Alexandre, o filho pródigo de Pinto da Costa
Os seus inimigos acusam o pai de lhe ter dado fortunas a ganhar em comissões de venda e compra de jogadores e até na observação de futuros craques para o FC Porto. Falam em dois milhões de euros, mas Alexandre Pinto da Costa nega e baixa a fasquia para pouco mais de meio milhão. Seja como for, numa casa que já não ganhou qualquer título nas duas últimas temporadas, todos ralham com o presidente e passam à lupa as relações entre o empresário Alexandre Pinto da Costa e a SAD portista, liderada pelo pai. Relações antigas, tão antigas e conturbadas que levaram o pai a afundar a empresa do filho e de José Veiga, o portista do Luxemburgo que chegou a dirigente do Benfica e que agora está preso na Gomes Freire por outros negócios. Foi no final do século passado que tudo aconteceu. Uma transferência feita à revelia de Pinto da Costa fez entornar o caldo e o presidente do FC Porto retaliou de forma violenta. Tirou o tapete ao filho e a José Veiga no negócio de Sérgio Conceição, afastou da equipa principal os jogadores agenciados pela Superfute e a guerra levou, pouco tempo depois, ao fim do negócio. Mas Pinto da Costa fez mais. Proibiu o filho de entrar nas instalações do clube e cortou relações com Alexandre.
Dez anos de gelo
Foram dez anos de gelo e de costas voltadas. E o filho, que desde cedo andava pelo então Estádio das Antas a vender cadeiras de plástico, não perdia a oportunidade para dar alfinetadas ao pai, que por essa altura vivia com Filomena, a segunda mulher e secretária de uma vida. Uma crise na bola, opções erradas e falta de títulos faziam Alexandre saltar para a ribalta nos ataques ao pai. Quando Sporting, Boavista e outra vez o Sporting foram campeões em 2000, 2001 e 2002, lá apareceu o veneno de Alexandre: «Como portista, não estou habituado a ver o clube a lutar pelo 3.º lugar, sobretudo na época em que teve o maior orçamento da história do futebol português. É milhão a mais para resultados a menos». Mas Alexandre, que alguns amigos garantem não ser um menino do papá educado no Colégio Luso-Francês, uma excelente escola das Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora, fez-se de novo à vida e criou uma nova empresa para o mesmo negócio de jogadores.
A Energy Soccer nasceu, cresceu e está agora no olho do furacão pelas comissões que recebe da SAD do Porto. No site da empresa pouco se diz sobre negócios, clientes e jogadores. E tem alguma ironia quando justifica a ocultação dos seus jogadores por razões de ética. É por isso que blogues portistas e outros inimigos do peito andam de lupa na mão à procura de clientes e dos dinheiros da Energy Soccer. O famoso portal Football Leaks é um deles. Vejamos as contas à moda do Porto: «Alexandre terá recebido cerca de 430 mil euros por serviços de intermediação referentes a quatro negócios distintos. Sobre a transferência de Carlos Eduardo, em 2013, a Energy Soccer faturou 123 mil euros aos dragões, além de 84 mil cobrados ao Estoril. Aquando da mudança de Christian Atsu para o Chelsea, no mesmo ano, os serviços ficaram por 184 mil euros. No caso de Rolando, a Energy Soccer participou nos dois empréstimos do central para Itália: pela cedência do central ao Nápoles, em janeiro de 2013, recebeu dos dragões 123 mil euros, e na época seguinte, em que Rolando foi emprestado ao Inter, a SAD pagou 75 mil euros pelos serviços de intermediação os italianos pagaram 60 mil euros. Os serviços prestados ao FC Porto nestes quatro negócios chegaram aos 430 mil euros», revela o Football Leaks.