Estórias da nossa história

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hast

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> fcporto56 Comentou:

> Historias interessantes.O Valdemar Mota faleceu quando?Ja agora nao me lembro de ser feita uma festa de homenagem ao Americo em 63-64.Nessa altura ele ia a meio da carreira.

* * * * *

Faleceu em Abril de 1966.Foi sepultado no mausoléu do Futebol Clube do Porto no cemitério de Agramonte.
 

fcporto56

Tribuna Presidencial
26 Julho 2006
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Sacramento
> adriano cabral Comentou:

> Interessante como João Alves detestava tanto o F.C.Porto apesar do passado.
Ele achava que o F.C.Porto só era grande graças ao Sr. Pedroto. Ipsis verbis. Eu até concordava com ele na altura.
.....................
Segundo ele esteve quase a vir treinar o FCPorto.Eu vi ele contar na televisao que o Pinto da Costa o tinha contactado quando ele (Joao Alves) estava de ferias com a mulher em Franca.O problema foi que o PdC queria que ele regressa-se ja a Portugal para discutirem contrato.Mas a mulher dele nao quis encurtar as ferias e la se foi a oportunidade.
 
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Apesar de estar um pouco fora do contexto do tópico, e um pouco tardio, este post envolve passado, presente e futuro, tendo como elo de ligação o nosso jovem jogador Castro, que se encontra na situação de emprestado ao Olhanense.

André CASTRO Pereira - Com fogo no sangue

Singular e particularmente fecunda, farta em detalhes característicos de uma fábula admirável, a história de Castro precede-o, desenhando um curioso ziguezaguear de quatro gerações habilitado a reescrever uma original carta de apresentação, cujos primeiros traços foram rabiscados há mais de sete décadas. Campeão júnior e debutante, André é o quarto Dragão de uma linhagem rara e notável.
O percurso caprichoso de uma árvore genealógica fascinante devolve-nos ao século passado, à década de 30. Lá, muito antes da II Grande Guerra, a pesquisa revela a figura de Francisco Castro, o bisavô materno que André não chegou a conhecer. Personagem divertido, particularmente popular em Santa Catarina, vestiu de Azul e Branco, depois de uma breve passagem pelo Salgueiros, e integrou a equipa do FC PORTO que conquistou o primeiro de todos os campeonatos, em 1932, liderada pelo húngaro Joseph Szabo.
Duas vezes internacional, sobre Castro, cromo difícil dos rebuçados «Azes do Foot-Ball», escreveu-se, na altura, que era um dos melhores no seu lugar, o de «ponta esquerda». Dele se dizia que só gostava de sardinha, apesar de o pai deter metade dos talhos da cidade do Porto, e de ser praticamente imbatível na posição de guarda-redes. Em 1933, no Ameal, interpretou um episódio insólito, a poucos minutos do início do jogo das meias-finais do Campeonato de Portugal. Lesionado, foi substituído por Szabo, o treinador. O FC PORTO venceu o Benfica por 8-0.
Anos mais tarde, Carlos, filho de Francisco, também seria do FC PORTO, sem, no entanto, chegar a equipar-se. Já no Estádio das Antas, o avô de André desempenhou as funções de supervisor fiscal. A dinastia Castro reencontraria os relvados na geração imediata. Miguel Ângelo, defesa-central, evoluiu em todos os escalões de formação dos Dragões e foi capitão dos juvenis. Respondia também pelo nome de Castro e distinguia-se pela sensatez e tranquilidade, mesmo nas situações mais delicadas. Conta o sobrinho que «era exemplar até na escola». Vítima de um cancro, morreu ainda antes de completar 20 anos.
Quando André, o mais jovem Dragão da família, chegou ao FC PORTO, já havia adoptado outro nome para constar das fichas de jogo. «No meu último ano de escolinhas no Gondomar, o treinador desafiou os muitos Andrés da equipa a escolherem uma alcunha ou apelido, para que pudesse distinguir-nos», conta o jovem médio, capitão da equipa campeã nacional de juniores e hoje estreante no plantel orientado por Jesualdo Ferreira. «Não pensei duas vezes, escolhi o nome Castro, em homenagem ao meu tio, que tinha morrido fazia pouco tempo».
Sócio Portista desde os quatro anos, Castro realizava, aos 11, o primeiro de uma ousada lista de sonhos. Por uma tremenda coincidência, chegava ao FC PORTO por intermédio de Álvaro Silva, o treinador que fizera do tio Miguel Ângelo capitão dos juvenis. «Foi um grande orgulho para os meus avós», recorda. E também para o meu pai, Rui Pereira, que com idade de júnior jogara nos seniores do Sport Rio Tinto, antes de uma rotura de ligamentos colocar ponto final numa carreira promissora. Ainda hoje, pai e avô seguem-no para todo o lado.
A concretização da ambição seguinte de André não tem muito mais de cinco meses. «O melhor que me podia ter acontecido foi sagrar-me campeão nacional de juniores». Ávido, mas paciente, traça agora outros objectivos, assumido querer «muito mais», mas nada que ultrapasse as fronteiras do Dragão. «A minha grande ilusão é poder ser uma referência no FC PORTO, como foram, por exemplo, o João Pinto e o Vítor Baía». Do estrangeiro e de prestígio internacional não quer ouvir falar. «Estou num grande clube europeu e mundial, que mais posso querer?». Francisco, o primeiro Dragão da linhagem, orgulhar-se-ia do bisneto.
In «Revista dos Dragões» Novembro de 2007
 
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… E ASSIM NASCEU O FCPORTO

A última ceia do «Grupo do Destino»
Hoje não sou eu o pai do texto desta estória já contada, mas perdida no tempo.
Cruzei-me com ela, nas páginas de «O Porto» de 28 de Maio de 1952 (ano III nº 144). Publicada há mais de meio século será. Certamente, desconhecida para muitos que não têm à mão de semear velhos exemplares daquele que era na altura o «órgão oficial do FC Porto».
Não muda nada na nossa história, mas enriquece-a, muito em pormenores que (tanto quanto conhecemos) sempre passaram à margem dos nacos suculentos que nos contavam «as grandes ceatas» do Grupo do Destino. Não é uma estória de embalar mas é, certamente, para os interessados na nossa história, uma estória de encantar. Nada acresce à história mas recheia a história e o seu recheio, o seu recheio é, quase sempre, a sua verdadeira alma.
Uma estória que tem assinatura de autor, contada por quem a viveu tem sempre um sabor a autenticidade que não lhe pode ser sonegada. Por isso, dissemos, que não somos o pai deste texto. Esse é António Augusto Baptista Júnior. Seremos apenas e só o responsável pela escolha do tema desta estória e o «evocante» da evocação feita pelo autor do nosso «Porto» de há 58 anos, era seu editor e director Leite Maia.
Faça o favor o leitor de fazer connosco a viagem que fizemos com Baptista Júnior, que os foi contando o que vão passar a ler (os sublinhados são nossos).

As grandes ceatas do Grupo do Destino
«Era num restaurante do largo da Cordoaria, próximo de onde foi, nos nossos dias o Instituto Francês, e no velho Restaurante Pinto da Rua do Correia (hoje Rua do Conde de Vizela) que nós, os componentes do Grupo do Destino nos reuníamos nas grandes ceatas que celebravam a nossa profunda e sincera amizade e constituíam o agradável pretexto para mantermos uma convivência cem por cento familiar.
Era o tempo risonho e pacato em que a burguesia portuense e, principalmente, a mocidade tripeira se deliciavam com a leitura humorística do «Sorvete» e do «Charivari» (um termo que passado tantos anos ainda usamos quando queremos dar conta de um grande xinfrim…).
Tudo era, pois, pretexto para fazer «blague» (piada) … e as ceias do Grupo do Destino não tinham outro objectivo. Porque escolhíamos os restaurantes da Cordoaria e da Rua do Correio?
Porque os mais influentes do grupo eram três irmãos que viriam mais tarde a ser cunhados do saudoso António Martins (à altura funcionário da Alfândega do Porto, acrescentamos nós) que casou com uma irmã daqueles e porque aqueles rapazes tinham uma oficina de funileiro na Rua das Taipas, onde viviam.
Ora, como a Companhia Hortícola de que Jerónimo da Costa era gerente e seu filho – José Monteiro da Costa – funcionário, tinha alguns dos seus viveiros no Passeio das Virtudes, era natural que o local de reunião lá mais para baixo do que cá para cima, onde afinal veio a deslocar-se, após a fundação do FC Porto e a criação do Campo da Rainha.

Como se divertia o Porto em 1906
Nesses recuados tempos de há quase meio século (agora mais de um século – 104 anos), os portuenses tinham o decidido gosto +elo teatro – o cinema ainda não tinha posto o pé no burgo tripeiro, para dele dispor como dono e senhor – constituíam também as suas diversões favoritas a tourada, os cavalinhos de circo no Palácio Cristal, as corridas velocipédicas… e por aqui se ficava.
Havia, também, nesse tempo muito gosto por viajar ao estrangeiro e eu atribuo isso ao facto de ter feito 40 viagens a Paris e a outros cantos europeus. “É claro que não ia apenas passear, mas também instruir-me na arte de chapelaria pois o meu pai, que criara e possuía a Chapelaria Baptista desde 1883 dispunha de uma secção de chapéus de senhora e fizera de mim seu empregado”.
Mas o caso é que o portuense de 1905 e 1906 ia frequentemente ao estrangeiro tomar conhecimento, por necessidade comercial ou simples curiosidade, dos últimos progressos introduzidos na vida prática. Ora, foi assim que Jerónimo Monteiro da Costa e José Monteiro da Costa foram a Inglaterra, Espanha e França, por conta da Câmara Municipal do Porto, estudar a última técnica em questão de floricultura e jardinagem. E foi dessa viagem feita pelos dois altos funcionários da Companhia Hortícola que nasceu a ideia de fundar um clube desportivo – aquele que viria a ser o FC Porto.

