Actualidade Nacional

Cheue

12 Maio 2016
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Estou com um misto de emoções.
Se por um lado rogozijo com a esquerda a levar um amasso severo, por outro vejo uma direita a esmagar, que tem tudo para não se entender. Crise política a adensar-se? Ou cedências de vários quadrantes a permitir a governação? Infelizmente acredito mais na crise.

Nos entretantos, há um pormenor a que acho um encanto: o Ventura e seus muchachos, cometem o erro de dizer o que muita gente pensa mas de forma errada, populista, com uma boa dose de fanfarronice à mistura.
Mas no final são os anti que lhes dão o impulso mais forte. Denigrem, gozam, rebaixam, dão "tempo de antena". O resultado está à vista.

Não é por eu entender que o socialismo é um beco sem saída, que vou andar a insultar quem acha o contrário. Muito menos vou andar a apelidá-los de burros, mesmo que o pense.
O que mais vejo é o "povo democrático" a comportar-se como aquilo a que apelida os outros: parolos, burros, fascistas, ... E não o contrário. Dá que pensar!
o socialismo ficou com 1 deputado que é a Mortágua.
 

Vlk

Tribuna Presidencial
3 Junho 2014
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Lisboa
Não disse que há impedimento, apenas que não é uma viagem que queiram fazer.
E compreendo.
Eu também não atravessaria o espectro todo, mas podia dar uns pulos na régua.
As organizações evoluem ou reavaliam posições no espectro, mas nunca dão saltos quânticos, são sempre passinhos um quadradinho ao lado.
Escusavam era de ter feito o caminho contrário. E é como te digo, há espaço à esquerda para isso. Há muita gente (pessoas mais novas, nas cidades, com escolaridade mais elevada) que vota exclusivamente pelos costumes e pouco pela economia.
 
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Reações: Edgar Siska

N.

Tribuna
20 Junho 2019
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  • André Villas-Boas
Mais do que devia. Mais por omissão, e alguns comentários esporádicos tipo criticar ideologias woke, gozar com ambientalistas, apoiar o Milei, ou a reação ao comentário do Marcelo sobre as devoluções às colónias (eu tb não soi favorável mas o tom da reação não foi de um liberal que deve estar no mínimo aberto à discussão).
Fossem esses os maiores problemas da IL neste momento.
 

Portoallez2

Tribuna Presidencial
4 Setembro 2016
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Em vez de se questionarem porque é que as extremas direitas crescem deviam-se perguntar porque é que chegamos a este ponto, isso sim já era uma excelente reflexão...mas está visto que nada vai mudar...há um problema e não é só em Portugal e continuar a negá-lo não melhorar as coisas...
 

Edgar Siska

Presidente da Associação Ódio Eterno ao Panelas
9 Julho 2016
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Ao pé da praia
  • Alfredo Quintana
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  • Agosto/22
Escusavam era de ter feito o caminho contrário. E é como te digo, há espaço à esquerda para isso. Há muita gente (pessoas mais novas, nas cidades, com escolaridade mais elevada) que vota exclusivamente pelos costumes e pouco pela economia.
Eu acho algo redutor votar só pelos costumes, aliás essa escolaridade elevada devia de os integrar mais também na parte económica.

Eu partilho da ideia que a IL poderia saltar duas casas nos costumes num regresso à postura inicial.
Mas nunca mais que isso porque um salto quântico demasiado grande iria provavelmente ser um salto diretamente para uma escotilha aberta.
 

Almadedragao

Tribuna Presidencial
16 Julho 2018
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  • Reinaldo Teles
  • Bobby Robson
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  • Jorge Costa
Não sou suficientemente inteligente para convencer alguém de que devemos ter empatia por pessoas que sofreram muito na vida e que sacrificaram muito na viagem para cá, e que a esmagadora maioria só quer uma vida melhor, nem que seja 1 décimo da nossa qualidade de vida. A inteligência não é uma ferramenta que ajude a criar empatia.
"sacrificaram muito na viagem para cá"

Ahahaha

Só falta dizer que vieram a pé e que a situação era tão difícil que foi por isso que deixaram as famílias para trás.

É com cada um...

Mano, percebe de uma vez por todas que esse discurso só cola nas convenções de cachecóis aos quadradinhos.
 

tocoolant

Bancada lateral
7 Abril 2016
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Não concordo com tudo - porque acho que combater o populismo é como tentar parar o vento com as mãos, não há propriamente uma estratégia - mas é um ponto de vista válido, de certeza mais valido do que o meu.


