Façamos também justiça ao nosso público. Nem sempre se assiste passivamente aos jogos grandes.
Creio que para essa noção contribuiu não só a melhoria das condições do recinto, que conferem uma componente de maior entertenimento, e, consequentemente, comodidade ao espectáculo, mas também, e principalmente, a paupérrima forma que a equipa demonstrou há duas épocas.
Lembro que mudámos de casa definitivamente com dois terços da época 2003/2004 decorrida, a tempo da recepção ao Manchester United. Nesse embate e nos meses subsequentes a equipa mostrou-se em grande forma, e contou sempre com o estádio cheio e motivado para apoiar.
Acontece que uma época em que o FC Porto perde e empata mais jogos dos que os que vence no seu recinto abala em muito a moral dos adeptos (nem todos, mas convenhamos que se trata de uma realidade). E esse efeito extendeu-se à última época, acicatado pelas derrotas com SL Benfica, pela primeira vez em catorze anos, e Artmedia. Para além disso ocorreu ainda o famoso episódio da agressão ao muito contestado treinador. Nada disto contribui para a união da massa associativa.
Sinto, no entanto, que as vitórias na época transacta retemperaram em certa medida a confiança na equipa e treinador, pelo que, apoiada num arranque forte, quer na Liga quer na Champions League, não tenho dúvida que a casa do FC Porto voltará a exibir a mística que lhe é apanágio, contanto não só com os indefectíveis, mas também com aquela volátil franja de apoiantes, que, infelizmente, parece persistir.