A mim não me custa nada dar os parabéns a Pinto da Costa como reconhecer o seu mérito, até porque já o fiz no passado. Hoje agradecia é que apresentasse a demissão e criasse as condições necessárias para eleições democráticas ( mas isso vou esperar sentado). Agora o que custa mesmo é ouvir muitos portistas dizer que devemos tudo a Pinto da Costa. Considero isto de uma enorme ingratidão para com todos os que acompanharam Pinto da Costa na conquista dos êxitos do nosso Clube, desde jogadores, treinadores, dirigentes e sócios. Sozinho Pinto da Costa não ganhou nada nem sequer teria sido Presidente em 1982. Se José Pedroto no Verão quente de 1980 não se tivesse revoltado ( e levasse os jogadores a revoltarem-se também ) e continuasse a apoiar o Presidente Américo de Sá não acredito que Pinto da Costa chegasse a Presidente dois anos depois. Por falar em agradecimentos, também não ficaria mal Pinto da Costa agradecer aos associados do FCPorto tudo o que Clube lhe tem proporcionado, sobretudo uma vida confortavelmente desafogada (digamos assim para ser simpático). O problema é quando o Presidente se sente dono absoluto do Clube e quem acaba prejudicado é o FCPorto. Lembro-me do caso do Presidente Afonso Pinto de Magalhães, um grande portista, com muita dedicação ao Clube e que o serviu sem receber nada em troca, a não ser o prazer de servir o FCPorto. Aliás Pinto de Magalhães, dono do Banco com o mesmo nome, tinha fortuna pessoal e não precisava do dinheiro do Clube para viver. Infelizmente também se sentiu dono absoluto do Clube e para mostrar isso mesmo resolveu interferir directamente em matéria que era da responsabilidade do treinador. Desautorizou o treinador José Pedroto perante os jogadores e algum tempo depois despediu-o. Foi ainda mais longe, conseguiu fazer aprovar uma resolução em Assembleia Geral que não permitia que José Pedroto voltasse ao FCPorto. Na época 68/69, quando ocorreu este triste episódio, o FCPorto seguia em primeiro lugar (já tinha ganho a taça de Portugal, único troféu depois do último título em 1959) e com tudo isto Pinto de Magalhães sacrificou a possibilidade do FCPorto ter sido campeão nesse ano sob o comando do saudoso Pedroto. Dois ou três anos depois, infelizmente para ele e sobretudo para o Clube, Pinto de Magalhães saiu sem honra nem glória. E ainda teve anos de vida para ver o grande José Pedroto voltar entrar no Clube pela porta grande já com a presidência de Américo Sá. Trouxe aqui este exemplo triste porque muitas vezes a história repete-se e o caso actual, infelizmente, é muito semelhante, excepto no que refere à questão dos dinheiros. Pinto de Magalhães não dependia do Clube para viver. Cordiais saudações portistas. Jorge Monteiro