Isto de ir para velho tem as suas vantagens...desde que a memória seja boa...
Conheci de perto o Teófilo Cubillas, por ocasião da sua passagem pelo Porto. Antes do mais, importa frizar que a compra do Cubillas só foi
possível graças a uma subscrição pública feita entre os sócios do clube. Américo Sá, o presidente que sucedeu ao mecenas Afonso Pinto de Magalhães baseou a sua \"doutrina\" na máxima \"o clube será aquilo que os sócios quizerem\". Cubillas foi o primeiro sinal tangível desta política. Quem tem memória para o que eram, naqueles tempos, as Assmbleias gerais do Clube, tanto no ginásio da Alexandre Herculano como nos baixos do Estádio das Antas com a preença da Comunicação Social e teve a possibilidade de assistir como eu - ido expressamente de Lisboa - à Assembleia geral de há quinze dias, quase clandestina, numa sala mínima, sem a presença da comunicação social (quem faz o relato do que se passou para os jornais é o director e administrador Fernando Gomes...) compreende as diferenças que explicam muitas coisas.
Mas, voltando ao Cubillas: do meu ponto de vista, não era um jogador tão completo como o Madjer. Não tinha perna esquerda e era fraquinho de cabeça. Mas, tal como o argelino, baixava pouco para marcar. E era muito melhor profissional!
Vivia naquele prédio alto da Praça da Galiza, num andar cedido pelo clube, onde lhe nasceu pelo menos um fillho. Nesse andar viveu depois - calculem vocês!- o Octávio Machado...
Veio ganhar 125 por mês- um montão de massa! A Bola tratou logo de fazer \"manchete\" com os proventos do Cubillas ao minuto. Já eram muito nossos amigos, nos idos de 73-74.
Vi, na Tapadinha, num jogo conta o Atlético, o golo de que fala o MST: ganhamos por 5-1, se bem me recordo e no tal golo o Teófilo fintou uns cinco ou seis e só não entrou com a bola pela baliza por respeito ao adversário.
Mas o melhor jogo que lhe vi fazer foi contra o Benfica nas Antas - marcou o primeiro e deu a marcar o segundo ao Abel, com uma asistência fantástica, na baliza do topo Norte. Estavammos na luta pelo título e, na semana seguinte, em Lisboa, contra o Sporting, que viria a ser campeão, no fim de semana do golpe das Caldas, fomos roubadíssimos e perdemos por 2-0.O Dinis fez o 1-0 depois de, COM A MÃO, sacar a bola que o Tibi já tinha agarrada... Outros tempos.
A passagem do Cubillas pelo Porto ficou muito marcada pela campanha da Selecção do Perú para o campeonato sul-americano. Muitas deslocações e o jogador a poupar-se.. O facto é que o Peru foi campeão e a \"compreensão\" do Porto foi premiada com uma digressão àquele país onde ganhou os quatro jogos- o último contra a seleção recém sagrada campeão.
A venda do Cubillas, foi a um clube da Liga americana, na Florida, onde, depois de terminar a carreira, fundou uma academia de futebol.
Nunca mais voltou a Portugal, nem mesmo depois do Mundial de Espanha, apesar de o grupo do Perú jogar em Vigo... Sei de muitos amigos portuenses que o foram ver à Galiza O Teófilo disse-lhes que não podia voltar pois tinha deixado umas dívidazinhas ao fisco...