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De facto, ainda na China, a 9500 quilómetros do Stade Vélodrome – o seu futuro reduto –, Villas-Boas começava a pensar noutro tipo de voos. Não hesita em partilhar com os seus dois interlocutores. Para que não haja margem para qualquer equívoco, previne-os de que, apesar de estar pronto para abraçar o projecto Marselha, não tenciona fazê-lo por mais de dois anos. O limite é esse: dois anos. Porquê? Porque a partir daí pretendia estar livre para preparar com cabeça, tronco e membros a candidatura à presidência do seu grande amor desportivo, o clube a cujos jogos assistia desde miúdo, com três anos, ao colo ou às cavalitas do padrinho, irmão da sua mãe, ainda na velhinha arquibancada, na lateral leste do relvado e que completava o anel do Estádio das Antas. Na mente de Villas-Boas, é cada vez mais vincado o sentido de destino. Pensa recorrentemente em voltar à casa em que se sente em casa, até porque, mesmo à distância, acompanha pari passu a vida do FC Porto, que enfrenta um dos períodos mais difíceis do reinado de Jorge Nuno Pinto da Costa, sujeito à apertada tutela da UEFA devido ao incumprimento das regras do fair-play financeiro. Em jeito de vaticínio e com uma convicção que parece inabalável, diz ao presidente do Marselha que tem à sua frente o próximo presidente dos azuis-e-brancos. A tirada parece extemporânea e demasiado arriscada, mas o calendário, esse, joga a favor do ainda treinador. (...)