Uma vez que a entrevista de JF está a gerar alguma celeuma dada a frase que à moda do lixord quis transformar como a ideia chave da entrevista decidi colocar cá uns excertos que clarificarão a imagem que os psudo jornalistas quiseram dar.
\" Jesualdo: «É bastante difícil saber gerir o sucesso»
R Como é que tem visto o facto de Jorge Jesus passar em poucos meses de idolatrado a contestado no Benfica?
JF É bastante difícil saber gerir o sucesso e é necessário estar-se preparado para gerir esse sucesso, e isto é para todos, para toda a gente. A vida está constantemente a mudar. Quando se ganha qualquer coisa, é preciso preparar-se para ganhar mais vezes, e isso no Benfica não tem acontecido, ao contrário do que sucede no FC Porto. E no FC Porto, quando se perde, tem-se consciência por que é que se perde. O Benfica não tem sabido gerir o sucesso e a sua força, e isso é um caso evidente. Ninguém do Benfica tem de ficar zangado com o que estou a dizer. É uma verdade.
R Ficou surpreendido com o fracasso do Benfica na Champions?
JF Se calhar muita gente pensou coisas de que se arrepende nos anos em que estive no FC Porto e fomos eliminados por equipas muito fortes como Real Madrid, Manchester United, Arsenal e Chelsea. Tinha oportunidade de ver as críticas que me faziam a mim. Aí têm a resposta...
R A Liga dos Campeões não é brincadeira?
JF Não é uma prova igual àquela a que estamos habituados. Há um conjunto de fatores que nos preparam para ter uma equipa forte no campeonato e na Champions.
R O FC Porto tem dimensão europeia, ao contrário do Benfica?
JF Tem, porque ganhou-a nos últimos anos, tal como o Benfica já teve no passado. O FC Porto ganhou em 87 e o Benfica em 61 e 62. O Benfica esteve em seis finais e ganhou duas, enquanto o FC Porto esteve em duas e ganhou as duas. Significa que o sucesso para o FC Porto passa por ser campeão e estar constantemente na Champions e prepara-se para isso.
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R Estamos na presença da melhor equipa da história?
JF Este Barcelona tem muitas semelhanças com o Ajax do tempo do Cruijff, que foi um equipa sublime. Este Barcelona tem cultura, tem história, tem clube. O clube está acima de todos os jogadores.
R E isso não acontece no Real Madrid?
JF O Real Madrid já foi mais do que é agora. O FC Porto também é mais clube que jogadores ou dirigentes.
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R É possível dar dimensão europeia ao Panathinaikos?
JF O Panathinaikos, antes de discutir na Europa, tem de ser o melhor na Grécia e ultrapassar as limitações que a liga grega apresenta e que, no fundo, são o mesmo problema que se passa na liga portuguesa. Há que preparar a equipa para ganhar sustentabilidade no plano interno e depois conseguir apresentar um bom nível na Europa. No FC Porto foi possível passar essas dificuldades. Não vai ser fácil, mas é possível.
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R Não está surpreendido com este começo de época do FC Porto?
JF Já disse isto várias vezes. O FC Porto está a fazer bem o seu trabalho, está a ganhar os jogos que tem de ganhar, há um resultado anormal que é o jogo com o Benfica, não pela vitória mas sim pelos números em causa. Aliás, se as pessoas forem ver nos quatro anos que estive no FC Porto, perdi uma vez na Luz e ganhámos as outras partidas todas da Liga. Ganhar ao Benfica no Dragão aconteceu sempre enquanto lá estive. O FC Porto fez o trabalho bem. Quem não fez igual foi o Benfica. Não me surpreende a carreira do FC Porto, surpreende-me sim a carreira do Benfica.
R Como é que tem visto o trabalho de André Villas-Boas?
JF Quem está a ganhar da forma como ele está, só pode estar a fazer um bom trabalho.
R Consegue-se ser bom treinador aos 33 anos?
JF Pelos vistos, parece que sim. Sabe que a carreira de um treinador, como qualquer líder, é avaliada durante muitos anos. Daqui a alguns anos vai-se avaliar se o Villas-Boas é tão bom e vai ser o melhor, como foi possível chegar ao fim de 10 anos e dizer que o Mourinho é o melhor do Mundo. Foi o que ganhou mais vezes.
R Ficou célebre a frase de Mário Wilson quando disse que no Benfica qualquer um se arrisca a ser campeão. Hoje em dia, no FC Porto qualquer um se arrisca a ser campeão?
JF Mas por que é que mudou o sentido da frase do Mário Wilson?
R A hegemonia do futebol português mudou claramente para o lado do FC Porto?
