O Presidente encontra-se neste momento numa situação onde nunca esteve, enquanto líder do Porto. Nunca o Porto esteve nesta crise profunda de identidade, de resultados, de vitórias e de títulos conquistados. Nem nunca o Presidente em mais de 30 anos à frente do clube sofreu tanta contestação por parte dos adeptos. O Presidente procura passar uma imagem que está em controlo, mas nota-se a expressão grave no seu rosto. Nunca o vi assim, amedrontado. Já não está em controlo, já não tem a situação debaixo de rédeas. Havia anos em que se perdia um campeonato, mas as coisas estavam montadas, no ano seguinte voltava-se a trabalhar com o nosso modelo de sempre as coisas naturalmente voltavam ao sítio. Mas não agora. O Porto foi completamente descaracterizado no seu modelo de jogo, no seu modelo de jogadores à Porto, no seu modelo onde havia poucas mexidas no esqueleto do plantel, anualmente, saindo dois ou três e entrando uns outros tantos, com a base do equipa SEMPRE presente. Hoje em dia rebentaram com esse modelo, trabalhamos neste momento como o Benfica dos anos 90, entram 20 e saem outros 20 (e com os treinadores igual, todos os anos sai um e entra outro), trabalhamos com jogadores emprestados como nunca antes o fizemos, não damos tempo ao jogador para crescer no clube e com o clube. Somos uma organização fast-food de jogadores, escolhidos à la carte e com prazo de validade curto no clube, pois essa vaga de jogadores sabe desde antemão que a sua curta vida profissional de jogador vai ser andar a saltar de poleiro de 3em 3 anos, ou coisa que o valha, que dê para fazer dinheiro tanto para si, como para o seu agente ou instituição financeira que apostou nele. O Porto precisa urgentemente de se libertar deste tipo de jogadores e deste tipo de organizações que entraram no futebol, que procuram única e exclusivamente o lucro.
Fora o Helton, não temos um único jogador com raízes na equipa principal, algo que é completamente escandaloso. No começo do ano passado e deste ano, víamo-nos gregos para escolher um capitão de equipa, por falta de opções e de anos de clube, nunca antes visto!
O que é que fizeram com o Porto? O que é que esta Direcção fez com o nosso clube nos últimos anos? Como é que estes anteros e fernandos gomes e alexandres ainda continuam a esvoaçar no clube?
Como é que o Porto deixou perder o nosso modelo de jogo de décadas?!
Como é que o Presidente permitiu que deixassem mexer num modelo de jogo vencedor, e que tantas conquistas no deu em tantos anos?
Como é que o Presidente permitiu que o Porto fosse descaracterizado, que perdesse a identidade desta maneira?
Porque é que o Porto alterou o seu modelo desportivo, para esta aberração que vemos hoje em dia?
Como é que o Porto, outrora tão criterioso no recrutamento de jogadores, hoje em dia contrata tão mal e tão ultra inflaccionado?
Qual é a diferença do Benfica dos anos 90, que contratava 20 a cada princípio de época, deixando cair outros tantos que caíam no esquecimento, e que traziam Mauros Aires e Marcelos, Kings e Paredões, com o Porto deste momento que vai buscar camiões de jogadores ao desbarato e traz Maregas e Suks e Marcanos e Josés Angels?
Como é que o Porto se deixou chegar a esta situação?
Como é que o Porto se permitiu a cair neste buraco?
Como é que o Porto, tendo o maior orçamento do campeonato nacional, se auto mutilou desta maneira?
O Presidente está aflito, já está fora do seu controlo o estado a que o clube chegou, e nota-se perfeitamente na sua linguagem corporal, na sua expressão facial, no seu discurso, no seu nervosismo, o pânico em que está. E se está assim, é porque já não tem a chave para resolver os problemas, quer dizer que age presentemente por impulso, à tentativa, de olhos fechados, a ver se dá. Ora isso não são boas notícias. De todo.