que não o eucalipto.

O pessoal proprietário dos terrenos é que pura e simplesmente não quer saber: o eucaliptos quase nascem de geração espontânea, não é necessário gastar dinheiro para os plantar e mesmo se deres zero assistÊncia no seu crescimento, ainda ganhas dinheiro fácil na venda... e como crescem rápido, são dos retornos mais fáceis e imediatos que um dono de um floresta pode ter...

O eucalipto tem valor económico, acrescenta valor financeiro a muita gente, por isso vai prevalecendo apesar de todo o inferno que também implica...

Atenção que eu não estou a defender essa árvore, até te digo que o eucalipto é das poucas coisas que odeio na vida, lololol...mas é bom entender os motivos da sua já longa experiência no nosso país... pois só percebendo as suas motivações conseguiremos erradicar a praga...
 

Treinador de Bancada

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16 Março 2012
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  • André Villas-Boas
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Lixo, oportunismo jornalístico de quem chafurda na dor e na tristeza alheia para ter audiência. A TVI desceu a um nível mais baixo que o CM. Uma vergonha!
Esperava que a Judite que perdeu o filho tivesse a sensibilidade de negar fazer reportagem com um cadáver ao lado. Um cadáver que é filho, pai,irmão, mulher, mãe de alguém. É uma questão de dignidade e respeito pela vida e dor humana.Desceram muito baixo.
 

MiguelDeco

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2 Setembro 2013
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  • Alfredo Quintana
Culpados diretos podem não existir, mas culpados indiretos é o que não falta. Vêm agora muitas pessoas pedirem legislação para isto. O problema é que essa legislação já existe. Senão veja-se o art. 15 do D.L 124/006

