Ui, nem sei por onde começar....
Antes de mais, já que levou isto para experiencias pessoais com a frase "já testemunhei em primeira mão", apresento-me desde ja. A minha formação é na área da história com especialização em História e Relações Internacionais, logo não serei um leigo nestas matérias e também tenho experiências pessoais a contar.
O Estado português não tem coisa nenhuma que pedir desculpa, a meu ver. A não ser que o Estado de Angola faça o mesmo, visto ser ladrão quem rouba e quem espera no carro. Não há motivo nenhum para esse virtue signaling. Os portugueses nunca tiveram uma intervenção direta na obtenção de escravos, o que fizemos foi aumentar a procura de escravos na África negra, o que levou as tribos africanas a exterminarem as mais pequenas e
a vende-las a nós em troco de dinheiro e apoio político.
Isto é de uma desculpabilização inacreditável.
Em primeiro lugar, os portugueses fizeram tão simplesmente que a procura acontecesse ao "precisarmos" de escravos para o Brasil... Depois, está mais do que registado que tambem fomos ativos na cativação directa de escravos nas tribos.
Mantivemos escravos em cativo, tínhamos mercados de escravos e transportámos ativmaente escravos em navios negreiros pelo atlântico em condições deploráveis, causando um autêntico holocausto de perda de vidas somente nestas viagens...
As guerras civis de que fala foram fruto de oligarquias no poder dos respectivos países e não tem nada que ver com a escravatura.
Eu não falei de escravatura em particular, falo sim da ingerência em geral nestes países. A escravatura produziu desiquilibrios como a colonização em geral, criação de praças comerciais, etc... Ainda hoje o mapa de África advém da conferência de Berlim como bem deves saber. Ainda hoje, há grandes assimetrias por toda a América latina entre a população colonizada e a população hispânica que continua a deter a maior parte do poder económico.
Mais rápido devia ter falado do Haiti e do massacre sobre os franceses ocupadores, com os resultados em 2021 que infelizmente todos conhecemos
Uma coisa coisa não faz que a outra deixe de ser condenável! Aliás, é o mesmo tipo de desiquilibrio. Falamos de uma revolta de escravos!
Já a forma como falas disso, trazendo como contraponto uma revolta de escravos sobre o poder colonial, leva-me para pontos de vista xenófobos e parciais da tua parte.
Convém também falar que em assuntos que começaram há 500 anos devemos perceber bem a época para falar. Conhece a convenção de direito de guerra? É que se aos olhos de hoje podemos e devemos criticar a colonização, não deveríamos também ter uma critica a fazer à Turquia? Os turcos são uma tribo asiática que conquistou território europeu e expulsaram os antigos bizantinos de lá em 1453, 50 anos depois conquistariamos o Brasil e já tínhamos cidades ao longo da costa africana. Realço a conquista de Ceuta em 1415 que se perdeu em 1667 para os espanhóis. Se aos dias de hoje muita gente diz que Ceuta deveria ser "devolvida" a Marrocos( e Marrocos nem existia à época mas sim o reino de Fez) então a Turquia devia ser devolvida também, não? Deve estar a pensar porque motivo estou a confundir temas.
Um bem haja.
Mas a questão não pode ser de guerra porque ocupação, colonialismo, escravatura, genocídio, vão muito além de guerras. aliás, a própria legitimação da guerra é um assunto controverso.
O status quo post bellum deve ser respeitado em nome da estabilidade mas só quando está respeitada essa mesma estabilidade parao bem de todos, não simplesmente para dar fim a um conflito bélico.
Ora, quando se fala de história o que a maior parte das pessoas faz, começando smepre pelo pior erro, olhar o passado com as lentes de 2021.
Olhar para a história com lentes de 2021 é também desculpabilizar, esquecer e reescrever só porque já passaram 300, 400 ou 500 anos. Transformar essa distância temporal em esquecimento é também usar lentes de 2021...