Cortejo dos Fenianos sem carro do Grupo do Destino
Já todos sabemos (dizemos nós) que foi dessas viagens que Monteiro da Costa (o filho) ficou com o bichinho da bola e se enfeitiçou por um jogo chamado «foot-ball».
António Augusto Baptista Júnior confirma-o. «A certa altura José Monteiro da Costa mandou-nos dizer que tinha assistido em Inglaterra a um jogo interessantíssimo – o futebol ou foot-ball, à inglesa, como então se escrevia – prometendo-nos que quando regressasse ao Porto havia de ensinar os seus companheiros do Grupo do Destino a praticá-lo».
E assim foi. Revelado o dia e a hora de regresso de Monteiro da Costa pai e Monteiro da Costa filho ao Porto, a maior parte dos seus amigos e companheiros do Grupo do Destino foi esperá-lo a Ermesinde. E dentre estes – bem me recordo – o mais alvoraçado, o mais alegre e entusiasta era o padrinho do grupo – o António Martins. Do minucioso descritivo de Monteiro da Costa o mais saboroso e mais ansiosamente esperado era, sem dúvida, o tal jogo da bola que ele vira em Inglaterra.
E de conversa em conversa o saudoso amigo decidiu, com o nosso pleno acordo, que o Grupo do Destino fosse convertido num clube de futebol. Para servir de base financeira ao nosso agrupamento foi destinada a verba que andávamos a juntar para alugar e decorar um carro que representaria o Grupo no famoso cortejo carnavalesco dos fenianos. E pronto, o Cortejo dos Fenianos teve um grupo a manos, mas a cidade passou a contar com um clube a mais.

A última ceia
Fundado o FC Porto (ou «refundado», se quiserem) realizaram-se duas grandes festas para se dar uma despedida honrosa ao Grupo do Destino. Uma foi na Quinta da Pícua, em Águas Santas, que era da Companhia Hortícola. Foi uma espécie de «garden party».
A outra foi a última ceia do Grupo do Destino. Nesta ceia de despedida do Grupo – que se converteu, a breve trecho, em homenagem a José Monteiro da Costa pelo seu aniversário natalício – participaram todos os componentes do Grupo.
O repasto efectuou-se no «Restaurante Pinto» à Rua do Correio e, por volta das duas e meia da manhã, tirou-se uma fotografia. Assistiram a esse jantar José Monteiro da Costa, António Monteiro, Joaquim António Mendes Correia, o italiano Catulo Gadda, Joaquim Pinto Rodrigues de Freitas, Albino Costa, Lopes de Faria, Serafim Loureiro, José Pinto Rodrigues, António Martins, António Augusto Baptista – este vosso criado – Manuel Luís da Silva, Manuel Sacramento, António Moreira da Silva, Silvério Pinto Monteiro, António Elizabeth de Mesquita, Joaquim Silva e Manuel da Costa Júnior.
A reunião acabou alta madrugada e quase esteve para prosseguir na Travessa de Liceiras, onde o pai de António Martins tinha um estabelecimento de géneros alimentícios próximo do famoso Restaurante do Túnel que era frequentado pela ruidosa boémia do tempo e da qual fazia parte, entre outros, Rafael Bordalo Pinheiro.
Por fim adoptou-se a melhor solução. Resolvemos dispersar…

O valor da quota dava para excelente jantar ao tempo, no grande Hotel do Porto
E o nosso narrador prossegue:
«Formado o FC Porto – FootBall Clube do Porto, pela designação antiga, foi constituída a Comissão instaladora a que presidia José Monteiro da Costa e de que eu tive a honra de fazer parte.
Recordo-me de que fazia parte dela o jornalista Amadeu Maia, os despachantes Cândido Pinto da Mota e Manuel Luís Silva, da Alfândega do Porto, levados por António Martins, funcionário daquele organismo, o industrial Joaquim Pinto Rodrigues de Freitas, o ourives Álvaro Osório da Silva Carvalho, com oficina na Rua do Bolhão, o proprietário da Casa das Sementes, à esquina do Bolhão, António Moreira da Silva, os empregados da Companhia Hortícola albino Costa e Lopes de Faria, um rapaz que era o maior «blaguer» do tempo apesar de ser armador e que se chamava Manuel Sacramento e, por fim, António Martins.
E, depois, em Assembleia Geral, foram eleitos os Corpos Gerentes (que eram, dizemos nós, José Monteiro da Costa – Presidente -, Romualdo Fernando Torres – Vice-Presidente -, António Martins – Secretário -, Manuel Luís da Silva – 2º Secretário – e Joaquim Pinto Rodrigues Freitas – Tesoureiro -, eleitos a 2 de Fevereiro de 1907).
«Recordo-me, prossegue Baptista Júnior, que o primeiro cartão que tivemos era muito original. Tinha reproduzida a fotografia do grupo. A quota era de 50 centavos por mês, uma importância muito respeitável para essa época. «Com esse dinheiro (50 centavos!!) comia-se um esplêndido jantar no Grande Hotel do Porto…»
Aproveitando estar com a «mão na massa», e para finalizar, duas notas com a nossa assinatura.
A primeira para evocar, uma vez mais, o 1º Relatório e Contas. Nele se dá conta que a primeira gerência entregou em 10 de Fevereiro de 1908 os destinos do clube com 180sócios. Ao terminar a época de 1908 esse número tinha subido para os 237 e ao concluir-se a de 1909 tinha havido um saltinho de pardal e passado para os 285.
A segunda, e porque sabe sempre bem recordar os vencedores, relembrar a equipa que venceu o 1º Campeonato do Norte, em 1911:
Manuel Valença (Tenente Coronel de Artilharia), Vitorino Pinto, José Bacelar (era o sócio nº1), Camilo Moniz (sócio nº2), Carlos Megre Restier (sócio nº3), João Cal, Ivo Lemos, Mário Maças (foi director da Alfândega de Lisboa), Adelino Costa (chefe de secretária da Comissão de Árbitros), Magalhães Bastos (foi «integérrimo» juiz dos Tribunais Militares), Elísio Bessa (distribuidor da Relação do Porto).
Foi assim, pé-ante-pé, que de pequenino, nascido para vencer, seguindo o seu Destino, o FC Porto se tornou no maior clube de Portugal. E porque estamos em hora de repositórios nada melhor, para fecho da «estória», do que recordar essa frase proferida em 1981 por um dos maiores presidentes da família Portista de Barcelos, o Padre Areias da Costa e que, dita em jeito de profecia, consubstancia a nossa afirmação - «o FC Porto já foi pequenino, é grande e será o maior de Portugal.
Na «mouche»!

Luís César
in «Revistas dos Dragões» Fevereiro de 2010
 

sirmister

Tribuna Presidencial
21 Março 2008
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Castro nasceu para ser capitão do FCP, é uma questão de tempo.
 
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DO DR. CESÁRIO BONITO, ATLETA, À RECEITA «RECORD» NO MARACANÃ

Numa altura em que o famigerado PEC (esse novo «garrote orçamental», odiado por uns e pouco amado por outros) irá, ao que tudo leva a crer, emagrecer o bolso dos portugueses nos próximos anos já, há muito que eu, em particular, tenho, permanentemente, duas PECs à perna.
O verdadeiro PEC lá para 2013 (ao que se escreve mas não se pode jurar) há-de caducar e as minhas PECs, eventualmente, se ainda formos vivos e tivermos saúde, haverão de continuar a dar-me a mim, cabo do juízo e aos leitores da «Dragões» da paciência, para, sem enfado, continuarem a aturar as minhas «cocabichices». De facto, e para mensalmente podermos apresentar a nossa PEC a tão exigente «Parlamento» como este (que dela têm de ficar reféns) que temos de manter sempre debaixo de olho a PEC, a nossa oytra PEC…
Não há volta a dar-lhe e o que vale é que aqui a nada, nem ninguém, se convola… É que neste espaço, só se alimenta da PEC e a PEC só sobrevive se a PEC se alimentar a ela! Depende da PEC a consolidação e a expansão da nossa história, uma PEC que não pode congelar quaisquer subsídios históricos que a história reclame e que temos de procurar sabemos, lá onde, «picando» aqui, «picando» acolá, «picando» tudo onde nos palpite encontrar qualquer coisinha que nos permita viabilizar o plano que, mensalmente, elaboramos para a nossa PEC sobreviver.
Uma charada «chalada»? Não. Não é qualquer charada e, muito menos amalucada.
Coisa bem simples, como finalmente irão entender, porque… aqui há gato. Tudo é claro – sem uma boa PEC (Procura Exaustiva Curiosidades) nunca será possível uma PEC (Publicações Estórias Curiosas) boa e que mereça luz verde e o apoio da maioria dos nossos leitores. Por isso, como dissemos, «picamos» tudo onde possamos encontrar algum filão inexplorado ou inactivo, mesmo que seja, o «Borda D’Água» e nele nos cruzemos… com Confúcio!
O Borda D’Água é o «verdadeiro almanaque», «reportório útil a toda a gente» que já se edita há 81 anos e constitui (juntamente com o seu concorrente SERINGADOR, que já vai no 145º ano de publicação), «reportório crítico-jocoso e prognóstico» a autêntica bíblia do mundo rural. Um e outro são uma verdadeira feira da ladra informativa! Neles fala-se de tudo: da «influência da lua na pesca», da «visibilidade dos planetas», das «feiras e mercados», do «princípio da aurora e da ora do por do Sol», se fica a saber que «durante o mês de Abril o dia aumenta 1 hora e 9 minutos em Lisboa e 1 hora e 15 minutos no Porto», que «na riqueza nunca faltam os amigos» e que, entre muitas outras coisas, se «deve vacinar o bovino, o cavalar, o ovino, o caprino e os porcos contra doenças rubras.»
E, no meio de tudo isto, há ainda espaço para citar Confúcio, o «sage» (sábio» por excelência da China, filósofo, historiador e homem de estado, nascido 551 antes da nossa era no Estado de Lou, (do qual seu pai era à altura «tafou» ou governador) enfim, um rol de informação mais que sobre ele o leitor encontrará em qualquer vulgar enciclopédia.
E sendo sábio e com ele nos tendo cruzado, não podemos de deixar de reter esta sua afirmação lapidar - «o que ouço esqueço, o que vejo recordo, o que faço compreendo? Por isso, meus amigos, o que vejo recordo. E do muito que vimos durante dias a fio, o que hoje recordamos pensamos que pode contribuir para valorizar a nossa história. É que há, quase sempre, uma «face oculta» (no bom sentido) que muitos são capazes de desconhecer (nós incluídos) e que, pelo somatório de pormenores, se torna, para ela, num apetecível recheio.
A história nunca estará completamente escrita… Enriquecê-la é o nosso grande aliciante e o grande objectivo da nossa PEC (Procura Exaustiva Curiosidades). Vamos em frente.

