Dragon_Forever disse:
Comentário exagerado, até parece que Lisboa não é uma cidade linda e que tem muitas e boas pessoas, umas mais simpáticas e outras não como em todas as capitais.
Sou Portista de coração e nascido e criado em Lisboa , tenho 44 anos e sei muito bem o que era há 30 anos atrás ser portista isolado no meio de tanta benfiquista e lagartos e nunca cheguei a ter o comentário que tiveste e não passaste nem um décimo do que eu e outros portistas de Lisboa e arredores da altura passámos.
Nunca se deve generalizar.
Relato e baseio a minha opinião na minha experiência pessoal, não vincula ninguém.
Se me perguntar se fiz amigos em Lisboa, e bons, respondo-lhe que sim, com toda a certeza.
O meu comentário é mais um enquadramento sócio-histórico de como o centralismo atrofiou o crescimento uniforme de Portugal.
Em Portugal temos um fenómeno praticamente sem par na Europa: não existem cidades médias com clubes representativos. Por exemplo, os Bracarenses são na sua maioria benfiquistas, aliás como quase em todos os clubes, exceptuando talvez o V. Guimarães que se agarrou, e bem, à sua história e identificou-se com a sua população.
Agora pensemos em Espanha (Bilbao, Valencia, Gijon), França (Lille, Lens, Montpellier, Bordeús), Itália (Génova, Verona, Bolonha), já para não falar da premier league.
Se há um clube que representa Lisboa cidade esse clube será sempre mais o Sporting (no bom e no mau), o Benfica representa um Portugal retrógrado, serôdio, centralista a ignorante que foi bem semeado e plantado pelo Sr. de Santa Comba Dão (e os grandes capitalistas coloniais que o mantinham no poder).
Conheço muitos benfiquistas que nunca sequer entraram no Estádio da Luz. É-se benfiquista por genética, por que anos e anos de propaganda (que ainda não acabou como sabemos) lavaram ou formataram o cérebro de muito português.
Lisboa, como qualquer capital, mas mais do que qualquer outra na Europa (centralismo centenário) atrai, a bem e a mal, tudo que é ambição e desejo. Tudo é sugado, quer queira, que não, para lá, porque um estado centralista assim o obriga.
É lá que estão os empregos, as oportunidades nas grandes empresas, as vagas na Administração, etc.
Tendo nascido e sido criado em Lisboa em nada invalida que goste do FC Porto, conheci alguns (não muitos), mas se me vem com a premissa que não se pode generalizar então garanto-lhe que nunca vai conseguir chegar a uma conclusão sobre qualquer tipo de assunto.
A generalização é um mal necessário para que se entendam questões, se formem juízos se tomem decisões. A própria democracia e o seu ritual primordial que são as eleições são um exercício de generalização.
Evidentemente, tal comporta riscos, e uma generalização incorre sempre em juízos injustos. Nem todos os alemães eram nazis na década de 30 na Alemanha, no entanto parece-me pacífico deduzir que a maioria era.
Para terminar, e quanto aos lisboetas arrogantes que conheci, são, de acordo com a minha experiência pessoal, uma maioria. Quer de uma forma mais expressiva, quer de uma forma mais tácita, a maioria dos lisboetas é snobe em relação ao resto do país e tem um ódio/desprezo particular pela cidade do Porto, que sempre foi historicamente um pólo de contra-poder a Lisboa.
E identificam muito o FC Porto como um símbolo desse contra-poder e o Pinto da Costa como o chefe desta seita satânica.
Não lhe vou aqui relatar experiências que passei em Lisboa, por ser fastidioso e por ser do foro privado, mas algumas foram muito graves. Assisti a episódios que julguei impossíveis em termos de intolerância e ódio puro aos portistas.
Claro que se um portuense aterrar, por qualquer motivo em Lisboa, e declarar o seu amor eterno ao Benfica, será recebido e integrado de uma forma bem mais aprazível e pacata.
Agora, se são todos os Lisboetas, claro que não. E na minha opinião Lisboa é claramente uma cidade mais liberal e aberta que o Porto, no campo dos costumes. Por ser maior e ter maior diversidade étnico-cultural.