SECÇÃO II
Defesa de pessoas e bens

  Artigo 15.º
Redes secundárias de faixas de gestão de combustível

1 - Nos espaços florestais previamente definidos nos planos municipais de defesa da floresta contra incêndios é obrigatório que a entidade responsável:
a) Pela rede viária providencie a gestão do combustível numa faixa lateral de terreno confinante numa largura não inferior a 10 m;
b) Pela rede ferroviária providencie a gestão do combustível numa faixa lateral de terreno confinante contada a partir dos carris externos numa largura não inferior a 10 m;
c) Pelas linhas de transporte e distribuição de energia eléctrica em muito alta tensão e em alta tensão providencie a gestão do combustível numa faixa correspondente à projecção vertical dos cabos condutores exteriores acrescidos de uma faixa de largura não inferior a 10 m para cada um dos lados;
d) Pelas linhas de transporte e distribuição de energia eléctrica em média tensão providencie a gestão do combustível numa faixa correspondente à projecção vertical dos cabos condutores exteriores acrescidos de uma faixa de largura não inferior a 7 m para cada um dos lados.
2 - Os proprietários, arrendatários, usufrutuários ou entidades que, a qualquer título, detenham terrenos confinantes a edificações, designadamente habitações, estaleiros, armazéns, oficinas, fábricas ou outros equipamentos, são obrigados a proceder à gestão de combustível numa faixa de 50 m à volta daquelas edificações ou instalações medida a partir da alvenaria exterior da edificação, de acordo com as normas constantes no anexo do presente decreto-lei e que dele faz parte integrante.
3 - Em caso de incumprimento do disposto nos números anteriores, a câmara municipal notifica as entidades responsáveis pelos trabalhos.
4 - Verificado o incumprimento, a câmara municipal poderá realizar os trabalhos de gestão de combustível, com a faculdade de se ressarcir, desencadeando os mecanismos necessários ao ressarcimento da despesa efectuada.
5 - Na ausência de intervenção, nos termos dos números anteriores, entre o dia 15 de Abril de cada ano e até 30 de Outubro, os proprietários ou outras entidades que detenham a qualquer título a administração de habitações, estaleiros, armazéns, oficinas, fábricas ou outros equipamentos sociais e de serviços podem substituir-se aos proprietários e outros produtores florestais, procedendo à gestão de combustível prevista no número anterior, mediante comunicação aos proprietários e, na falta de resposta em 10 dias, por aviso a afixar no local dos trabalhos, num prazo não inferior a 20 dias.
6 - Em caso de substituição, os proprietários e outros produtores florestais são obrigados a permitir o acesso dos proprietários ou gestores das edificações confinantes aos seus terrenos e a ressarci-los das despesas efectuadas com a gestão de combustível.
7 - Sempre que os materiais resultantes da acção de gestão de combustível referida no número anterior possuam valor comercial, o produto obtido dessa forma é pertença do proprietário ou produtor florestal respectivo, podendo contudo ser vendido pelo proprietário ou entidade que procedeu à gestão de combustível, retendo o correspondente valor até ao ressarcimento das despesas efectuadas.
8 - Nos aglomerados populacionais inseridos ou confinantes com espaços florestais e previamente definidos nos planos municipais de defesa da floresta contra incêndios é obrigatória a gestão de combustível numa faixa exterior de protecção de largura mínima não inferior a 100 m, podendo, face ao risco de incêndios, outra amplitude ser definida nos respectivos planos municipais de defesa da floresta contra incêndios.
9 - Compete aos proprietários, arrendatários, usufrutuários ou entidades que, a qualquer título, detenham terrenos inseridos na faixa referida no número anterior a gestão de combustível nesses terrenos.
10 - Verificando-se, até ao dia 15 de Abril de cada ano, o incumprimento referido no número anterior, compete à câmara municipal a realização dos trabalhos de gestão de combustível, com a faculdade de se ressarcir, desencadeando os mecanismos necessários ao ressarcimento da despesa efectuada, podendo, mediante protocolo, delegar esta competência na junta de freguesia.
11 - Nos parques de campismo, nas infra-estruturas e equipamentos florestais de recreio, nos parques e polígonos industriais, nas plataformas de logística e nos aterros sanitários inseridos ou confinantes com espaços florestais é obrigatória a gestão de combustível, e sua manutenção, de uma faixa envolvente com uma largura mínima não inferior a 100 m, competindo à respectiva entidade gestora ou, na sua inexistência ou não cumprimento da sua obrigação, à câmara municipal realizar os respectivos trabalhos, podendo esta, para o efeito, desencadear os mecanismos necessários ao ressarcimento da despesa efectuada.
12 - Sempre que, por força do disposto no número anterior, as superfícies a submeter a trabalhos de gestão de combustível se intersectem, são as entidades referidas naquele número que têm a responsabilidade da gestão de combustível.
13 - Os proprietários e outros produtores florestais são obrigados a facultar os necessários acessos às entidades responsáveis pelos trabalhos de gestão de combustível.
14 - A intervenção prevista no número anterior é precedida de aviso a afixar no local dos trabalhos, num prazo não inferior a 10 dias.
15 - As acções e projectos de arborização ou rearborização deverão respeitar as faixas de gestão de combustível previstas neste artigo.
16 - O disposto nos números anteriores prevalece sobre quaisquer disposições em contrário.
17 - Nas superfícies a submeter a gestão de combustível são aplicados os critérios definidos no anexo do presente decreto-lei e que dele faz parte integrante. 

O problema é que este País é excelente na criação de diplomas legais, o problema mesmo é depois aplica-los. E o segundo grande culpado é efetivamente o eucalipto. O arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles há anos que anda a avisar a praga que isto é, as suas consequências, e ninguém ouve ou pelo menos finge não ouvir. Depois acontecem coisas destas e temos estes hipócritas a dizerem que nada se muda num ano. E é verdade, mas neste país só se muda qualquer coisa quando infelizmente já tarde demais.

Ps: Esta forma de "jornalismo " da tvi é das coisas mais abjetas e nojentas que tenho memória. Que nojo de pessoas. 
 