Dr. Cesário Bonito: Do primeiro grupo infantil à presidência, com passagem pela Académica
Sob o título «o exemplar passado do Dr. Cesário Bonito e a sua alta figura de dirigente», publicou «O Norte Desportivo», nos passados anos 50, um «encaixilhado» apontamento sobre a sua figura.
Todos conhecemos o seu percurso directivo, a sua obra, o seu percurso académico, a sua figura de intocável prestígio. Menos conhecido é, contudo, o seu percurso desportivo dividido pelo FC PORTO e pela Académica de Coimbra e foi esse que nos deixou com a pulga atrás da orelha porquanto, aqui e ali, se alude, vagamente, a essa condição de atleta sem que outros dados importantes a complementem…
Relembremos o que se sabe e o que o apontamento do «Norte Desportivo» dava à estampa.
Nascido no Peso da Régua a 1 de Agosto de 1909 (viria a falecer a 4 de Setembro de 1987), o Dr. Cesário Bonito iniciou funções directivas no nosso clube na época de 1943/1944, como vice-presidente da Direcção presidida por Luís Ferreira Alves, cargo que desde o inicio se «transformou» no de Presidente, dado o «leader» directivo nunca ter chegado a tomar posse. Reeleito (consecutivamente) Presidente durante três mandatos (1944 a 1947), o Dr. Cesário Moura Bonito voltaria por duas vezes mais a ocupar o cadeirão da presidência – 1955 e 1956, sucedendo ao Dr. José Carvalho Moreira de Sousa, e 1965 e 1966, substituindo o Dr. Nascimento Cordeiro. Relator do Conselho Fiscal em 1948 (Direcção de Júlio Ribeiro Campos), Presidente deste mesmo órgão (1967 a 71, com Afonso Pinto Magalhães na presidência), Cesário Bonito seria figura máxima do clube (Presidente da Assembleia Geral) em 1950, no regresso de Júlio Ribeiro Campos à presidência da Direcção.
A sua obra como Presidente do FC PORTO ficou ligada, sobretudo, às primeiras diligências de construção do Estádio das Antas, para cuja construção deu o decisivo impulso em 1948, promovendo a aquisição dos terrenos na zona das Antas, contrariando, com firmeza, uma franja de defensores da «hipótese Vilarinha», «onde em Março de 1942 o FC PORTO chegou a adquirir um espaço entre a Avenida Antunes Guimarães e a Circunvalação (junto ao actual Parque da Cidade, como se lê em FC Porto, Figuras e Factos).
«A culminar, (acrescenta-se) o efervescente litígio que entre discussões, zangas e demissões opunha a Direcção e a Comissão Pró-Estádio, seria anunciada, em Assembleia Geral de 18 de Maio 1947, a escritura promessa de compra dos terrenos das Antas, na Quinta de Salgueiros, mediante a entrega de um sinal de 50 contos».
Sócio Honorário a 23 de Dezembro de 1952 (ano da inauguração do Estádio das Antas), o Dr. Cesário Bonito entrou para a galeria dos Presidentes Honorários ao ser-lhe concedido, por decisão da Assembleia Geral, a 25 de Março de 1983, essa honrosa distinção.
Rematando a «fase visível» da sua biografia diremos que o Dr. Cesário Bonito, formado em Medicina em 1935, passou desde logo a prestar serviços clínicos (graciosamente) no clube do qual desde os 9 anos se tornou associado
A sua outra face – a de atleta – é a menos biografada. O que a notícia do «Norte Desportivo» (recuperada pelo jornal «O Porto», em 11 de Janeiro de 1956) nos diz é textualmente isto: «Jogador do FC PORTO desde os infantis, o Dr. Cesário Bonito passou também pelas categorias superiores, incluindo o de honra, onde ascendeu num encontro do Campeonato Regional efectuado no Bessa, contra o Boavista.
Manteve-se no FC PORTO até a época de 1931/1932, indo depois para Coimbra frequentar o 2º ano de Medicina e, por esse motivo, passou, temporariamente a representar a Académica. Atleta cem por cento amador, leal e correctíssimo, o Dr. Cesário Bonito foi, então, seleccionado pela AF Coimbra para 4 jogos inter-cidades – Coimbra/Santarém/, Lisboa/Coimbra, Coimbra/Lisboa e Porto/Coimbra».
Complementar este «palmarés» era o mais interessante da pesquisa. Encontramos a resposta numa História do FC Porto (1906 a 1933) editada pelo «Porto Desportivo» e da autoria de Rodrigues Teles.
Recuamos até à época 1925/1926 (pag. 76) e a notícia lá está. «No dia 25 de Abril, no Campo do Luso, o 1º grupo infantil do FC Porto jogou com igual categoria do Sport Comércio e Salgueiros. Jogado o tempo regulamentar os grupos encontravam-se empatados por 1-1. No prolongamento de 20 minutos o empate subsistiu.» Resultado; novo jogo, também no Campo do Luso, agora a 2 de Maio. Novo embate e… vitória do Salgueiros por 4-1.
Lê-se que o «onze vencido» alinhou: Artur Mota Freitas, João Ferreira Júnior, Euclides Anaura, Cesário Moura Bonito, Albano Rocha Castro, Belmiro Silva, Rui Guimarães, Afonso Temudo, Armando Lopes Carneiro, Carlos Pereira de Mesquita e Jaime R. Moreira.
Viajámos até 1928 e encontramos a estreia do nosso «biografado» no tal jogo do Bessa. Naqueles tempos havia a 1ª, 2ª, a 3ª e a 4ª categorias a jogarem em simultâneo. A 1ª categoria deslocou-se a 20 de Maio ao campo do Boavista, triunfando por 3-2. Lá estava Cezário (assim mesmo com z) Moura Bonito ao lado dos grandes Siska, Avelino Martins e João Lopes Martins, numa equipa que apresentou a seguinte composição: Siska, Avelino Martins, Jerónimo Sousa Faria, João Lopes Martins, Álvaro Cardoso Pereira e Álvaro Sequeira Júnior, Júlio Cardoso Álvaro Neto, António Coelho da Costa, Cezário Moura Bonito e António Oliveira.
Curiosidade extra. O Dr. Cesário Bonito (na altura apenas e só Cezário Bonito) viria, logo de seguida, de um só fôlego, a sagrar-se campeão de primeiras e segundas categorias. Primeiro, a 10 de Junho, vencendo o Vilanovense por 4-1, em segundas categorias, ao lado de António Mota Freitas, Jaime Padrão e Manuel Pereira, António Abel Sequeira, José Baptista Ferreira e Filipe dos Santos, Augusto Ferreira Figueiredo, João Lopes Martins, José Júlio Morais de Almeida e Ciro de Oliveira Bastos. Depois, a 24 de Junho, no Campo do Covelo, em primeiras categorias, vencendo o Leixões por 2-1, lado a lado com os seus companheiros de estreia já citados.
Nota final: Conjugando a notícia de «O Norte Desportivo» (ida para Coimbra em 1932) com as fichas dos jogos constantes da «História Académica», estamos tentados a dizer que a sua estreia na Académica terá ocorrido num jogo dos dezasseis avos da taça de Portugal, disputado a 3 de Abril de 1932, no Campo do Arnado, em Coimbra, frente ao Leça. É o primeiro onze da Académica (e estão lá todos) que integra um Cesário (Barata, Veiga Pinto, Cristóvão, Wlademar Amaral, Albano Paulo, Filipe dos Santos, Portugal, Cesário, Rui Cunha, Isabelinha, e Cabeçadas), presença, apenas referida em poucos outros mais.
Curiosidade desse jogo: o primeiro golo foi marcado por Cesário, aos 35 minutos mas a partida não chegou ao fim. Quando Cabeçadas marcou o segundo golo, Elísio Biscaia (Leça) foi expulso. O jogador recusou-se a sair e o jogo terminou ali. Fica a informação. Falta a confirmação inequívoca.

