HISTÓRIAS DE GUERREIROS E DRAGÕES
A terceira final da Taça entre FC Porto e Braga é, na verdade, a quinta final entre ambos. Confuso? Nós explicamos
Por João Queiroz
A 22 de maio, FC Porto e Sporting de Braga encontram-se na final da Taça de Portugal pela terceira vez desde que há 78 anos a competição estreou oficialmente. As duas anteriores aconteceram no século passado, ambas foram marcadas pelo equilíbrio e ambas terminaram com os portistas a erguer o troféu. Mas esta história de guerreiros e Dragões tem mais capítulos, um deles, o mais glorioso de todos, aconteceu aos olhos de todo o mundo, na final da Liga Europa, que honrou a tradição destes duelos com pronúncia do norte.
São dois clubes históricos com uma longa tradição no futebol português. Rezam as crónicas que já se encontraram em 141 jogos oficiais, 16 dos quais na Taça de Portugal. O FC Porto venceu 12, perdeu três e registou-se um empate na primeira mão dos oitavos de final da edição de 1951/52, em Braga. Que seria, dias depois, desfeito na segunda mão, no Campo da Constituição, à custa de uma exibição avassaladora dos azuis e brancos, a condizer com o resultado: 10-1, com um poker de Monteiro da Costa, que fazia parte de uma equipa na qual brilhavam também Barrigana, Virgílio, Hernâni e Araújo.
Seis anos volvidos, de novo nos oitavos de final, o Sporting de Braga conseguia, finalmente, sair vencedor de um jogo na prova com os portistas como adversário. Mas a vitória em casa (3-1) não consegue anular a desvantagem (3-0) da primeira mão, no Estádio das Antas, à custa de dois golos de António Teixeira e outro de Hernâni. Estava dado o primeiro passo na caminhada rumo ao Jamor e à conquista da segunda Taça de Portugal do palmarés, frente ao Benfica, decidida com um golo de Hernâni, o Furacão de Águeda.
Estávamos em 1958, a 19 anos de vermos FC Porto e Sporting de Braga encontrarem-se pela primeira vez numa final da competição, resolvida pelo génio de Gomes, nas Antas. Corria o ano de 1977 e a espera seria ainda maior para se assistir à reedição do duelo. Passaram 21 anos, muita coisa mudou no futebol português desde então, mas o que mudou entre uma final e outra foi o palco do jogo - desta vez, no Jamor - e o número de golos. Vitória portista por 3-1, com o terceiro golo apontado pelo brasileiro Artur num sensacional pontapé de bicicleta que entrou diretamente para a galeria dos mais belos marcados nas balizas do Jamor.
Por falar em golos belos, por que não lembrar o último dos três de Jankauskas que construíram o triunfo dos Dragões por 3-1 sobre os arsenalistas na meia-final da edição de 2003/04, em pleno Estádio 1.º de Maio?
Aproveitei um ressalto de um lance com o Deco e rematei com o meu melhor pé, o esquerdo, de fora da área. Apanhei bem a bola e o remate saiu muito forte e colocado, sem hipóteses para o guarda-redes. Acredito que foi um grande golo em qualquer parte do mundo, recordaria mais tarde o avançado lituano à Dragões.
Nessa altura, já o século XXI tinha chegado e o início da segunda década traz-nos mais duas finais entre os dois clubes, separadas por um curto espaço de pouco menos de dois anos. Agora, para disputar dois troféus de duas outras competições.
Em 2013, a Taça da Liga foi de penálti para as mãos dos jogadores do Sporting de Braga. A mais importante, a que marcou a estreia em palcos internacionais, a da Liga Europa, foi levantada em 2010/11 pelas mãos de Helton e companhia, numa das mais brilhantes épocas destes quase 123 anos de vida do clube.
Texto publicado na edição de maio de 2016 da Dragões, a revista oficial do FC Porto, disponível na FC Porto Store do Estádio do Dragão