Tudo isto é nebuloso. O que se quererá expressar com modo de vida, "o nosso modo de vida", num país com mais de dez milhões de habitantes? Cada cidadão tem o seu próprio modo de vida, empreende as suas próprias práticas sociais e culturais, tem a sua escala de valores... à margem do que prescreve a lei. Não há uma única forma de se ser português ou europeu. A vida comum é sim regulada por normas formais que enquadram as vivências individuais e colectivas, de carácter mandatório. Mas o que daí resulta não esgota toda a prática social... De facto existem normas além da lei, coercivas até certo ponto, mas não obrigatórias. Ou não penalizadas em caso de incumprimento. O mesmo serve quanto à ideia de identidade nacional. O que dela é estritamente impositivo encontra-se formalizado...O que eu acho fascinante nessa conversa é que é a mesma direita conservadora que quer acabar com as aulas de cidadania porque a "educação dos meus filhos sou eu que a dou", que depois quer que os imigrantes sigam os nossos valores e cultura, quase como se fosse preciso reeducá-los.
Afinal temos ou não valores que são comuns à nossa sociedade, como a igualdade de género ou o respeito pelas minorias? Pelos vistos depende.
Mais vale dizer que não se quer pessoas provenientes de país x, y e z. Por esta e aquela razão. Ou que se dá preferência a pessoas que dominem a língua portuguesa. Coisas claras e palpáveis, que possibilitem um qualquer debate. De contrário... pouco se compreende além do soundbyte.