O FC PORTO na história do Maracanã
Oficialmente denominado «Estádio Jornalista Mário Filho», em homenagem ao jornalista carioca com o mesmo nome, toda a gente o conhece pelo seu nome popular Maracanã (nome oriundo do rio Maracanã que por ali passava). Inaugurado em 16 de Junho de 1950, com um jogo entre as selecções do Rio de Janeiro e de São Paulo que estes venceriam por 3-1 (o carioca Didi foi o primeiro autor de um golo no Maracanã). O «Templo do Futebol» como também era conhecido, recebeu, em 18 de Junho de 1956, um Fluminense – FC PORTO. Com Yustrich ao leme (o técnico auferia à época o maior ordenado do futebol português – 480 contos anuais ou seja 40 contos por mês), O FC PORTO apresentou-se no Maracanã perante uma plateia de 100 mil pessoas!
Vencido pelo cansaço da viagem, o FC PORTO não foi feliz no resultado (o jogo era o de estreia), perdendo por 3-0. Eram os tempos de Acúrcio, Virgílio, Miguel Arcanjo, Osvaldo Euleutério, Monteiro da Costa, Hernâni, Gastão, Jaburu, António Teixeira e José Maria.
Não venceu, mas nesse jogo, à época, fixou o recorde das receitas naquele recinto – e quiçá – em todo o país, em jogos entre clubes, nos seis anos da sua existência – cerca de três milhões de cruzeiros!
A digressão prosseguiu (a primeira vitória seria conseguida seis dias depois – 24 de Junho, no Estádio da Independência, em Minas Gerais, frente ao América Mineiro, por 2-1, golos de Barbatana (pb) e Perdigão), mas a partir daí Yustrich impediu os jornalistas brasileiros de continuarem a acompanhar a equipa Portista. Foi a confusão.
Uma nota subsidiária – foi nesta digressão, aquando da recepção à embaixada Portista no Palácio do Catete, pelo Presidente da República brasileira, que o Dr, Ponciano Serrano entregou ao chefe de Estado, Dr. Juscelino Kubitschek de Oliveira, o diploma de «Sócio Honorário» que lhe fora atribuído aquando da sua visita a Portugal.

Há 78 anos: Pinga, Waldemar Mota e Avelino Martins foram emprestados ao Benfica para um jogo com o Atlético de Bilbao
A estória conta-se em poucas linhas e à época nada tinha de extraordinário. Hoje nenhum terramoto futebolístico a tornaria possível! Mas os tempos eram outros, o futebol era outro, tudo… era outro.
Em Setembro de 1932, em jogo de início de época, o Benfica recebeu a equipa do «Atlético de Bilbao», aureolada com o título de campeã de Espanha. A equipa do Benfica era «prófracote» e requisitou as estrelas Portistas. Pedido feito e deferido (afinal «mesmo envergando camisolas diferentes os corações dos atletas Portistas nunca deixariam de ser Portistas»).
Avelino Martins, Pinga e Waldemar Mota tornara-se «águias» por noventa minutos. De nada adiantou. O Atlético de Bilbao (treinado pelo inglês Pentland) era de facto bem melhor e acabou por golear 4-1.
Anotem-se os «onzes»:
Benfica: Amaro, Avelino Martins, J. Oliveira, J. Correia, Germano, (Leonel), M. Oliveira, Waldemar Mota, Xavier, Vítor Silva, Pinga e Pinho
Atlético de Bilbao: Ispizua, Zebala, Urquizu, Cillauren, Muguerza, Roberto, La Fuente, Irraragorri, Bata, Uribe e Goristiza.

Inauguração do Estádio das Antas e a bandeira do Atlético que esteve para não haver
Esteve para acontecer mas não aconteceu. A estória é contada em termos lineares e entronca nas relações, que na altura, não havia, entre o FC PORTO e o Atlético, fruto de uma transferência mal digerida do alcantarense Vital para os Dragões.
Remonta à inauguração do Estádio das Antas e relembra-se em meia dúzia de linhas. Respigámo-la das páginas amarelecidas de um exemplar de «O Porto» de 1955.
«Quando foi a inauguração do Estádio das Antas decidiu a Direcção Portista que figurassem nos mastros de honra as bandeiras de todos os clubes da Primeira Divisão nacional. Havia, porém, um contratempo, o «Porto» e o «Atlético» estavam de relações cortadas. Mas, mesmo assim, a Direcção do FC PORTO oficiou ao Atlético, pedindo a cedência da sua bandeira para figurar no acto inaugural.
Todavia o Atlético informou o FC PORTO de que estavam de relações cortadas com o clube e que, logicamente, não podia aceder ao pedido. Mas a verdade é que, dentro do FC PORTO não havia qualquer espécie de animosidade com o clube alcantarense. Todos se recordavam que o Porto e o velho e inesquecível Carcavelinhos foram dois clubes amicíssimos e o Atlético era descendente do Carcavelinhos.
E então, a Direcção do FC PORTO resolveu simplesmente comprar uma bandeira igual à do Atlético. Mesmo de relações cortadas com o Atlético, a sua linda bandeira flutuou ao vento. Esteve erguida à frente de toda a gente num dos mastros de honra das Antas e recebeu, ao ser erguida, o aplauso de 50 mil pessoas! É que o FC PORTO e o Atlético Clube de Portugal estavam de relações cortadas mas não eram inimigos.»

Ponto final. Obrigado por me terem lido. Comidas as amêndoas, conto estar de volta com nova PEC. Espero que esta tenha tido a vossa aprovação e valorizado a nossa história.

Luís César
in «Revistas dos Dragões» Março de 2010
 
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NEM SÓ DE FUTEBOL REZA A HISTÓRIA:
Uma incursão pelo andebol, natação e ciclismo

Belíssima fonte de informação para recolhermos dados relevantes da nossa história são os velhinhos “Relatórios e Contas” dos finais dos anos 40 princípio dos 50.
Nesses relatórios tudo quanto se passava no decorrer do exercício a que se reportavam era exaustiva e minuciosamente reportado.
Modalidade a modalidade nada havia que ficasse por comunicar – provas ganhas, vencedores, tempos, troféus conquistados, relação dos atletas campeões (regionais e nacionais), adversários defrontados (com datas e resultados), listagem de filiais e delegações, sócios honorários e beneméritos, indicação das taças, placas, galhardetes e objectos de arte entrados na Sala Museu, movimento de associados (dos correspondentes aos remidos), não se dispensando uma «pincelada informativa de pormenor» sempre que um troféu ou um resultado o justificava. Assim tivesse continuado a acontecer na «era moderna» e a reconstituição do movimento desportivo do nosso clube mais do que um trabalho de exaustiva pesquisa seria quase só um trabalho de minuciosa sistematização.
Infelizmente (por razões que nos transcendem e de qualquer modo não são chamadas para este espaço) esse bom hábito perdeu-se e a realidade actual é bem diferente – exaustivos nas contas mas áridos em apontamentos históricos. Numa altura em que a revitalização da nossa riquíssima Sala Museu será, certamente, a grande obra emblemática do novo mandato directivo, alguns apontamentos recolhidos nesses Relatórios e Contas poderão servir para o alinhamento dos troféus e o destaque a dar a dois ou três que se poderiam «perder» entre as larguíssimas centenas a catalogar e que, no entanto, têm uma «história personalizada».
São esses «cartões-de-visita» que tentaremos recuperar e constituirão os temas centrais do nosso espólio histórico de hoje.
Vamos, pois, a eles.

Bronze de Andebol
Se hoje falássemos de «campioníssimos», todo o universo Portista se curvaria perante os nove consecutivos do Hóquei em Patins (esse bem achado eneacampeonato, termo que cheira a neologismo, com o qual não sei se os versados na linguística concordarão, mas que aproveitou as palavras grega «ennéa» (nove) e do qual gosto particularmente).
E, depois, se cada um não foi rosa sem espinhos, então é caso para dizer que foi um eneacampeonato com eneacanto (nove espinhos).
Adiante.
Falávamos de campioníssimos. Há sessenta anos já os havia no nosso clube e eram os do Andebol. Em 1950 já a secção de Andebol somava 10 campeonatos nacionais (andebol de 11) e um tal feito tinha que ficar perpetuado, como ficou.
O Bronze do Andebol (como ficou conhecido o troféu) é um artístico «monumento em mármore e bronze» e perpetua esse feito de antanho.
Mandado construir por uma comissão constituída por Torcato Plácido, Manuel Dias saúde, Joaquim Alves Teixeira, Sebastião Ribeiro, Alferes António Mendes e Ivo Araújo, tem um peso superior a 400 centos quilos, tem como autor o arquitecto Basto Fabião, sendo de Eduardo Tavares o trabalho de escultura. Uma concepção simples - «sobre uma coluna de mármore, onde estão gravadas as épocas em que se conquistaram esses campeonatos, assenta numa figura de atleta, em bronze, na atitude de lançar a bola».
A cerimónia oficial de entrega foi a 1 de Dezembro de 1950 no velho Campo da Constituição, perante todas as autoridades civis e militares, bem como quase todos os clubes que se dedicavam à modalidade.
Descerrou o «Bronze do Andebol» o senhor General e Comandante da I Região Militar Manuel Couto, sendo pelo senhor Representante da Câmara Municipal do Porto e pelo comandante dos Portos do Douro e Leixões entregues medalhas a Henrique Fabião e Alberto Silva, pelo mérito de terem participado nos 10 campeonatos Conquistados.
Englobado no festival de entrega do Bronze à Direcção efectuou-se um jogo de «velhas guardas» entre o FC PORTO e a Selecção do Porto, tendo os campeoníssimos jogado com Joaquim Costa, Carlos Bastos, Zé Maria Leite, Teófilo Tuna, Lopes Martins, Adalberto Rodrigues, Mário Castro, Francisco Guerra, Zeferino Silva, Alberto Silva, Miguel Castro, Manuel Teixeira, «Neca», Raúl Pinheiro, Manuel Marmoto e José Dias Leite. Falta o resultado – empate a 2 golos.

