O nosso novo pupilo deu uma entrevista a um media da dinamarca. Fica aqui uma tradução
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Quero começar por dizer que é algo de que estou mesmo, mesmo orgulhoso. Ter feito parte, especialmente, da conquista do campeonato dinamarquês com o FC Copenhaga. E, depois disso, poder coroar essa conquista com o título de maior venda da história do FC Copenhaga… isso é algo de que só se pode estar orgulhoso. Victor, sê muito bem-vindo ao Kvar-Dibolt e, acima de tudo, muitos parabéns pela tua grande transferência para o FC Porto. Nós os dois fizemos a tua primeira grande entrevista da carreira em janeiro de 2024.
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Lembras-te em que país a fizemos?
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Acho que foi em Portugal. Fizemos uma entrevista… ou foi a primeira vez que participei num estágio de treino.
Já tinhas reparado que foi em Portugal?
Na verdade, não tinha pensado nisso, mas foi certamente um bom começo.
Pois, pode-se dizer que sim. Victor, acabaste de dar o salto do FC Copenhaga para um dos clubes mais históricos da Europa, como o primeiro dinamarquês na história do Porto, e como protagonista de uma das maiores transferências de sempre da Superliga dinamarquesa.
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Hoje vamos falar um pouco das impressões que já levas daqui. Vamos começar. Estás num capítulo totalmente novo no Porto, tanto como pessoa como jogador de futebol. Tenta pôr isso em palavras.
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É uma mudança enorme. Agora já não estou em casa, com todos os amigos, os avós, a família. De repente estamos num país estrangeiro com muitas pessoas que só falam português — pelo menos uma boa parte. Mas desde o primeiro dia senti uma enorme paixão pelo futebol. Isso é algo que sempre tive ao longo da minha vida. Essa parte conseguimos partilhar, e isso ajuda bastante na adaptação.
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E a nível pessoal? Eu sei que, praticamente de um dia para o outro, entraste num avião… já falei com o Rorti sobre isso: de repente, sais de toda a tua rotina diária. Como é que tem sido a nível humano?
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Seria mentira dizer que foi fácil ou que simplesmente passei por cima. Mas sinto-me bastante confortável com a ideia de que as coisas vão correr bem e sinto-me seguro nisso. Fiz boas reflexões sobre o que queria realmente. Mas, claro, é uma grande mudança deixar tudo o que é familiar — e Copenhaga foi a minha casa durante muitos anos.
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Há alguma coisa que te tenha surpreendido? Costumamos ouvir que, quando os jogadores chegam ao FC Copenhaga, há coisas que os surpreendem… aconteceu-te algo semelhante no Porto, com o clube ou com a organização?
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Acho que começo por dizer que Copenhaga é realmente um ambiente profissional ao mais alto nível. Mas aqui sinto que o futebol é, absolutamente, a prioridade número um. É o que toda a cidade vive. Tudo gira em torno disso e cada detalhe conta. Isso aplica-se ao treino, ao cuidado físico, à alimentação — tudo para otimizar. E é um clube que, nos últimos anos, não venceu o campeonato.
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Nota-se que a cidade tem fome de títulos e quer muito voltar a ganhar ou, pelo menos, lutar por isso. Em Copenhaga fomos campeões algumas vezes nos últimos anos. Já sentiste alguma diferença na intensidade, na cultura, em comparação com o FC Copenhaga?
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Acho que, em termos de intensidade e estrutura, