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Como detentor de Lugar anual recebo todos os meses a «Revista dos Dragões», e, confesso, algumas vezes dou uma vista de olhos mais por alto e arrumo-as, para mais tarde ler mais pormenorizadamente. Foi assim que encontrei «pérolas» como esta. Não sei se ao postar estas preciosidades, estarei a cometer qualquer infracção, se assim for, o nosso administrador tem todo o direito de fazer o que muito bem entender.
Ora aqui vai:
Carlos Nunes
O primeiro «poker» num clássico.
Época: 1935/36
Data: 22 de Março de 1936
Local: Campo do Amial
Intervenientes: FC Porto e Sporting CP
Recordar este jogo vale a pena. Pelo resultado (a maior goleada da história dos confrontos entre Dragões e Leões), pelo feito de um atleta (Carlos Nunes), pelas curiosidades à volta de alguns intervenientes (atletas e treinadores).
Comecemos pelo resultado. Jogava-se a 1ª jornada da segunda volta do Campeonato da 1ª Liga. O Sporting (comandante da prova, juntamente com o Benfica) vencera na 1ª jornada, no Campo Grande, o FC Porto por magros 3-2. Agora visitava o detentor do título (FC Porto) disposto a «matar o borrego» - cinco jogos sem vencer os Azuis e Brancos no seu reduto (3 derrotas e 2 empates), o que vale por dizer que como visitante nunca vencera o anfitrião.
Não só não o conseguiria, como regressaria à capital vergado ao peso de uma memorável goleada! Nada mais, nada menos do que 10-1.
Para o engordar do «score» muito contribuiu o facto de, naquela altura, não serem permitidas substituições. É que cedo (à passagem da meia hora de jogo) o Sporting já a perder por 2-1 ficaria sem o seu guarda-redes Dyson. Um pontapé fulminante de António Santos levou a bola a acertar em cheio na cabeça do «keeper» (era assim que se dizia na altura) leonino, deixando Dyson por terra. Sem sentidos, não mais se recomporia, recolhendo aos balneários. Para a baliza foi um avançado, Rui Carneiro, incapaz de travar o ataque comandado por Pinga. Resultado: em nove minutos Lopes Carneiro, Valdemar Mota, António Santos e Carlos Pereira fizeram quatro golos e, com 6-1, chegou o intervalo.
A segunda parte renderia menos dois golos, mas traria para a história azul e Branca um feito que permanecerá «ad-eternum» no livro «Livro de recordes» do futebol português pela 1ª vez, num clássico, um atleta conseguia colocar a sua assinatura no que em gíria futebolística se chama um «poker» (quatro golos).
E quem o assinou? Um atleta «nascido» nos infantis e diplomado na universidade da Constituição, de seu nome Carlos Nunes, ou, por respeito ao seu Bilhete de Identidade, Carlos Ferreira da Silva.
Com Pinga a abrir e a fechar a contagem, Carlos Nunes faria o 2-0 (17m), o 7-1 (65m), 8-1 (70m) e 9-1 (85m) 4 golos proeza que só 35 anos depois (em Janeiro de 1971) outro jogador do FC Porto conseguiria igualar, ao marcar 4 golos ao Benfica Lemos.
Director do FC Porto após ter abandonado o futebol, Carlos Nunes, extremo esquerdo no convencional alinhamento das equipas era o nº 11 - «fechou» a sua carreira internacional de três no Portugal-Alemanha, que a 27de Fevereiro de 1936 se disputou em Lisboa, e que os alemães venceriam por 3-1.
Na contabilidade oficial foi o 35ºda Selecção das quinas e o primeiro entre os dois países. Faltam as curiosidades. Na defesa Azul e Branca alinhava Carlos Alves, o verdadeiro homem das «luvas pretas», avô de João Alves, que nessa época, já com 33 anos e vítima de doença grave pulmonar, daria por encerrada a sua carreira. Uma época apenas , mas, de qualquer modo, tempo suficiente para o seu nome ficar associado a um feito relevante da história Portisata.
Recuperado, começou a sua carreira de treinador no Farense (a equipa era conhecida como o «oitavo exército») e finalizou-a na sua terra natal, Albergaria-a-Velha, treinando o Alba.
Na outra defesa, a do Sporting, jogava Vianinha, atleta que na época seguinte se transferiria para o FC Porto, por 21 contos. Se, pelo Sporting, tinha «encaixado» dez golos contra o FC Porto, pela sua nova equipa, um ano depois (04-04-1937), «encaixaria mais nove, em jogo coincidência das coincidências apitado pelo mesmo árbitro da anterior goleada Henrique Rosa, de Setúbal.
A terceira curiosidade envolve os treinadores. O FC Porto, que um mês antes dispensara Joseph Szabo, viu o seu novo treinador, também ele húngaro, Magyar, ter uma entrada de Dragão no seu primeiro clássico. O treinador do Sporting, esse, era o mesmíssimo Joseph Szabo que o FC Porto havia despedido.
Magyar não aqueceu o lugarmais do que uma época (substituiu-o seu compatriota François Gutkas). Joseph Szabo voltaria ao FC Porto em 1945 ficaria até 1947, altura em que o FC Porto a ser orientado por Alejandro Scopelli.
