Os portistas devem ser compreensivos com a psicose generalizada dos colegas do Arsenal lisboeta. Afinal, bem vistas as coisas, referimo-nos a um grande que não vence campeonatos 14 dos 18 campeonatos conquistados pelo Sporting remontam ao pré-25 de Abril, às longínquas décadas de 40, 50, 60
, circunstância que contribui para o drama ontológico do desencontro entre a natureza essencial de um grande clube de futebol, necessariamente bem-sucedido, e a história do actual Sporting, invariavelmente fracassado. O Sporting é um clube de falhados, incapaz de honrar o seu passado, apegado à vitimização e ao coitadismo, entretido com as modalidades e o sucesso alheio dos que passaram pela academia de futebol (sem proveitos desportivos para a equipa), à falta de alegrias dignas de uma potência do futebol. Resta-nos, na verdade, qual compreensão qual quê, não perturbar o delírio do adepto sportinguista. Mistificá-lo, se possível. Depois de Paulo Bento forever, deixemos que o Jorge Jesus para sempre se sedimente nas vontades leoninas, e observemos, tranquilamente, a autofagia inevitável do mestre da táctica, reflexo perfeito do clube que o emprega.