O PAÍS QUE ESTAVA ESCRITO
Por estes dias, falei para o El País (Espanha) e o para o De Standaard (Bélgica). Antecipei, de certo modo, o cenário destas eleições. Não me entendam mal: não sou visionário nem li nas cartas. Mas ando há quase cinco anos a acompanhar o eleitorado do Chega, a segui-lo, a falar com ele em todo o País, e talvez isso valha alguma coisa. Por isso, não é surpresa para mim o que aconteceu. Quem me conhece e me atura amiúde a falar sobre estes temas, em privado ou em público, sabe.
Não, não existem 22 ou 23 por cento de "fascistas", tirem isso da ideia.
Sim, há por ali muitos saudosos do antigamente, há racistas e outra gente, da elite financeira à arraia-miúda, muito pouco recomendável, a vários níveis. Mas que não se tome a parte pelo todo. Passei horas, muitas horas com largas dezenas de militantes e eleitores do Chega e muitos deles talvez queiram, apenas, ser ouvidos ou não serem esquecidos ou atropelados por sucessivas governações. Confundem tudo? Estão a cavar a própria desgraça e não sabem? Talvez. Mas a raiva e o desespero fazem o caminho da razão. E do outro lado, verdade seja, só têm arrogância, por vezes com irritantes tiques urbanos e de cátedra, a explicar-lhes o que devem ou não fazer. Ou pensar. Chamar-lhes "fascistas", insultá-los, ridicularizá-los até à exaustão, dá este resultado.
E se experimentássemos, por uma vez, ir ao encontro deles, ouvi-los, tentar saber os porquês de pensarem o que pensam e decidirem o que decidem, não apenas nas campanhas eleitorais? E se lhes fizéssemos perguntas em vez de lhes vendermos retóricas empacotadas? Esqueçam os Venturas, os Pintos, os Frazões e afins. Não façam partilhas em barda, não insultem como carneiros só porque acham que Ventura fingiu um problema de saúde. Como qualquer especialista saberá explicar - e até uma criança entenderia - o ódio nas redes sociais conta sempre a favor do alvo e faz espumar o algoritmo de excitação. Isto já é quase tão La Palice que me espanta como é que tanta gente ainda se presta ao papel de idiota útil ao partilhar, como se não houvesse amanhã, o enxovalho, o insulto e o apedrejamento, por vezes quase ao mesmo nível do palavreado de tasca que tomou conta do Parlamento.
Muitos, à direita, adotaram a narrativa do Chega de forma diplomática, escondendo a mãozinha marota - eles, mais polidos, claro, não são de atirar pedras nem sujar as mãos. Antes das eleições, o Chega já estava a ganhar porque os temas da sua agenda já andavam na boca de outra direita, dita civilizada, que não suja a gravata, e contagiara os debates e o horário nobre. São moderados ou serão simplesmente covardes?
À esquerda continua a confundir-se desejos com a realidade, é uma longa história, caso clínico. Estão na sua bolha ou no seu parque temático. Têm todas as certezas do mundo, as cartilhas de sempre e um sindicalismo para um País que já não existe. E assim seguem, de derrota em derrota, até acabarem nos preparos que se viram.
Nestas eleições, fizeram ainda mais: prestaram-se ao ridículo para tentar conquistar os jovens. Tenho duas novidades para esses: a fotocópia, por bem intencionada que seja, é sempre pior do que o original, mesmo quando o original é alarvidade ou pantomina pura; quanto aos jovens, posso dizer-vos que já andam, muitos deles, em modo extremista tik-tok, a fazer a saudação nazi nas escolas, a sugerir trabalhos escolares sobre o líder do Chega, a fazer bullying racista, xenófobo e por aí adiante. Querem tentar começar por aí ou nem por isso?
Por fim: muitos confundem os dirigentes e deputados do Chega com o seu universo eleitoral, outro erro crasso. As duas coisas não são iguais. E quanto mais depressa se perceber isso, mais estaremos perto de atacar o problema. Se não o fizerem, terão um Trump à portuguesa no poder mais cedo do que tarde. O caso Montenegro, acreditem, não vai acabar aqui. Em breve, talvez haja mais. Em que situação ficaremos nessa altura? Será que Montenegro chegará a tomar posse como primeiro-ministro?
Do jornalismo, ou de grande parte dele, para ser justo com as exceções, já não espero nada, nadinha. Falta memória, mas isso não é de hoje. Falta decência, mas também não é de agora. O que certas chefias e direções permitiram nesta campanha é o resultado de muitos anos de "infoentertenimento". Estava escrito. Se levamos o "pé em riste" e o estilo "big brother" para a política e o jornalismo, não nos queixemos dos resultados. Há umas décadas, o escritor Mário de Carvalho antecipou: um jornalismo cão só merece um mundo-cão.
O que se gasta em diretos insanos, a raiar a imbecilidade e a ignomínia, dava para muitas reportagens aprofundadas no "País do Chega". Falem dos problemas dos "left behinders", tragam-nos para a agenda política, e talvez tenham menos extremismos de trazer por casa. Não me venham falar da crise do jornalismo quando se gastam milhões a cavar a sepultura em diretos e reportagens que ampliam os fenómenos que o jornalismo tem obrigação de combater. Não se gasta dinheiro a reportar o País silenciado, sofrido, esquecido, mas gastam-se fortunas a alimentar o populismo com populismo. Junta-se a fome à vontade de comer. É um banquete para o partido que sabemos.
Não, o "jornalismo" não fará um exame de consciência. Esqueçam. Não está para isso e não é uma legião de precários e tarefeiros de espinha direita que tem a força para mudar as circunstâncias. Os menos culpados são, muitas vezes, os que andam na estrada. Mas mesmo aí, assuma-se, foi de fugir.
Não culpem o "povo", essa entidade capturada por todas as agendas e retóricas políticas. O "povo" não é uma entidade coletiva self-service, consoante a nossa vontade ou moldura. Há muitas cabeças, existências, quotidianos e amarguras que não são explicáveis sem termos em conta as zonas cinzentas das suas vidas e as suas muitas contradições. Há um País, com todas as suas diferenças, para conquistar para "o lado bom da força", ou seja, para um patamar de decência democrática, e reconciliá-lo com uma ética e uma noção mínima de compromisso e integridade políticas. Fazê-lo do alto da burra, sem humildade e sem procurar estabelecer um ponto de contacto e um encontro com o adversário, por muito Shrek que nos pareça, só dará este resultado.
O texto todo pode-se resumir a esta frase. "Há alguma arrogância por parte de quem quer fazer a "tipologia" do votante do Chega e isso a par dum jornalismo pobre e de cairmos na esparrela de lhe darmos demasiada importância deu nisto."