A conquista do 10º título:
E o primeiro jogo com uma equipa alemã
Continuamos no Andebol porque 1950 é um ano marcante. Foi em 1950 que o FC PORTO conquistou o seu 10º campeonato nacional (em doze disputados) e foi também em 1950 que pela primeira vez defrontou uma equipa alemã.
Como «subsídios» para a história da modalidade um pequeno apontamento sobre os dois acontecimentos.
Foi a 25 de Junho de 1950, no Campo de santa Cruz, que o FC PORTO disputou frente ao Sporting Club de Portugal a final do Campeonato Nacional. Era, como dissemos, o jogo que valeria a conquista do 10º Campeonato Nacional.
Um jogo renhido que o nosso clube venceu por 5-4, com golos de Paulo Claro (2), Alberto Silva (1) e Henrique Fabião (2) e no qual alinhou com Manuel Madureira (gr), Filipe Bastos, Joaquim Reis, Alfredo Pichel, Armando Campos, Hernâni Magalhães, Alberto Silva, Carlos Teixeira, Paulo Claro, Augusto Costa e Henrique Fabião.
Nota final: foi a conquista do Campeonato Regional que valeu a presença na Final. Um passeio do s campeoníssimos que marcaram 190 golos e sofreram 48 nos catorze jogos disputados. Frente ao Salgueiros, Sport Leça, Vigorosa, Leixões, Académico e Vilanovense, apenas uma derrota (8-9) no derradeiro jogo em Vila Nova de Gaia, quando o título já há muito havia sido comemorado e aos atletas havia sido pedido o máximo cuidado em não se lesionarem e poderem vir a ganhar a grande Final.
O último apontamento sobre o andebol é, então, para recordar a primeira vez que o FC PORTO defrontou uma equipa alemã (do Sarre). Foi a 2 de Abril de 1950, o adversário chamava-se Sportverein St. Ingbert e o FC PORTO perdeu por 8-6. Narra-se que este «este resultado em nada nos deslustra se verificarmos que dias depois este mesmo conjunto bateu o clube campeão de França por 23-13».
E acrescentava-se: «se os tivéssemos visto jogar antes, é muito possível que o resultado fosse outro, pois desconhecíamos completamente a sua forma de actuar e o valor individual dos seus jogadores».
O «onze» maravilha não se desviou muito do que mais tarde se viria a sagrar campeão frente ao Sporting – apenas José Mendes no lugar de Filipe Bastos e a entrada ao intervalo de Manuel Serafim para o lugar de Augusto Costa.

Taça José Magalhães
Do Andebol passamos à Natação e à história desta Taça. Instituída pelo Clube Fluvial Portuense, disputou-se pela primeira vez em 1916.
Em 1932 o FC PORTO obteve a primeira vitória na disputa desse troféu, após o que ele se conservou na nossa sede durante… 20 anos!
Porquê? Porque a prova só em 1951 é que voltaria a ser disputada e porque o troféu só ficaria a pertencer, definitivamente, ao clube que a ganhasse três vezes seguidas.
Como o FC PORTO ganhou a edição de 1951, a Taça permaneceu no clube e como conquistou também a edição de 1952 ganhou, agora sim, direito à sua posse definitiva. Foram obreiros deste derradeiro e decisivo triunfo José Cortês Pereira, chegado em primeiro lugar, António Maria Pereira, chegado em terceiro, e Óscar Monteiro, chegado em quarto lugar.
Uma ajuda a quem, no futuro, vier a catalogar os troféus a figurar na Sala Museu – A «Taça de José Magalhães» está marcada com o número 52-105, ou seja, foi o 105º troféu entrado no clube em 1952.
Sintonizados no «tema troféus» ficam aqui algumas «dicas» sobre os primeiros troféus que deram entrada no clube (19):
13-01-(1913) – Taça União do Norte (futebol)
14-01-(1914) – Sem nome
16-01-(1916) – Taça José Monteiro da Costa
17-01-(1917) – Taça Associação de Futebol do Porto (futebol)
17-02-(1917) – Taça Salão Sport (futebol)
17-03-(1917) – Taça primeiras categorias (futebol)
17-04-(1917) – Taça Imprensa Desportiva
18-01-(1918) - Taça Associação de Futebol do Porto (futebol)
Até final de 1952 (última relação de que encontramos arquivos) as primeiras taças das diferentes modalidades, entradas na «Sala Museu» do clube são as seguintes:
19-01-(1919) Ténis – Taça Henrique de Mesquita
20-01-(1920) Atletismo – Taça Francisco Lázaro
20-07-(1920) Natação – Taça Associação Portuense de Natação
31-02-(1931) Hóquei em Campo – Taça Larangeiras
33-09-(1933) Râguebi – Taça Outono
34-05-(1934) Ciclismo – Taça Comissão de Iniciativa de Leixões
35-03-(1935) Water Polo – Taça Curia
35-19-(1935) Andebol – Taça Associação de Andebol do Porto
36-07-(1936) Basquetebol – Taça Festa Desportiva de Freamunde
37-01-(1937) Pingue-pongue – Taça Avelino Pinho
43-01-(1943) Voleibol Associação Voleibol do Porto
44-03-(1944) Patinagem – Taça Armando Ribeiro
Relacionamo-las por serem as primeiras de cada modalidade (se o inventário e a minha vista não me tiverem falhado). E por serem as primeiras merecem que se lhes dê o devido destaque.

Ciclismo
Modalidade que foi de elite
Depois do Andebol e da Natação vamos dar um salto ao Ciclismo, modalidade que conquistou para o FC PORTO grande prestígio e muitos troféus. Ao longo de muitos anos e desde muito cedo em grande incidência no final dos anos 40 e início da década de 50, quando despontavam nomes como Fernando Moreira de Sá, Attíllio Lambertini, Amândio de Almeida, Joaquim Costa, Jorge Vallmitjana, Luciano Moreira de Sá, António Dias dos Santos, Amândio Cardoso, Onofre Tavares, Joaquim Sá, Aniceto Bruno, Joaquim Aniceto, Joaquim Sousa Santos, Emídio Pinto, Fernando Carvalho, entre muitos outros.
Era o tempo dos grandes festivais da Pista do Lima (com provas famosas e aplaudidas como os 50 quilómetros e as 2 horas à Americana, os Criteriuns a 20 voltas e a perseguição a 10 voltas, a prova à italiana, a eliminação) com a presença de duos considerados dos melhores do Mundo, como os italianos Bartalli e Corrieri ou os belgas Brunnel e Buisse, a quem as nossas duplas Fernando Moreira de Sá e Luciano de Sá ou Fernando Jorge Moreira e Aniceto Bruno ganhavam mais vezes do que perdiam.
Mas o apontamento que queremos deixar aqui, hoje, refere-se à época de 1949 uma das mais vitoriosas e marcantes de sempre. É que para além de se ter conseguido ganhar o que, penso, mais nenhum clube até hoje conseguiu – conquistar na mesma época o Porto/Lisboa (Fernando Jorge Moreira), o Lisboa/Porto (Fernando Jorge Moreira) e a Volta a Portugal (António Dias Santos), conseguiu-se nessa Volta a Portugal um feito inédito que não temos conhecimento ter sido ainda ultrapassado ou sequer igualado. Nessa volta (disputada entre 21 de Julho e 7 de Agosto) os cinco primeiros classificados defendiam as cores Azuis e Brancas (António Dias Santos, Attíllio Lambertini, Joaquim Sá, Fernando Moreira de Sá e Fernando Jorge Moreira), conquistando ainda o FC PORTO o primeiro lugar por equipas.
São registos que ficam e que as páginas da nossa história não deixarão olvidar. No caso presente, uma forma de fecharmos com chave de ouro a nossa incursão pelo inesgotável mundo Azul e Branco.
Veremos que surpresas nos revelarão as nossas próximas pesquisas.
Até breve.

Luís César
in «Revistas dos Dragões» Abril de 2010
 
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PEQUENAS ESTÓRIAS PARA A HISTÓRIA

Confessamos que não eram estes os temas que tínhamos futurado para trazer hoje a lume. Arquitectámos, mesmo, outra coisa bem diferente. Só que o tempo mudou… e mudaram, também as ideias.
Com chuva e frio, recolhidos no remanso do sofá, há disposição d pachorra para ler longas histórias. Com calor e o sol tudo muda. Exige-se uma leitura mais rapidinha, de mesa de café, que acompanhe um refresco ou um gelado e… já está!
Por isso deixámos para outras calendas «jogos com história» (que não dispensam a evocação de nomes e números em profusão) e optamos por pequenos factos e feitos (capazes de caberem num cartão de visita) que condimentam a história e a nossa grande história por vezes não contempla.
Coisas simples, encontradas ao correr do olhar, dos mais variados cambiantes e temas. Nada que não tivesse já sido escrito (algumas há dezena de anos), nada que (re) inventemos com outro colorido, nada que não sejam meras curiosidades perdidas no tempo, coisas do passado que achamos curioso transpor para o presente.
Como para a nossa história tudo isto, até aqui, é «palha» avancemos, então, com a nossa selecção.

