Fernando chegou ao FC Porto no Verão de 2007 com a fama de duro. E não era caso para menos, pois meses antes tinha sido suspenso por um ano pela Confederação Sul-Americana de Futebol, por ter agredido a pontapé o árbitro colombiano Albert Duarte no jogo contra o Chile, um dos que valeu à selecção brasileira o título continental de juniores e o apuramento para o Mundial de sub-20, que se disputou no Canadá. Um Mundial que, por força da sua suspensão, Fernando não pôde jogar, no caso encontrando porventura a motivação para uma maior temperança, pois em mais de um ano na Liga portuguesa ainda não foi expulso uma única vez.
A timidez, é natural para quem chega de novo a um ambiente tão diferente. E mais razões deve ter tido Fernando para o sentir quando, arribou ao Dragão. É verdade que trazia a bagagem das selecções jovens do Brasil, mas aí foi sempre figura secundária, um suplente utilizado. A nível de clubes, Fernando Francisco Reges, médio nascido a 25 de Julho de 1987 em Brasília só conhecia o modesto Vila Nova, do estado de Goiás.
Chegou à equipa principal, onde já estavam Marques (agora no Leixões), Laionel (V. Setúbal) ou Baiano (Belenenses) em Julho de 2006, dias depois de fazer 19 anos, mas o seu contributo já não chegou para manter o Vila na Série B. Porém, mais do que reduzir-lhe a visibilidade, a descida para o terceiro escalão do futebol brasileiro veio contribuir, isso sim, para que Fernando baixasse de preço: tinha o campeonato de 2007 começado há pouco e o FC Porto precisou de pagar apenas 720 mil euros para contratar um centrocampista que Nelson Rodrigues, seleccionador brasileiro de sub-20, definia como \"um médio que faz bem a marcação e sabe sair com a bola\".
Apesar de ter deixado muito boa impressão do estágio de pré-temporada - Carlos Azenha, à data adjunto de Jesualdo Ferreira, disse mesmo que tinha sido o jogador que mais o surpreendera nesse arranque de época - Fernando acabou por ser emprestado ao Estrela da Amadora. Sob o comando de Daúto Faquirá converteu-se na alma da equipa da Reboleira, falhando apenas três jogos após a sua chegada (os dois com o FC Porto e a deslocação ao Funchal, para defrontar o Marítimo, neste caso por castigo).
Um ano passou e, depois de testar Guarín na Supertaça, contra o Sporting, e Raul Meireles na abertura da Liga, em casa com o Belenenses, Jesualdo Ferreira lançou Fernando na Luz, contra o Benfica. Era uma estreia de peso e o jogador respondeu bem, acabando por sair aos 62 minutos, quando a ordem era tentar recuperar a vantagem. Apesar das dúvidas que subsistem relativamente à sua capacidade para definir os caminhos do futebol atacante do FC Porto, como o fazia Paulo Assunção, Fernando nunca mais saiu do onze. E o seu espaço de crescimento é enorme.|