Eu confesso que esta situação do Coronavirus (palavra do ano sem dúvida) me está a irritar bastante.
Dizem que o Coronavirus é mais perigoso do que a gripe. Desculpem, mas não vejo ponta de evidência de que isso seja minimamente verdade. Numa típica época de gripe temos habitualmente entre 290.000 a 650.000 mortos em todo o mundo. Não temos isto de infectados confirmados. E não é uma questão de os governos andarem a esconder os números, simplesmente numa gripe normal ninguém nos tira sangue para perceber se é uma gripe ou não. Olham para os nossos sintomas e dizem é gripe. Aqui só estamos a contabilizar o número de testes que deram positivo e não estamos a olhar para os sintomas. Se fosse assim, o número de infectados disparava e, surpresa das surpresas, o número de mortos mantinha-se igual. O que quer dizer que as taxas de mortalidade caiam a pique! Mais ainda porque a maior parte dos contaminados sequer desenvolve sintomas, pelo que muitas pessoas que contraíram o vírus nunca foram diagnosticadas. Isto porque, mais uma vez surpresa, os sintomas são mais leves do que uma gripe comum.
Porque motivo está então a morrer tanta gente? Este é que é o problema e parece que ninguém quer fazer nada quanto a ele: andamos (países europeus) nos últimos 10 anos a destruir os SNS. Temos falta de médicos, camas, ventiladores e todo o tipo de equipamento médico. Uma doação de centenas de milhares (milhares não milhões) de euros do Valentino Rossi ajudou um hospital italiano a comprar 20 ventiladores. Ou seja, o facto de o governo italiano não ter pegado em muito uns cêntimos do orçamento de estado para comprar ventiladores foi o que ajudou a matar muita gente em Itália, não o vírus. Mas claro que é muito mais fácil para a Alemanha dizer que tem que ir tudo para quarentena do que dizer que a política que defendeu nas última década (destaque para o investimento público que não contava para efeitos de défice e que passou a contar) não só dizimou a economia Europeia como agora está activamente a matar muitas pessoas por falta de cuidados médicos. Entretanto continuamos a brincar às quarentenas e libertar fundos para os governos construírem hospitais, contratarem médicos e adquirem equipamento está quieto. É muito mais importante que o Euro esteja alto.
E isto é ainda mais importante porque se este coronavirus tem uma taxa de mortalidade reduzida (quando se souber os números definitivos vamos perceber que não andou muito longe de uma gripe normal) outros da mesma família têm taxas muito mais elevadas. E quando for preciso fazer uma quarentena a sério as pessoas vão se lembrar disto, vão se lembrar do gripe de 2009 e vão achar que estão a ser mais uma vez enganadas. É a história do Pedro e do Lobo. Quando realmente chegar o Lobo alguém vai acreditar?
As medidas mais eficazes que podemos fazer neste momento é libertar verbas para pagar a médicos e comprar equipamentos. E, pensando para a frente, temos que abrir mais vagas nas faculdades de medicina, abrir mais hospitais, contratar mais médicos e enfermeiros e, abre os olhos Europa, as despesas dos orçamentos de estado com a Saúde não devem contar para efeitos de défice orçamental.
Porque agora é a brincar, mas um dia pode ser a sério!