A Política em Portugal:
Dois partidos neoliberais que dividiram o poder nos últimos 50 anos. Um que diz ser de centro-esquerda e socialista, outro que diz ser de direita e social-democrata, quando na realidade não existe nem nunca existiu socialismo em Portugal, nem existe, nem nunca existiu social-democracia em Portugal. Nem sequer a Venezuela é socialista, uma vez que tem uma economia mista, mal desenhada, mas ainda assim mista, como quase todos os países do mundo e cheia de sanções, apenas levantadas temporariamente em 2023 porque os EUA precisaram de uns barris de petróleo.
Um partido (IL) ainda mais neoliberal do que aqueles que estão no poder, porque ainda não são suficientes as isenções fiscais e subsídios às grandes multinacionais e aos bancos. A utopia dos mercados livres e do laissez-faire.
Um partido populista neofascista (Chega) que se aproveita do vazio provocado pela ausência da esquerda junto da classe trabalhadora e que vai mudando o seu programa conforme os ventos e marés, naturalmente, para sacar o maior número de votos possíveis.
Um Bloco de Esquerda que outrora foi de esquerda, mas que recentemente baseou todo o seu programa em torno do wokismo importado da EUA. Um cavalo de Tróia financiado pela corporate america e usado como arma pela Hillary Clinton para destruir o movimento de Bernie Sanders. Na Europa, alguns partidos outrora de esquerda acharam boa ideia importar uma ideologia de direita, financiada por bilionários, que descredibilizou diversas bandeiras legítimas da esquerda como a política identitária, o feminismo, o ambientalismo e a luta por sociedades menos desiguais.
Um PCP resignado e bafiento que pouco ou nada faz pelo sindicalismo (a base de tudo aquilo que de bom foi conquistado na Europa antes da era neoliberal) e pela classe trabalhadora.
Uma comunicação social dominada por privados que cria o seu conteúdo com base nos interesses dos grupos económicos que a dominam, com idiotas úteis a debater sobre assuntos que não percebem, a usar conceitos que nem sequer existem no país e nem sequer sabem o que significam. E uma população dividia a falar sobre imigração, sobre crime (uns a torcer para que os imigrantes comentam crimes, outros a torcer para que sejam os portugueses a cometê-los, no fundo o que interessa é achar que se tem razão), sobre casas de banho neutras ou mistas, sobre trans no desporto, ao mesmo tempo que os salários estão completamente estagnados, que o preço da habitação é incomportável para a esmagadora maioria da população, que os jovens têm menos oportunidades do que no tempo dos seus pais, e que a educação e a saúde pública estão a ser desmanteladas para benefício dos privados.
Quando a Esquerda regressar à política talvez as coisas melhorem.