JF Não é verdade que qualquer treinador ganhe no FC Porto. Ganham os bons.
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Seis meses após abandonar o comando do FC Porto, o técnico tricampeão nacional faz um balanço da passagem pelo Dragão e rejeita tirar mérito ao rival na última época, num discurso dissonante de Pinto da Costa. Um balanço de carreira onde recorda a passagem frustrante pela Luz, a desilusão do projeto em Málaga e o presente no Panathinaikos.
RECORD Hoje em dia é um treinador muito diferente daquele que em 1981 começou a carreira no Rio Maior?
JESUALDO FERREIRA Muito diferente, claro que sim. Tinha algumas ideias, na altura, que eram muito difíceis de entender pelas pessoas e que hoje fazem doutrina no treino e nas outras equipas. Na altura faziam confronto.
R Naquela altura esperava chegar onde chegou?
JF Não, naquela altura era alguém que queria fazer carreira mas que não tinha background, nem de nome nem de apoios. Tinha só a minha competência.
R Foi dos primeiros treinadores a ter formação académica. Foi um fator importante?
JF Foi importante para mim e para a evolução do meu percurso profissional, mas não foi importante para me impor na carreira.
R Hoje fala-se muito dos treinadores com base cientifica.
JF Naquela altura era impossível haver uma discussão desse tipo. Não havia lugar para quem não tivesse uma ligação muito forte ao futebol. Naquela altura seria impossível o Villas-Boas ou o José Mourinho terem sido treinadores de FC Porto ou Benfica. Em 1974, quando comecei, ser professor de Educação Física não era uma mais-valia, era um problema.
R Mourinho e Villas-Boas surgem precisamente dessa vertente mais científica. Isso faz um treinador ser melhor ou pior?
JF Mas por que é que está a falar nesses dois nomes?
R São os dois casos de maior mediatismo entre treinadores que não tiveram qualquer ligação ao futebol enquanto jogadores.
JF Não há o treinador ideal. O ideal seria sempre ter uma formação académica e científica muito forte e com uma prática de excelência. Quem não dominar mais que o 4x4x2, tem dificuldades, obviamente. Hoje vivemos na era da comunicação, é tudo ao minuto, a informação é disponibilizada de toda as formas.
R É mais fácil ser treinador hoje em dia?
JF É mais fácil para quem quiser ter mais conhecimento do que era no passado. Chegar ao conhecimento hoje é clicar numa tecla.
R A primeira experiência como treinador principal de um grande surge no Benfica. Foi mais uma vítima daquilo que tem sido uma máquina trituradora de treinadores nos últimos anos?
JF O Benfica, como o FC Porto e Sporting, são clubes com problemas diferentes mas sempre obrigados a ganhar. A base social do Benfica é grande, maior que o Sporting e o FC Porto, e por isso a dimensão do Benfica é mais pesada que a dos rivais. Ainda é o clube com mais títulos mas conquistou-os até 1980, mais ou menos, e perdeu a hegemonia para o FC Porto. Em 23 anos ganhou cinco campeonatos. Para uma equipa da dimensão do Benfica percebe-se as constantes mutações.
R Para quem conhece os dois, Benfica e FC Porto são clubes assim tão diferentes?
JF Claro que são muito diferentes. O FC Porto foi um clube que contestou o poderio de Lisboa. A alteração política do país levou a que as pessoas contestassem o poder, e com essa abertura o FC Porto foi mais rápido a conquistar o poder que estava em Lisboa.
R Mérito total e absoluto de Pinto da Costa?
JF Claro que sim. O presidente Pinto da Costa tem 28 anos de presidência, foi uma liderança de sucesso só igualada por Santiago Bernabéu no Real Madrid e por isso ganhou mais. Não ganha sempre, mas ganha mais vezes.
R O que é que correu mal no Benfica?
JF As pessoas não sabem o que era o Benfica naquela altura e o que é agora. Não tem nada a ver. 2001 é o ano em que tenho dois presidentes e o clube havia batido no fundo. A partir daí foi a subida gradual até ao que é hoje.
R Foi uma aposta pessoal de Luís Filipe Vieira. Ficaram amigos?
JF Tivemos sempre uma relação cordial, mesmo quando saí do Benfica. Mais distante quando estive no FC Porto, o que é natural.
R Nunca ficou muito bem explicada a história do eventual regresso de Mourinho ao Benfica, que só ficou inviabilizado porque ele não o aceitou como adjunto.
