Uma olhadela alternativa às contas do slm a Jun/2018 e aos seus 20 milhões de resultado líquido, já que hoje foi dia da imprensa lisboeta replicar comunicados do slm e convém ter uma leitura mais isenta. Poupando-vos o trabalho de leitura do relatório, dados consolidados em milhões de euros,
Fluxos de tesouraria:
Actividades operacionais: -3 milhões (2017: +30 os rendimentos UEFA caíram 14 milhões...); repito, 3 milhões NEGATIVOS.
Desinvestimento (são sobretudo intangíveis - jogadores): +30 (em 2017, apesar das fortes vendas no ano, foram -3).
Isto é, em termos líquidos, caixa 2018 = -3 +30 = +27 milhões de euros.
Fluxo operacional negativo, receitas sustentadas na venda de jogadores.
Depois, tiveram de reembolsar empréstimos - a banca a fechar-lhes a porta (eles gostam de apresentar isso como opção própria, pois claro; e o BES também deve ter acontecido...):
Fluxos de financiamentos: -134
...necessidades que foram parcialmente tapadas com o fluxo permitido pelo último empréstimo obrigacionista: +101.
Portanto, em termos líquidos, nas finanças tivemos -134 + 101 = 33 milhões destinados à redução da dívida. Forçada. Mas apresentada como gestão estratégica pela direcção batoteira.
Resumindo,
+27 milhões da actividade (vendas de jogadores que o resto não chegou)
-33 milhões de empréstimos liquidados (teve de ser)
Caixa: -6 milhões de euros. Prejuízo fiscal: 374.000 euros.
No final do dia, foi esta a evolução do slm. O resto são as contabilidades do costume com os contratos de jogadores, e medir o valor destes só com bolas de cristal como sabemos.
Contas feitas no balanço: activo total de 485 milhões. Parece, e é, muito.
- O valor líquido do plantel de futebol (o melhor plantel de Portugal diz a cartilha, e provavelmente o maior plantel de Portugal, digo eu) que apresentam é de 113 milhões de euros. Isto para 102 (!) atletas: 99 milhões para 29 mecos + 14 milhões para 73 badamecos.
Depois são mais 109 milhões sobre clientes; 152 milhões correspondem à avaliação do nosso salão de festas ou como se diz na PJ, mamarracho das buscas; 50 milhões de direitos de utilização da marca (valha isso o que valer, mas não se reduziu face ao ano passado - afinal o UPDB pode dormir descansado que não causou mossa; e diversos incluindo 6 milhões em programas de computador (talvez anti-vírus russos, mas sabe-se lá! eles são tão gastadores em assessoria informática que não há como entender).
Ora a financiar isto temos um passivo de 398 milhões (incluindo 17 milhões de empréstimos Montepio e CGD, os bancos que ficaram depois da saída do Novo Banco e Millenium; 155 milhões de empréstimos obrigacionistas, a vencer todos até 2020; 93 milhões do acordo NOS; 78 milhões de fornecedores). Sobram depois 55 milhões de passivos diversos + o capital próprio que (diz o slm e concorda o seu auditor PwC) será de 87 milhões. Se tudo o resto bater certo.
Pronto, agora que sabem os números descansem porque está tudo bem por ali e segundo diz o slm o valor da marca permaneceu igual - o que quer dizer que nada se perdeu com a divulgação dos emails e, dizem eles, não há riscos materialmente relevantes associados a processos judiciais em curso. Ufa! Assim já podemos continuar a apreciar sorvetes com a zona frontal do crânio de forma mais tranquila.
PS: para fechar, deixo-vos o tom inultrapassável do humor compara-pilas-lampiónico, citando directamente do relatório:
Na área do património cultural e no âmbito de atividades relacionados com o Museu Cosme Damiao, foram ainda desenvolvidos os seguintes projectos: (
) Consolidação da presença nas redes sociais, com a publicação de 622 publicações na página de Facebook do Museu. A página foi, em diversos períodos do ano, a melhor página cultural do mundo e globalmente a melhor página do país. (!...)