Museu do FC PORTO
Ninguém mais do que nós se sentiu tão amargurado e decepcionado com o desaparecimento da nossa Sala Museu. Exprimimo-lo, muitas vezes, com um grande sentimento de nostalgia e desapontamento. Sempre, é verdade, havia uma palavra tranquilizadora que nos dizia que o nosso Museu haveria de voltar com a grandeza e dimensão que o nosso Clube, entretanto, alcançara.
A mudança das «Antas» para o «Dragão» foi acelerada e sempre tememos, que pelo caminho, alguns troféus, sem perderem a sua identidade, se amachucassem e tornassem irrecuperáveis.
Nunca nos importamos se a taça era grande ou pequena. Se era de prata ou de lata, Se era faiança ou estatueta, medalha ou medalhão. Todas tinham uma história e o empenhamento do nosso emblema a certificar a sua presença ali. Eram nossas, conquistadas pelos nossos atletas. Gostávamos de olhá-las. Conversar com elas. Adivinhar os sorrisos ou lágrimas que a sua conquista escondia.
Felizmente essa palavra tranquilizadora finalmente chegou. Vamos ter Museu!
Agora o nosso clube, a história do nosso clube já poderá perder quem a escreva porque não perderá mais os seus testemunhos vivos. O seu património. E é, precisamente, a dimensão do Museu que vai nascer que nos leva a recordar um apontamento inserido no Jornal «O Porto» de 19 de Junho de 1951 (há quase sessenta anos!) que, em jeito premonitório, com o título – A Sala de Troféus do FC PORTO acabará por ser um dos motivos turísticos da Cidade – rezava assim: «Vem aí o Verão, vêm aí a caminho da capital do Norte excursões de Portugal inteiro. E tal como tem acontecido nos anos anteriores uma romaria de admiradores do nosso glorioso clube acorrerá à sede do FC PORTO a admirar as inúmeras Taças e troféus que ilustram a carreira prodigiosa dos vice campeões de Portugal e, entre todas, a formosa Taça monumental da vitória inolvidável sobre o Arsenal.Tem sido assim todos os anos! Mas, infelizmente a exiguidade das instalações (os sublinhados são nossos) não tem permitido dar a esse precioso património do nosso clube o ambiente de exposição e beleza que lhe daria realce e dignidade. Parece, porém, que os troféus e as taças do nosso clube irão ter, agora, com benefício para os visitantes, uma disposição que se bem que não seja ainda aquilo que nós ambicionamos há-de constituir, contudo, uma manifestação de bom gosto em que o devido arrumo das coisas e o carinho que lhes presidirás substituirão o ambiente de grandeza que tão valioso património mereceria. Enfim, não temos dúvida de que virá um dia em que a Sala de Troféus do FC PORTO constituirá um dos lugares mais valiosos de quantos formam o roteiro turístico do Porto.»
Não a temos nós também. E então não será só espaço que acolhe a Taça da vitória sobre o Arsenal. Lá estarão as Intercontinentais, as Taças de Campeão Europeu, a Taça UEFA, a Supertaça, memórias de Basileia, Troféus conquistados nos quatro cantos do Mundo, títulos em todas as modalidades em desfile, a interagirem com os Portistas e os visitantes.

O FC PORTO e a «Campanha do Cimento» para o Estádio do Benfica
Este é o título mais suave para uma crónica impensável mas real. Por muito elástica que seja a nossa boa vontade não vemos como será possível num futuro próximo (ou mesmo longínquo) haver Portista e benfiquistas de braço dado, termos o FC POPRTO a apelar ao «pagamento da nossa dívida de gratidão ao Benfica» ou o Benfica a aceitar os «préstimos do FC PORTO na contribuição a favor da campanha do cimento». Só que tudo já existiu sem delírio nem ficção. Se o meu amigo leitor tem a colecção de «O Porto» à mão, faça o favor de recuar até 1954, descobrir o Jornal de 4ª Feira, 5 de Maio e verá, o que atrás transcrevemos, a toda a largura do fundo da primeira página - «Portistas: Paguemos a nossa dívida de gratidão ao Benfica!»
Primeira página que tem como tema central o jogo Benfica – FC PORTO do fim-de-semana e em título a cinco colunas escreve - «chegou finalmente a grande semana do Porto – Benfica e com ela a realização do Cortejo do Cimento a favor das obras do Estádio do glorioso clube português!» A Direcção do FC PORTO patrocinou a iniciativa e a nossa equipa de futebol adoptou-a.
Assim, tal e qual, com direito a desenvolvimento sequente «…esta visita dos tripeiros a Lisboa tem, ainda, outro alto motivo de atracção: é que por irresistível imposição da opinião pública Portista, haverá que transformá-la no Cortejo do Cimento a favor das obras do Estádio do grande e glorioso Benfica – clube que partilhou com o FC PORTO das honras da realização do nosso e querido majestoso Estádio das Antas!
Para tal fim todos os Portistas que queiram contribuir com cimento ou todas e quaisquer ofertas para as obras do Benfica poderão entregá-lo na Secretaria do FC PORTO…».
Fazemos «stop» aqui porque as laudas são muito mais extensas. Mais que a promoção do jogo, exaltava-se à amizade Porto – Benfica e ao grande cortejo de camionetas, rematando-se que se «o Benfica foi o clube mais amigo do Porto no grande empreendimento do seu estádio, o Porto será o clube mais amigo do Benfica no grande empreendimento do seu Estádio». Para memória futura: 2-2 foi o resultado do jogo.
Amor com amor se pagava. Então ainda não havia RAPS e LPS, tão pouco espaço ou motivo para crónicas de escárnio e mal dizer zurzindo no emblema Azul e Branco, vermelhas de raiva pelos êxitos do rival. Ah Grande dragão!
A sério. Crónicas de escárnio e mal dizer não são o nosso forte. Registamos apenas… registos de há mais meio século. Como dizia o anúncio da época «cá por mim vou ao Alberto das águas, na Rua Cimo de Vila, onde há os melhores vinhos e petiscos». Ele há cada petisco… Passemos adiante que atrás vem gente. Depois dos desamores… os amores.

A velha amizade do FC PORTO com o Vitória de Setúbal
Descontada aquela rábula, nos anos 70, em período conturbadíssimo da nossa história, de José Maria Pedroto se ter visto obrigado a deixar o Estádio do Bonfim disfarçado de polícia para fugir à ira dos sócios e adeptos vitorianos que terão visto da parte do nosso técnico um gesto descortês para com o jogador Diamantino, as relações entre Portistas e sadinos sempre se pautaram por uma sólida amizade.
Relações de grande respeito que o tempo não deteriorou. E como é já longínquo o tempo a que elas remontam.
No final dos anos 40 quando o Luís César de agora se chamava, então Gomes de Sousa, estas «Estórias da nossa História» se intitulavam «O Porto por dentro» e o antepassado da «Dragões» era «O Porto» já, em pequenos apontamentos «Para a História do Futebol Clube do PORTO» se dava nota dessas relações cordiais. Como este, por exemplo - «Entre o FC PORTO e o Vitória de Setúbal houve sempre as melhores relações (…) no passado é raro o Relatório de Gerência do clube Azul e Branco em que não figure este ou aquele pormenor a denunciar, inegavelmente, o nível magnífico de relações entre os dois populares clubes. E o público a certa altura da nossa história desportiva assim o compreendeu, pois há coisa de 20 anos (final dos anos 20, portanto, acrescentamos), foi instituída a Taça Portugália para ser disputada entre dois clubes escolhidos por votação popular. A votação «escolheu», por grande maioria, o FC PORTO pelo Norte e o Vitória de Setúbal pelo Sul para disputarem aquele troféu (lembramos que em 1927 venceu o campeonato de Lisboa com 23 pontos, mais dois do que o Belenenses).
Mas esta relação, curiosa, com o Vitória de Setúbal já vinha, pelo menos, de 1918. Segundo a mesma nótula histórica há «um documento com data de 9 de Dezembro de 1918 através do qual o Vitória pedia ao nosso clube que lhe comprasse por aqui 10 camisolas, em consequência de no Sul, como estávamos em período de guerra – esta tinha acabado apenas um mês antes – ser muito difícil, quase impossível, arranjá-las.» Um director do clube nortenho foi incumbido de procurar satisfazer, o mais solicitamente possível, o pedido do clube setubalense, mas nada conseguiu. Havia quem confeccionasse as camisolas, mas em branco, porque não se arranjava o tinto respectivo para colorir nas cores do clube de Setúbal.