MiguelDeco

Tribuna Presidencial
2 Setembro 2013
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  • Hulk
  • Alfredo Quintana
Para quem pediu meios aéreos para combater este incêndio devia saber que numa parede de fogo que chegou a atingir os 40 metros de altura, a água lançada por estes meios não chegaria a tocar o solo num caso dum incêndio como estes. É ridículo vir falar de meios numa ocasião como esta.

E segundo, muitos falam dos ventos, eu posso estar errado, mas pelo que ouvi o comandante dos bombeiros a falar, e alguns técnicos com quem já falei, o efeito tornado que existiu no local não aconteceu por um fenómeno natural mas sim consequência do fogo em si e da sua capacidade de criar tal energia. Mas posso estar errado.
 

Regod

Tribuna Presidencial
21 Março 2015
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MiguelDeco disse:
Para quem pediu meios aéreos para combater este incêndio devia saber que numa parede de fogo que chegou a atingir os 40 metros de altura, a água lançada por estes meios não chegaria a tocar o solo num caso dum incêndio como estes. É ridículo vir falar de meios numa ocasião como esta.

E segundo, muitos falam dos ventos, eu posso estar errado, mas pelo que ouvi o comandante dos bombeiros a falar, e alguns técnicos com quem já falei, o efeito tornado que existiu no local não aconteceu por um fenómeno natural mas sim consequência do fogo em si e da sua capacidade de criar tal energia. Mas posso estar errado.
No início tinha dado muito jeito meios aéreos. Quanto aos tornados sim o fogo se for muito forte cria fenómenos desses.
 

slowboy

Tribuna Presidencial
18 Julho 2006
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  • José Maria Pedroto
Mesmo uma coisa tão simples como usar o serviço público de televisão e rádio para informar as populações do que está a acontecer: Onde está o fogo, ventos, caminhos seguros a usar na evacuação, sitios a evitar, etc... podia ser uma boa ideia.

Em vez de emular as outras estações com reality TV, entrevistas a populares e comentários ao fogo.

Há tanta coisa que se pode fazer, mas não se faz %$"#$ nenhuma.
 

Jovetic8

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29 Maio 2012
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Coimbra
Este incêndio não podia ter sido evitado. Mas podia ter sido minimizado.

É o centralismo no seu melhor, não só na dispersão de meios mas tambem no desprezo que ha pelo interior e tudo o que não seja a querida capital do regime.

Ontem ou antes de ontem um sujeito falava na TV sobre a falta de ordenamento de território, não há caminhos para se aceder aos fogos e continuam a haver vegetação em cima das estradas. Se houvesse caminhos de acesso era mais fácil lutar contra as chamas. Se houvesse intervalo de segurança entre as estradas e a vegetação tinham-se poupado dezenas de vidas. Esta é a realidade. À anos que ouço falar disto e nunca se age.

Os politicos centralistas e inúteis dizem que agora não é altura de discutir o que se passou. Óbvio, agora é tempo de se decretar luto nacional e esconderem-se atrás da dor das pessoas para fugir à discussão do que o que levou a isto.

Infelizmente daqui a uns tempos já não se fala nisto e eles conseguiram o que queriam: empurrar o problema com a barriga e continuar a governar com a hipocrisia e desprezo de sempre.

 

Regod

Tribuna Presidencial
21 Março 2015
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  • Alfredo Quintana
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sirmister

Tribuna Presidencial
21 Março 2008
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  • Abril/19
http://expresso.sapo.pt/opiniao/2017-06-18-Porque-e-que-a-ministra-da-Administracao-Interna-se-deve-demitir

Porque é que a ministra da Administração Interna se deve demitir

18.06.2017 às 13h15
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http://expresso.sapo.pt/opiniao/2017-06-18-Porque-e-que-a-ministra-da-Administracao-Interna-se-deve-demitir
Perante a maior tragédia que aconteceu em Portugal devido aos incêndios de Verão, a pergunta que se coloca é se não há suficientes responsabilidades políticas e civis que levem a demissões. E falo concretamente e em primeiro lugar da ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa.

