Agradeço mesmo as tuas palavras. É bom ver que ainda há espaço para discutir o futebol do FC Porto com esta seriedade, sem entrar em trincheiras ou manias de superioridade moral. Ou comportamento de bot como diz o
@Edgar Siska.
Tal como tu, eu também vejo limitações claras neste plantel. Ninguém está aqui a negar isso.
Mas um treinador serve exatamente para isso: ajudar os jogadores a esconderem o que têm de pior e potenciar o que têm de melhor.
Um bom treinador cria contexto, dá confiança, transmite tranquilidade, estrutura e establidade — não são só os treinadores que necessitam de establidade.
Quando isso acontece, mesmo jogadores medianos passam a parecer competentes — porque estão enquadrados num sistema que os protege.
É como dizia o Peter Crouch sobre o Stoke City do Tony Pulis:
“Éramos jogadores de merda... mas dentro de um sistema que funcionava.”
Claro que no FC Porto não queremos um kick and rush, nem um futebol de segunda bola.
Temos jogadores para fazer bem mais do que isso.
Mas o ponto central é este.
Se o modelo original do treinador não está a funcionar — então tem de o ajustar.
Não pode ser a equipa toda a adaptar-se ao modelo.
Tem de ser o treinador a adaptar o modelo à equipa — e ao contexto.
E se com o tempo vierem reforços para o sistema ideal dele, ótimo.
Mas até lá, tem de trabalhar com o que há. E não sacrificar os jogadores nem o clube só para manter uma ideia rígida.
Aliás, muitas vezes acontece o contrário.
Treinadores moldam a ideia ao plantel, começam a ganhar confiança com pequenos ajustes, e acabam por perceber que o próprio sistema, com aquelas alterações, até funciona melhor.
Futebol também é descoberta.
Mas para isso é preciso humildade — e ter capacidade de leitura.