Taça Francisco Lázaro
Aqui temos um troféu que no futuro Museu merece descritivo especial. Não, certamente, pelo seu valor ou pela sua beleza (que aliás de todo desconhecemos) mas, fundamentalmente, pela sentida homenagem póstuma que presidiu à sua instituição pelo nosso Clube.
Os desportistas de «cultura desportiva» não só futebolística mas eclética (chamemos-lhe assim) sabem que Francisco Lázaro foi um atleta olímpico, maratonista, que nas olimpíadas disputadas na Suécia em 1912, morreu, numa rua de Estocolmo, vitimado pela dureza da prova que disputava.
Não só o Desporto Português, mas todo o desporto internacional se cobriu de luto. Um acontecimento não só triste, como profundamente sentido que despoletou uma verdadeira onda de homenagens póstumas consagradas à sua memória. Não era um homem do futebol, mas um homem do desporto «que havia caído no campo de honra desportiva».
Nessa onda de homenagens o FC PORTO quis também estar presente e instituiu uma Taça com o nome do malogrado maratonista – Taça Francisco Lázaro – para ser disputada entre os clubes nortenhos, ou seja, à época, entre os clubes de Coimbra para cima. Foram jogos a eliminar apurando-se, para a final, o FC PORTO e a Associação Académica de Coimbra.
Sorteado o campo «calhou» a Académica receber o FC PORTO. O jogo realizou-se a 7 de Julho de 1949 (?) e a vitória sorriu ao FC PORTO por 2-1.

Do velho salão «High Life» aos cinquenta mil réis em caixa ou vice-versa
Estes apontamentos singelos mais não são do que «o testemunho curioso de um época» como referia a imprensa da altura. Têm-no sido todos os que temos vindo a alinhavar e é-o também este – Assembleia Geral de 7 de Janeiro de 1919 - que se segue o compilado de pedaços dispersos da nossa história.
Todos sabemos que há noventa anos – grandes memórias do tempo! – tudo o que os escritos nos legaram referente às diversas agremiações desportivas (e o FC PORTO não fugia à regra) davam conta de uma vida tranquila sem «stress» nem dores de cabeça. Ao Domingo era o dia da bola em que ao lado de respeitadores chefes de família se sentavam distintas senhoras gentilmente (era este um termo de bom tom) convidadas.
A semana eram dias de meia dúzia de carolas se reunirem à noite, na acanhada sala da sede, para uma partida de cartas, dominó ou bilhar. Tudo se organizou de outra forma, muito mais formal e menos lúdica depois da Grande Guerra.
A Assembleia Geral de 7 de Janeiro de 1919 e a tomada de posse da Direcção que nela foi eleita desencadeou alguns episódios curiosos. Dela (Assembleia) nasceu a constituição de duas comissões de sócios que «tomassem sobre si o encargo de desenvolver o ténis e os desportos atléticos (…) mas sem que, por via disso resultasse o dispêndio de um centavo sequer dos cofres do clube».
Mais, as comissões «poderiam realizar festivais cujo produto revertesse a favor das respectivas despesas mas… se os festivais em vez de lucro dessem prejuízo o saldo negativo era suportado pelo seu próprio bolso». As comissões talvez receosas de qualquer «deficit» só por altura de Julho mostraram serviço – a realização de uma sessão cinematográfica no então mítico, «salão High Life». O cinema foi alugado por 112$15 réis e o lucro obtido com a exploração de 47$71!
Como foi aplicado o dinheiro?
Simples – a comissão mandou confeccionar uma «fotografia busto» do «fundador» do clube José Monteiro da Costa pelo preço de 16 escudos. A «fotografia busto» foi descerrada na sede no decurso da Assembleia Geral que se realizou a 3 de Agosto de 1919.
À Direcção que viria a tomar posse na sequência da tal anterior Assembleia deparou-se um simples mas importante pormenor ao verificar a situação do clube, os directores «tomaram conhecimento que o FC PORTO tinha apenas 248 sócios (o que à época não devia ser nada mau) e a quantia de cinquenta mil réis em caixa».
Nada mais havendo a acrescentar, encerro por hoje esta sessão. Deixo a «acta» aos leitores para que a rectifiquem se o acharem por bem.
Veremos o que de interessante encontraremos para a próxima.
Paz e saúde para todos.

Luís César
in «Revistas dos Dragões» Maio de 2010
 
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DOS (JOGOS) FRACOS NÃO REZA A HISTÓRIA

(Parte I)

Dá-nos uma pancada no coração sempre que recordamos alguns dos (muitos) jogos que tivemos o privilégio de viver… ao vivo. E, se alguns nos varreram da memória enquanto o diabo esfrega um olho outros houve, não tão intensos, tão marcantes, que durante todo o tempo nos deixaram com o baraço na garganta, nos obrigaram a estar, permanentemente, com o credo na boca ou, de tão empolgantes não tiveram direito nem avesso – foram jogos perfeitos de tanto fez, faz, como faz, fez!
É por essas e por outras que há jogos e jogos. Uns, dava para ir à fava enquanto a ervilha incha porque não dávamos pelo burro nem pela albarda.
Outros (aqui para nós que ninguém nos ouve), proporcionaram sonhos que tornaram impossível qualquer mortal capaz de negar uma missa às almas!
Não sei porquê nem porque não, deu-nos hoje para relembrar alguns desses jogos que a nossa memória (tendo-os bem arquivados) já tinha passado uma esponja por cima e quase sabem a mofo. Jogos com história, jogos que são moeda que há muito deixou de correr, que agora se recordam pela sua magia (sem ilusão de óptica nem truques de mágico) entre três estalinhos e dois assobios. Em dois tempos e três movimentos encontramos uma mão cheia deles. Como o olho vê, o pé vai e a mão… pilha, aí fomos nós pilhar alguns velhos recortes para ver o que a fruta vai render.

Taça de Portugal
1/8 Final (Maia 4-5 FC Porto)
O FC Porto era o tricampeão nacional. O Maia (hoje noutros palcos e com outro nome) militava na 2ª Divisão de Honra. Mas nesta coisa da Taça de Portugal ninguém pode dizer que é o maior. Há sempre um tomba gigantes à espera do seu momento de glória e não raras são as vezes que o corvo se enfeita com penas de pavão.
O jogo foi na Maia, no Estádio Prof. Dr. Vieira de Carvalho, na noite fria de 14 de Janeiro de 1998.
Equipando manga curta, o Maia veio já dos balneários de mangas arregaçadas. Ao invés o FC Porto entrou de manga comprida. Teve também que arregaçar as mangas durante duas horas de muita emoção e permanente credo na boca.
O Maia, que na altura tinha alguns jogadores interessantes e tarimbados (Tejedor, franco, Fernando Aguiar, Rogério Matias, Artur Alexandre, Miguel Barros, João Paulo e Moreira de Sá), treinado por Eduardo Luís (campeão europeu em 1986/1987 de Dragão ao peito) entrou de sopetão «atropelando» num abrir e fechar de olhos, Secretário, Jorge Costa, Capucho, Doriva, Drulovic, Gaspar, Mielcarski e uns quantos mais.
Aos 5 minutos, 1-0. Aos 20 minutos, 2-0. O Dragão esfregou os olhos, beliscou-se a ver se estava acordado e, aos 25 minutos, Capucho reduziu. Havia, porém, no jogo um tal Damas que ninguém conhecia, rápido como o vento, que já tinha assinado o tento inaugural. De pé marca o terceiro ao minuto 51, repondo os dois golos de diferença.
Sem tempo para o coração deixar de bater, Mielcarski fez o 3-2 aos 56, e Gaspar o 3-3 aos 58 minutos. Mielcarski lesionou-se e saiu do jogo cedo (61). Num livre directo marcado por Major, Hilário (esse mesmo do Chelsea) não segura a bola e Damas, sempre ele (o anónimo jogador que se evidenciara na 3ª divisão, no Paredes), voltou a recriar a figura do tomba gigantes. O Maia (69 minutos) fazia o seu quarto golo, mas perdia, definitivamente, Damas, por lesão.
A dez minutos do fim, quando muitas unhas já estavam roídas até ao sabugo, uma cabeçada de Gaspar repôs o empate (4-4). Aos 87 minutos, num jogo ingrato, Hilário largou uma bola fácil e… a respiração parou nas hostes Azuis e Brancas. Já não havia Damas mas a situação foi salva, por milagre, pelo poste.
Horas extras. Prolongamento. De empolgamento para o Maia. De sofrimento para o FC Porto. Cheirava a que tudo se decidiria nas Antas, em novo jogo. Dizem as crónicas que era o que o Maia merecia. Minuto 116 – Zahovic (que entrara ao intervalo a substituir Barroso) arrancou um grande pontapé. Golo? Não. A bola bate num poste… e não entra. Segue para o outro e… entra!
Fim de suspense. Tempo para fazer o que ainda não tinha possível – fumar um cigarrinho e tomar um cafezinho quente.
Depois dos 8-0 ao Valonguense e dos 9-1 ao Juventude de Évora (com Jardel imparável nos últimos 45 minutos a facturar golos atrás de golos – 7), o FC Porto seguiu para os quartos-de-final. Foi a Freamunde avisado e venceu por 4-0, foi a Leiria jogar com o União a meia-final e venceu, sofridamente, por 3-2. Restava o Braga na final para a conquista da Taça. O FC Porto venceu por 3-1 e arrecadou o troféu.