A equilíbrio nisto tudo é dificílimo de se fazer porque eu nem gosto de retratar "o todo" de uma maneira mas também não gosto de desresponsabilizar quem é adulto e tomou as decisões que tomou. E quem votou Chega terá uma responsabilidade no que daqui advir. E se por um lado é "estúpido" achar que eles são todos ignorantes e alarves também considero pouco inteligente não os chamar à razão sob pena de ser considerado "arrogante". E se por obra e graça do destino tentarmos ter alguma compreensão e empatia ainda somos acusados de ser "condescendentes" ou de "estar a tentar dar-lhes lições" como se eles não andassem por aí a "dar lições" com a maior das "arrogâncias" a tudo e todos.

Relativamente ao "palco" que se dá já refleti imenso sobre isso e quanto mais penso no assunto mais deprimido fico. O modelo mediático vive à base da controvérsia e do conflito. Não só o das redes sociais mas sobretudo o das redes sociais. Mesmo que todos rangêssemos os dentes e tentássemos não lhes dar mais "palco" a capacidade deles de fazer barulhos sobrepor-se-ia ao nosso silêncio. Mas se falarmos estaremos a "alimenta-los". Então fazemos o quê?

Mesmo assim, sim. Acredito que se tenha que tenha que partir de um ponto de empatia não porque sejam "eles" mas porque é a coisa correcta de se fazer com qualquer ser humano. Mas a mera premissa de que "temos que tentar entendê-los" já parte em si de uma posição "arrogante" como se eles fossem outro tipo de criaturas que deve ser "analisadas".

E outra coisa, ter a humildade de que nem toda a gente pensará como nós mas que com saber estar poderemos contribuir para que embora não mudem a sua opinião em tudo (nem sequer parcialmente) talvez já consigam nos ouvir porque nós os estamos a ouvir também.

Novamente e voltando a um ponto de um comentário que eu fiz mais atrás. Mais do que tentar avançar teorias sobre as sua "psique" o melhor mesmo é só ouvir e dizer o que pensamos mesmo que isso possa não lhes agradar. Parece simples mas não é....
 