JF Na altura era adjunto do clube e não de A, B ou C. Já depois de estar no Alverca com o Luís Filipe Vieira não estava interessado em ir para o Benfica. Já lá tinha estado, já tinha ganho mais vezes do que tinha perdido. Entendia que não era o momento. Era um problema complicado. Nunca podia ser o adjunto que tinha sido antes. Então o que acordei com Luís Filipe Vieira e que estava contratualmente expresso era que seria o segundo treinador de uma estrutura profissional. Para além disso, tinha outras funções que desempenhei. Coadjuvava sempre o treinador principal, fosse ele qual fosse. Sobre esse eventual regresso de Mourinho, nunca me me foi dito oficialmente o que se passou; portanto, é um tema que nem existe. Havia um contrato que era para cumprir e eu cumpri-o, até ao momento em que fui para Braga. Apenas isso.
R Em Braga impulsionou o clube para outros voos. Foi uma experiência enriquecedora?
JF Foi fantástico. O Braga, para mim, é o momento em que provei a mim próprio e para o exterior que aquilo que eu defendi durante muito tempo era possível, que era ajudar um clube a ser mais forte. Com aquela estrutura liderada por António Salvador, era possível fazer uma equipa que fosse competitiva e que discutisse os lugares de cima como o Sporting de Braga discutiu, e que fosse uma equipa para a Europa como o Sporting de Braga é hoje em dia. É um clube grande. Quando lá cheguei, o clube estava na linha de água, para descer de divisão.
R Seguem-se uns dias no Boavista...
JF O Boavista é um clube fantástico. No pouco tempo que lá estive deu para perceber que estava num grande clube, mas com muitos problemas e que infelizmente pagou caro tudo aquilo que foi a sua história. O pequeno tinha conseguido ganhar o que era muito difícil, com pessoas muito boas a liderar o clube. Tenho muita pena de ver o Boavista na situação que está hoje.
R Surge então o convite do FC Porto. Foi a maior surpresa da sua carreira?
JF Foi, claramente. Não era previsível que o senhor Adriaanse saísse e provavelmente não me passava pela cabeça ir para o FC Porto. Não estava nos meus planos, mas foi um desafio que agarrei com muita coragem, a quatro dias de começar o campeonato. E o resto... toda a gente sabe a história.
R No FC Porto sentiu alguma vez o rótulo do seu passado benfiquista?
JF Sim, claro que sim. Aliás, a imprensa fez sempre questão de referir isso, para que eu não me esquecesse. A verdade é que passei quatro anos no FC Porto, ganhei títulos, ganhei jogos e acho que ganhei o respeito das pessoas, mas nunca senti nenhuma animosidade contra mim dentro do clube ou das gentes do Porto.
R O FC Porto segue com uma longa invencibilidade desde o seu tempo. Sente que deixou as bases para o sucesso?
JF Fiz o trabalho que tinha para fazer. Toda a gente sabe qual é a política do FC Porto no que diz respeito ao seu futebol profissional, isso foi sempre claro para todos. No ano passado, a equipa foi de novo reconstruída para poder ganhar e não conseguimos ganhar.
R Foi um ano zero?
JF Não, não foi porque já havia alguns jogadores que vinham da época passada. Este ano a equipa do FC Porto tem jogadores que já foram campeões e outros vão ser campeões pela primeira vez. Isto explica-se pela filosofia do FC Porto. Investe-se em jogadores com capacidade e que querem ganhar. Ganhar campeonatos e estar nas competições europeias é a obrigação de toda a gente ali dentro, e todos sabem disso. É isto que fez a diferença.
R Na época passada houve muito mérito do Benfica ou mais demérito do FC Porto?
JF Houve muito mérito do Benfica e algum demérito do FC Porto, tal como acontece este ano no sentido inverso. No futebol português e numa luta a dois, a força de um e a fraqueza de outro vai determinar quem é mais forte.
R Falou-se muito na influência que teve a suspensão do Hulk no campeonato. Considera que o Benfica foi um justo campeão?
JF O Benfica foi um justo campeão, porque em 30 jornadas conseguiu mais pontos que FC Porto e Braga. Ganhou mais jogos e foi um justo campeão. Por que é que se está a colocar em dúvida a vitória do Benfica como se puseram sempre em dúvida as vitórias do FC Porto? Essa é a pergunta que fica no ar...
R Pergunto-lhe porquê?
JF Não sei. Não vou responder nem me vou meter nesse tipo de cogitações. Não é justo não dar valor aos campeões.
R Acha que há falta de fair play? Não se sabe perder?
JF (Pausa) Às vezes não se sabe é ganhar...
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A frase bombastica está algures aqui no meio e só tem objectivos da eterna agenda que favorece a Manada. E tenta criar problemas no Dragão.
As tentativas do lixord dão cada vez mais contributos para a clarificação, divulgação do conceito: Intentona.
PS: tive necessidade, imponha-se, de fazer uma edição do meu primeiro post.