Nicolau Santos
NICOLAU SANTOS
Perante a maior tragédia que aconteceu em Portugal devido aos incêndios de Verão, a pergunta que se coloca é se não há suficientes responsabilidades políticas e civis que levem a demissões. E falo concretamente e em primeiro lugar da ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa.

Talvez não seja possível comparar o caso de Constança Urbano de Sousa com a do ex-ministro com o mesmo pelouro, Jorge Coelho, que perante a tragédia de Entre-os-Rios, originada pela queda da ponte local, apresentou de imediato a demissão em 5 de março de 2001, afirmando que pelo menos dessa vez a culpa não morreria solteira. Acontece que, pelo que se sabe, Coelho teria recebido algum tempo antes um relatório dos seus serviços a dizer que a ponte estava em risco iminente de ruir. Ao não reagir a esse aviso, tomando previdências para evitar o desastre, Coelho fez muitíssimo bem em demitir-se quando ele ocorreu, com a perda de 59 vidas humanas.

Curiosamente, a passagem do 15º aniversário do desastre de Entre-os-Rios foi assinalado em 4 de março de 2016. Ora no dia 1 de Março desse ano, assinalando o Dia da Proteção Civil, afirmou a atual ministra da Administração Interna: “Hoje, através da atuação da Autoridade Nacional de Proteção Civil, verificamos uma enorme evolução em termos da segurança da população e da salvaguarda do património, com melhorias significativas em termos de capacidade de resposta operacional, mas também com o necessário aprofundamento das políticas de prevenção, investindo-se no planeamento de emergência, na minimização de riscos e nos sistemas de alerta e de aviso às populações.”

Pois bem, um ano e dezassete dias após essa afirmação, o incêndio em Pedrógão Grande matou já 58 pessoas (o número tem vindo a subir, pelo que este pode não ser o balanço final) e fez 59 feridos. Segundo as primeiras indicações, a catástrofe terá sido iniciada por um raio que caiu sobre uma árvore. O mato seco e os ventos fortes fizeram com que o incêndio se espalhasse rapidamente e apanhasse cerca de 30 viaturas na Estrada Nacional 236, que faz a ligação ao Itinerário Complementar 8. Só aí foram encontradas 30 pessoas dentro das viaturas e 17 fora ou nas margens. Os outros mortos foram descobertos em ambiente rural.

Como é óbvio, Constança Urbano de Sousa não tem culpa que um raio tenha caído em cima de uma árvore, nem da força dos ventos. Também não é a ela que cabe a responsabilidade por a estrada EN 236 não ter sido cortada imediatamente, por forma a evitar a armadilha que conduziu quase 50 pessoas para a morte. Mas é dela toda a responsabilidade de ter preparado e prontos os meios terrestres e aéreos para atuar em casos como estes, por forma a limitar ao mínimo a perda de bens materiais e sobretudo humanos.

Ora sob esse ponto de vista, a tragédia de Pedrógão Grande é um absoluto desastre. E não deixa de ser curioso que seja e continue a ser o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, que esteja no local a informar regularmente o país sobre os números da tragédia e a dar outro tipo de indicações importantes para as populações e para o país, que segue o caso com emoção. Constança Urbano de Sousa só apareceu no sábado à noite, quando o Presidente da República se deslocou ao local. Debitou algumas banalidades. Mas o mais notável que fez, quando Marcelo Rebelo de Sousa se encontrava a falar aos jornalistas tendo ao seu lado Jorge Gomes, foi pedir ao seu secretário de Estado para se chegar para o lado e passar para trás para ficar ela ao lado do Presidente da República (é ver as imagens televisivas para confirmar o que escrevo).

Quando, no meio de uma tragédia destas, numa área sob a sua tutela, a ministra mostra estar preocupada é com a sua visibilidade na comunicação social ou o seu lugar na hierarquia governamental, a única hipótese que resta é a sua demissão. Pelo seu pé, para ser uma saída honrosa. Ou por decisão do primeiro-ministro, porque Constança Urbano de Sousa não merece nem dignifica o cargo que ocupa.
 

