domribeiro disse:
Pensei se valeria a pena, e apesar de ainda achar que não, aqui vai
Claro que precisamos dos 70M por causa das negociatas!!!
Dizer isto não é dizer que se não existissem negociatas não precisaríamos de mais-valias, mas é muito diferente precisarmos de 30/35 ou precisarmos de 70M.
Apenas para analise e para pensar basta ver o gráfico abaixo para perceber o que tem acontecido às mais-valias necessárias para atingir o break-even
Passamos de 31M em 2011 para 70M estimados para 2016 e o que aconteceu à nossa competitividade? Aumentou? Diminui?
Isto sem falar que ao mesmo tempo que duplicamos a nossa necessidade de mais-valias também passamos a comprar muito mais caro e percentagens muito menores dos passes.
Como costumo dizer cada vez precisamos de comer mais sardinhas mas ao mesmo tempo destruímos os viveiros onde criamos as sardinhas, sem falar que precisando de sardinhas macho compramos é sardinhas fêmeas.
Faltou-te aqui o exemplo do sporting que é o costume da questão dizer se apostamos na formação acontece-nos como ao sporting que não ganha nada.
Só que o pessoal esquece que o sporting não optou por apostar na formação, foi obrigado a faze-lo.
E porque? Porque num ano para ser campeão apostou em Tello (jogador mais caro de sempre em PT até essa altura) apostou em pagar salários milionários a entre outros Schmeichel, andre Cruz etc
e não consegui rendibilizar esses investimentos (em mais valias capaz de pagar o défice) que é exatamente o que temos feito agora pagar salários milionários a pré-reformados (Maxi e cassillas) e apostar em jogadores que apenas dão retorno a empresários e não naqueles que dão retorno efetivo ao clube.
Eu percebo, até porque é um dado objetivo, que precisamos de muitas mais valias para atingir o equilíbrio financeiro, leia-se, resultado nulo. Concordo com a identificação do problema, mas não concordo com o motivo identificado.
Àquilo a que chamas "negociatas" eu chamo-lhe maus negócios, ou seja, negócios que não tiveram o retorno esperado.
E a questão formal não é dispicienda, ou seja, "negociatas" tem o sentido de negócios sem intenção desportiva, mas apenas com a fito de "sacar" dinheiro para os bolsos dos administradores.
E a existir "negociatas" nesse sentido criminal (que eu não sei se existem ou não) elas não explicam nem uma pequena parte desse desequilíbrio.
Aquilo que, do meu ponto de vista, explica em larga medida esse desequilíbrio é uma coisa simples: maus investimentos acompanhados por alteração do modelo de negócio na era Lopetegui.
O modelo de negócio do Porto, que pode e deve ser discutido, deve ser enquadrado no altíssimo risco do negócio inerente ao setor do futebol.
Quando investes numa máquina consegues estimar com alguma fiabilidade o "output" que com ela consegues, e consequentemente, estimar vendas e lucros.
Quando a componente do investimento é toda ela em recursos humanos, em homens, o risco de correr mal sobe exponencialmente, naturalmente devido à própria condição humana.
E ao contrário do que aconteceu no passado recente, o Porto tem errado mais do que acertado. Fizemos efetivamente aquisições de jogadores que não retornaram financeiramente: Reyes, Adrian Lopez, Quintero, etc, etc.
E num clube que atua num mercado exíguo como o português, onde, repito, o futebol é intrinsecamente deficitário, não se tem de acertar mais vezes, tem de acertar muitas mais vezes do que as que se erra.
E o Porto tem errado mais do que o seu modelo permite.
Acresce que, e é aí que reside a minha principal crítica, o Porto mudou de modelo com o Lopetegui e investiu em jogadores emprestados que aumentaram muito a folha salarial sem que aumentasse o potencial de mais valias (porque não eram nossos).
E eu aceito que haja investimentos que corram mal, já me custa mais aceitar que em função de um treinador se mude o modelo de negócio.
O modelo de negócio em qualquer empresa é uma coisa estrutural, eu diria, quase cultural, e tem se ser imune (em certa medida) ao passar do tempo. É uma espécie de imagem de marca.
E o Porto, por causa de uma pessoa abdicou dele.
Por conseguinte, eu tenho (uma vez mais) uma ideia mais benévola da SAD, mas ao mesmo tempo mais exigente. Se os problemas financeiros do Porto se devessem às "negociatas", no sentido pejorativo do termo, então a solução era simples: colocar na SAD gente honesta (por oposição a estes "ladrões") e os problemas desapareciam.
Quanto ao Sporting, sinceramente não me diz nada nem é exemplo de nada. É clarinho como a água que eles investiram na formação não por opção estratégica mas por terem um garrote financeiro no pescoço.
Não me esqueço que no ano em que fizeram o seu maior negócio, a venda do Nani para o MU, desataram a comprar jogadores a granel.
Em suma, o modelo do POrto é o que todos conhecemos. É extremamente arriscado, mas é, na minha opinião, o que assegura uma maior equilíbrio no curto prazo entre finanças e competitividade desportiva, aliás, replicado pelo Benfica com sucesso.
Pode e deve discutir-se se não está na hora da alteração de modelo. Optar-se por um modelo assente na formação, mas eu duvido que os adeptos, em geral, estejam de facto dispostos a isso, se perceberem, como é normal que aconteça, que isso só traz resultados a médio prazo.