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Vlk

Tribuna Presidencial
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Eu acho algo redutor votar só pelos costumes, aliás essa escolaridade elevada devia de os integrar mais também na parte económica.

Eu partilho da ideia que a IL poderia saltar duas casas nos costumes num regresso à postura inicial.
Mas nunca mais que isso porque um salto quântico demasiado grande iria provavelmente ser um salto diretamente para uma escotilha aberta.
Algumas pessoas mais novas de escolaridade mais elevada têm menos preocupações com a sua economia do que quem tem filhos, um emprego há varios anos, etc...
 
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Vlk

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A AD não se vai rir por muito tempo. Quer governe mais à direita ou à esquerda vai ser o próximo a ser dizimado. Com o desgaste da governação é certo.
 
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bluemonday

Tribuna
4 Maio 2024
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  • José Maria Pedroto
Algumas pessoas mais novas de escolaridade mais elevada têm menos preocupações com a sua economia do que quem tem filhos, um emprego há varios anos, etc...
São preocupações momentâneas. A parte económica, como disseste, acaba por prevalecer, e assim é para a maioria do eleitorado. A esquerda perdeu-se quando deixou de atentar aos interesses dos mais frágeis e dos trabalhadores, para focar-se em causas culturais que são aceites por boa parte da direita e que estão com uma proteção jurídica bastante reforçada.
 
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Dagerman

Dagerman

Tribuna Presidencial
1 Abril 2015
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Claro que pode e claro que deve. Os princípios políticos têm por base principios filosóficos e humanistas e a empatia é obviamente um deles. Nunca se teria acabado com a escravatura se uns fundamentalistas quakers não tivessem sentido empatia pelos escravos.

E quando do outro lado tens muito ódio, pessoas a chamarem porcaria aos imigrantes a desejarem deportações violentas, a falta de empatia pode gerar situações de violência graves contra estas comunidades. Só a falta de empatia é que permitiu a perseguição aos Judeus na Alemanha.
É oficial. Vivemos em mundos completamente opostos. Tu vives no mundo do "dever ser" e eu vivo vo mundo do "ser". Tu és um idealista e eu sou um realista.
Tu achas que os seres humanos se deviam dar todos como irmãos e dançar todos juntos à volta da fogueira, eu acho que isso nunca aconteceu em momento nenhum da história, porque os seres humanos são naturalmente tribais. Põem em primeiro lugar a sua família, a seguir a sua comunidade e o seu país, e só em último lugar os estrangeiros. Sempre foi assim, e pensar que os seres humanos em geral podem ser moldados para pensar e sentir como cosmopolitas é uma utopia. Nunca houve um mundo de irmãos a não ser no imaginário cristão ou comunista, com resultados prácticos que sempre ficvaram muito aquém da teoria.

Duma forma sucinta, é assim: só se aceita e integra o estrangeiro se se achar que ele é uma mais-valia para a nossa comunidade. Mas em épocas de declínio económico, o estrangeiro acaba sempre a servir como bode expiatório. É lamentável, mas é o que é. E a Europa está numa situação de declínio económico. Se estivéssemos a crescer como nos anos 60, os estrangeiros não seriam um problema, pelo contrário. Os problemas surgem quando os nacionais vêm a sua situação económica a piorar, com salários estagnados e rendas a subir, e precisam de arranjar alguém, a quem culpar. É nessa altura que aparece o voto de protesto, em partidos "anti-sistema". Mas só aparece porque o sistema decidiu cagar-se para os nacionais.
 

bluemonday

Tribuna
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A AD não se vai rir por muito tempo. Quer governe mais à direita ou à esquerda vai ser o próximo a ser dizimado. Com o desgaste da governação é certo.
Não duvido, mas teria mesmo de ser assim? Vamos pressupor que o Montenegro aceita negociar com o PS em certas questões - e isso tem de ser cobrado ao próprio -; deverá ser dizimado nesse contexto? Agora, o PS tem de saber o seu lugar - neste momento, é tão só a terceira maior força - e não pode exigir mais do que aquilo que deve. Oposição, sim, mas oposição responsável, não caindo num bloco central, mas não pegando por coisas mínimas tendo em vista o poder.

O ónus deve estar no PS. Sinceramente, até pode ser algum viés da minha parte, mas tenho visto os dirigentes, deputados e integrantes do PS muito pouco suscetíveis a conversas produtivas, ao contrário do último discurso do Montenegro, que demonstra alguma abertura.