Jovetic8

Tribuna Presidencial
29 Maio 2012
8,468
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Coimbra
MiguelDeco disse:
Infelizmente é verdade. Houve muitas coisas a correr mal, sobretudo em termos de estratégia de prevenção e o Presidente tem o dever de pedir explicações ao governo, e não deixar que a poeira assente para nunca mais se falar disto.
 

dragaolux

Tribuna
10 Outubro 2016
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capasdofcporto.blogspot.com
Treinador de Bancada disse:


Lixo, oportunismo jornalístico de quem chafurda na dor e na tristeza alheia para ter audiência. A TVI desceu a um nível mais baixo que o CM. Uma vergonha!
Esperava que a Judite que perdeu o filho tivesse a sensibilidade de negar fazer reportagem com um cadáver ao lado. Um cadáver que é filho, pai,irmão, mulher, mãe de alguém. É uma questão de dignidade e respeito pela vida e dor humana.Desceram muito baixo.
http://umhomemzangado.com/2016/08/judite-sousa-incendios-madeira/
 

biancazzurro

Tribuna
14 Março 2017
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0
Uma tragédia.

Há que lamentar as vítimas mortais, dar apoio a quem cá ficou, sem os seus entes queridos e sem os seus bens.
Sem casa, sem cama, sem nada.

Há que respeitar e apoiar estas pessoas.

Havia que dignificar quem morreu, mas tinha de haver umas Judites, que representam o poder mais podre deste novo mundo.

Há um assunto muito sério para resolver sobre os incêndios, que todos os anos se repetem e multiplicam, numa clara anormalidade em que ninguém mete mão.
É importante travar um problema gravíssimo e entender porque ano após ano não é resolvido.
O problema de fundo.

Infelizmente mais uma tragédia que vira circo mediático, de exploração da dor dos outros, propaganda de solidariedade muitas vezes oportunista ou hipócrita completamente desnecessária.

Há que lamentar e apoiar quem sofreu na pele esta calamidade, fazer tudo para resolver e minorar o problema dos incêndios no futuro e parar de fazer circo com o sofrimento dos outros.

 

WarriorFCP

Tribuna Presidencial
9 Dezembro 2013
17,356
3
32
Porto
Isto não é um problema do Governo actual, é transversal a todos os governos ao longo dos anos. Todos os anos a mesma história. Este ano mais grave porque aconteceu numa altura inesperada e com a conjugação de condições atmosféricas muito particulares.

Várias coisas.

É triste o aproveitamento político que muitos estão a procurar fazer.

É triste o aproveitamento mediático por parte de várias estações televisivas. Desrespeito total para com as vítimas. Inenarrável a reportagem de ontem a Judite de Sousa, ao lado de um corpo, em cima de um reboque com um carro carbonizado e a questionar pessoas afectadas pela tragédia. Não foi só esta reportagem, foram vários os casos e a total falta de respeito para com as pessoas afectadas.

Para finalizar, há trabalho para fazer, muito trabalho depois de se acabar com o incêndio.

Estamos na Europa, em pleno século XXI e com o mesmo problema de sempre.

O trabalho fundamental é no ordenamento do território, definir que espécies devem e não devem ser plantadas, diminuir substancialmente o número de eucaliptos, plantar mais espécies resistentes a fogos, definir margens sem vegetação junto a estradas, criar condições para minimizar ao máximo este problema. APLICAR todas as medias.

Trabalhar, desenvolver e fazer cumprir Leis que obriguem os donos dos terrenos a cumprir o seu dever, no tipo de vegetação existente nos terrenos, na ordenação das espécies vegetais e no respeito para com os vizinhos. Desenvolver mecanismos de limpeza de matas.

Profissionalizar os bombeiros e criar condições para que disponham de meios suficientes e avançados no combate aos incêndios.

Prevenção 365 dias por ano. E não apenas em Julho e Agosto.

A melhor forma de homenagear as vítimas desta horrível tragédia, é garantir que não se volta a repetir e há que começar a trabalhar já e durante todo o ano.