Luís César
in «Revistas dos Dragões» Junho de 2010
 
M

Mokiev

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Esse Miguel Barros que fala aí do Maia foi um ex-junior nosso que chegou a ser lançado nos seniores pelo Artur Jorge, era o avançado tipo Pinheiro que o outro fala, andou comigo na escola é hoje segurança na estação do Metro da trindade as voltas que o mundo dá
 
H

hast

Guest
DOS (JOGOS) FRACOS NÃO REZA A HISTÓRIA
(Parte II)

Campeonato Nacional 1996-1997
Vitória SC 0-4 FC Porto
A jornada tinha o número 31. Nela o FC Porto jogava para um feito nunca dantes alcançado pelo clube – a conquista do tricampeonato.
A época brilhante com vitórias em Alvalade (1-0), Luz (2-1) e Milão (Liga dos Campeões) 3-2, uma equipa em grande forma e um super-goleador (Mário Jardel) eram indícios de que a tarde de 17 de Maio de 1997 poderia ficar na «memória colectiva» do Dragão como o fim de todo o sofrimento, de todos os «ses» e os «mas». Bastava ganhar. Bastava não custa muito a escrever, mas custa, muito, por vezes, a concretizar.
Bastava ganhar. Era isso. Fazendo-o, as três últimas jornadas com o Benfica e Gil Vicente (casa) e Sporting de Braga (fora) seriam de descompressão total. De festa permanente. De bandeiras desfraldadas ao vento. O jogo era no estádio com o nome do conquistador – D. Afonso Henriques – casa do Vitória de Guimarães, equipa difícil de bater, mas o FC Porto sabia que mesmo à chuva havia serenatas preparadas junto da «menina nua» e à volta de «D. Pedro», porque toda a cidade estava vestida de Azul e Branco para festejar. O sonho de tanta gente estava a noventa minutos e não poderia escorregar na chuva mansa.
E não escorregou! A exibição do FC Porto foi sublime. De Silvino a Drulovic, passando por João Pinto, Jorge Costa, Aloísio, Rui Jorge, Barroso, Paulinho Santos, Sérgio Conceição, Jardel e Zahovic, não houve um só dos eleitos para o jogo pelo treinador António Oliveira que tivesse ficado à margem do grande «show» dado no relvado vimaranense. Rui Barros, Artur e Domingos também ajudaram à festa. Mais que isso, ao festival Azul e Branco. Festival de imaginação. De fantasia. De golos.
Em nove minutos (entre os 60 e 69) saltam por três vezes as rolhas do champanhe e a festa começou. Até então vivia-se amarrado ao golo que Zahovic, de cabeça, marcara logo aos 25 minutos. Depois Jardel bisou (60 e 65) e Zahovic (69) fechou a vitória a sete chaves. Foi, provavelmente, a maior festa a que a Baixa assistiu desde a conquista da Taça dos Campeões Europeus dez anos atrás.
Fora 4-0 como poderia ter sido 5-0 (se aos 13 minutos Vítor Pereira não tivesse invalidado um golo imaculado a Jardel) ou 6-0, se no tempo de compensação o poste não travasse o remate de Domingos.
Uma noite perfeita com uma recepção apoteótica aos vencedores já a uma da madrugada ia longe!
Uma festa até à tantas que se prolongaria pelas jornadas finais. O FC Porto não tirou o pé do acelerador e despachou o Benfica por 3-1 e o Gil Vicente por 3-0, baqueando apenas em Braga, na penúltima jornada quando ficou a conversar com o travesseiro e foi derrotado por 2-1.

Luís César
in «Revistas dos Dragões» Junho de 2010
 
T

Timofte 2-3

Guest
O Porto tinha um grande plantel, com muitas soluções, um pouco à imagem deste ano. Aquele abaixamento de forma que começa com a derrota em casa com o salgueiros e se prolonga pelo mês de março e abril deitou a perder qualquer sonho europeu...na taça fomos eliminados na luz...a época para mim acabou por revelar-se frustrante.
 
H

hast

Guest
DOS (JOGOS) FRACOS NÃO REZA A HISTÓRIA
(Parte III)

Taça de Portugal 1993-1994
(Finalíssima)

Sporting 1 – 2 FC Porto
Um parto difícil, a vitória nesta Taça de Portugal. Nada se resolveu no primeiro jogo – Sporting e FC Porto não foram capazes de colorir o marcador e a solução foi agendar um novo jogo.
Se o espectáculo no relvado foi brilhante, aquele que se viveu, no final do jogo, atiçado pela bancada colorida de verde e branco foi degradante. Falemos, primeiro, do jogo que valeu ao FC Porto a conquista da sua oitava Taça de Portugal, após duas viagens a Lisboa numa só semana.
Esse, o jogo, foi rijinho porque Robson não deixava, nunca, os seus jogadores darem-se à moleza obrigando-os a jogar a bufo de gato
Foi, durante 90 minutos um belo espectáculo. Mais experiente e calculista o FC Porto deu a iniciativa do jogo ao Sporting, uma grande equipa (Lemajic, Nelson, Paulo Torres, Vujacic, Peixe, Paulo Sousa, Figo, Pacheco, Capucho, Poejo e Cadete) e optou por controlar esse domínio consentido, partindo para o contra golpe sempre que via o adversário embalado nas acções ofensivas, mordendo o isco.
Foi assim que Rui Jorge, aos 35 minutos, apareceu na área leonina a atirar certeiro, com força e colocação para o 1-0.
A equipa Azul e Branca empolgou-se, empertigou-se, e só o apito de José Pratas para o intervalo sossegou os leões
Um inicio de segunda parte marcado por dois falhanços imperdoáveis (Cadete pelo Sporting e Timofte pelo FC Porto) relançou o ânimo nas hostes leoninas porque à passagem do minuto 55, no aproveitamento de um ressalto de bola, Vujacic fuzilou, de muito longe, deixando Vítor Baía sem reacção.
Os apaniguados sportinguistas, em clara maioria, rejubilaram crentes na reviravolta.
Prevendo uma final de emoções fortes a Polícia de Intervenção posicionou-se a preceito junto de ambas as claques e o caldo entornou-se. As palmas e os incitamentos deram lugar a uma chuva de garrafas e um chorrilho de insultos. Uma provocação que ninguém levou a bem e fez com que os olhares se desviasse definitivamente do relvado dado que, em boa verdade, os noventa minutos se iam escoando sem nada relevante acontecesse. Com não viria a acontecer.
No prolongamento tudo seria diferente. Logo no primeiro minuto uma cabeçada do gigante Vinha (que aos 84 minutos substituiu André) só pararia no fundo das redes se Peixe não substituísse Lamejic, o guarda-redes. Grande penalidade incontestável e… Peixe expulso. Aloísio chutou certeiro colocando de novo o FC Porto em vantagem. Os vinte e nove minutos restantes foram de pressão leonina mas o resultado não se alterou. O que se alterou, e muito, foi o comportamento nas bancadas e Pacheco foi expulso aos 104 minutos.
Quase heroicamente João Pinto rompeu escada acima por entre pedras e garrafas, ladeado por Vítor Baía e Jorge Costa, rumo à Tribuna de Honra onde estava Manuela Ferreira Leite. Ministra da Educação (em representação do Presidente da República) e Vítor Vasques, o presidente da FPF, sempre sob protecção da PSP e um chinfrim de três em pipa. A muito custo o troféu foi entregue e a muito custo a Taça foi trazida incólume até ao relvado para andar demão em mão entre Vítor Baía, João Pinto, Rui Jorge, Aloísio, Fernando Couto, André, Vinha, Secretário, Folha, Timofte, Rui Filipe, Paulinho Santos e Drulovic, com os adeptos assustados mas efusivos nos festejos.
Uma festa que o ambiente incendiado que se viveu no final não permitiu que fosse a verdadeira festa da Taça de Portugal disputada num Estádio que, já se escrevia, (Diário de Notícias de 11 de Junho de 1994) não ter condições, com os espectadores a poderem passar de sector para sector – o do Jamor, de Oeiras ou, se preferirem, Nacional.
Não perderia qualquer jogo, nesta época de 1993-1994, rumo ao Jamor a equipa do FC Porto. Deu o pontapé de saída em casa, frente ao Académico de Viseu e venceu por 5-2. Foi a Guimarães e venceu o Vitória por 2-1. Seguiu-se uma viagem curta a Vidal Pinheiro e nova vitória (2-0 ao Salgueiros). Cilindrado, em casa, o Desportivo das Aves por 6-0, ficava a faltar um último obstáculo para chegar à final – o Estrela da Amadora. Na Reboleira o jogo não foi fácil mas a vitória à tangente, (2-1) foi suficiente.
Depois é o que já se sabe – uma primeira final sem golos e esta finalíssima renhida, com dois defesas a marcarem (Rui Jorge e Aloísio) e a permitirem a Bobby Robson arrancar a sua primeira grande conquista ao leme Azul e Branco.
Pronto, meus amigos, como diz o ditado, esta lebre está corrida e a estas histórias já lhe escorei o pó do casaco.
Sobre o que vou escrever na próxima? Mais onça, menos arroba, alguma coisa se há-de arranjar.
Para já… morreu o bicho, morreu a peçonha.

Luís César
in «Revistas dos Dragões» Junho de 2010
 

Jorgito

Arquibancada
18 Julho 2006
187
33
Ermesinde, 1984
http://www.youtube.com/watch?v=fFEIw0QT2qo > video do jogo acima referido.

Antes do mais, caro Hast, belissimas histórias que se têm reproduzido aqui. Desde já, os meus parabéns pelo trabalho na reprodução dos textos do sr Luis César.

Desta final, tenho algumas memórias. O primeiro jogo, não foi nada de interessante. Um jogo sonolento, mesmo. Agora este finalissima foi extraordinária. Não me esqueço do golo do Rui Jorge!

Também não me esqueço do João Pinto, no meio das garrafas e das pedras a agarrar a camisola do FCP e quase que a pedir para mandarem mais umas pedras... :)