Para a fotografia ficar completa falta eternizar o onze Azul e Branco neste clássico:
Soares dos Reis, Carlos Alves, Avelino Martins, João da Nova, Carlos Pereira, anjos, Lopes Carneiro, Valdemar Mota, António Santos, Pinga e Carlos Nunes.
In «Revista dos Dragões» Julho de 2007
Ora aqui vai:
Carlos Nunes
O primeiro «poker» num clássico.
Época: 1935/36
Data: 22 de Março de 1936
Local: Campo do Amial
Intervenientes: FC Porto e Sporting CP
Recordar este jogo vale a pena. Pelo resultado (a maior goleada da história dos confrontos entre Dragões e Leões), pelo feito de um atleta (Carlos Nunes), pelas curiosidades à volta de alguns intervenientes (atletas e treinadores).
Comecemos pelo resultado. Jogava-se a 1ª jornada da segunda volta do Campeonato da 1ª Liga. O Sporting (comandante da prova, juntamente com o Benfica) vencera na 1ª jornada, no Campo Grande, o FC Porto por magros 3-2. Agora visitava o detentor do título (FC Porto) disposto a «matar o borrego» - cinco jogos sem vencer os Azuis e Brancos no seu reduto (3 derrotas e 2 empates), o que vale por dizer que como visitante nunca vencera o anfitrião.
Não só não o conseguiria, como regressaria à capital vergado ao peso de uma memorável goleada! Nada mais, nada menos do que 10-1.
Para o engordar do «score» muito contribuiu o facto de, naquela altura, não serem permitidas substituições. É que cedo (à passagem da meia hora de jogo) o Sporting já a perder por 2-1 ficaria sem o seu guarda-redes Dyson. Um pontapé fulminante de António Santos levou a bola a acertar em cheio na cabeça do «keeper» (era assim que se dizia na altura) leonino, deixando Dyson por terra. Sem sentidos, não mais se recomporia, recolhendo aos balneários. Para a baliza foi um avançado, Rui Carneiro, incapaz de travar o ataque comandado por Pinga. Resultado: em nove minutos Lopes Carneiro, Valdemar Mota, António Santos e Carlos Pereira fizeram quatro golos e, com 6-1, chegou o intervalo.
A segunda parte renderia menos dois golos, mas traria para a história azul e Branca um feito que permanecerá «ad-eternum» no livro «Livro de recordes» do futebol português pela 1ª vez, num clássico, um atleta conseguia colocar a sua assinatura no que em gíria futebolística se chama um «poker» (quatro golos).
E quem o assinou? Um atleta «nascido» nos infantis e diplomado na universidade da Constituição, de seu nome Carlos Nunes, ou, por respeito ao seu Bilhete de Identidade, Carlos Ferreira da Silva.
Com Pinga a abrir e a fechar a contagem, Carlos Nunes faria o 2-0 (17m), o 7-1 (65m), 8-1 (70m) e 9-1 (85m) 4 golos proeza que só 35 anos depois (em Janeiro de 1971) outro jogador do FC Porto conseguiria igualar, ao marcar 4 golos ao Benfica Lemos.
Director do FC Porto após ter abandonado o futebol, Carlos Nunes, extremo esquerdo no convencional alinhamento das equipas era o nº 11 - «fechou» a sua carreira internacional de três no Portugal-Alemanha, que a 27de Fevereiro de 1936 se disputou em Lisboa, e que os alemães venceriam por 3-1.
Na contabilidade oficial foi o 35ºda Selecção das quinas e o primeiro entre os dois países. Faltam as curiosidades. Na defesa Azul e Branca alinhava Carlos Alves, o verdadeiro homem das «luvas pretas», avô de João Alves, que nessa época, já com 33 anos e vítima de doença grave pulmonar, daria por encerrada a sua carreira. Uma época apenas , mas, de qualquer modo, tempo suficiente para o seu nome ficar associado a um feito relevante da história Portisata.
Recuperado, começou a sua carreira de treinador no Farense (a equipa era conhecida como o «oitavo exército») e finalizou-a na sua terra natal, Albergaria-a-Velha, treinando o Alba.
Na outra defesa, a do Sporting, jogava Vianinha, atleta que na época seguinte se transferiria para o FC Porto, por 21 contos. Se, pelo Sporting, tinha «encaixado» dez golos contra o FC Porto, pela sua nova equipa, um ano depois (04-04-1937), «encaixaria mais nove, em jogo coincidência das coincidências apitado pelo mesmo árbitro da anterior goleada Henrique Rosa, de Setúbal.
A terceira curiosidade envolve os treinadores. O FC Porto, que um mês antes dispensara Joseph Szabo, viu o seu novo treinador, também ele húngaro, Magyar, ter uma entrada de Dragão no seu primeiro clássico. O treinador do Sporting, esse, era o mesmíssimo Joseph Szabo que o FC Porto havia despedido.
Magyar não aqueceu o lugarmais do que uma época (substituiu-o seu compatriota François Gutkas). Joseph Szabo voltaria ao FC Porto em 1945 ficaria até 1947, altura em que o FC Porto a ser orientado por Alejandro Scopelli.
Para a fotografia ficar completa falta eternizar o onze Azul e Branco neste clássico:
Soares dos Reis, Carlos Alves, Avelino Martins, João da Nova, Carlos Pereira, anjos, Lopes Carneiro, Valdemar Mota, António Santos, Pinga e Carlos Nunes.
In «Revista dos Dragões» Julho de 2007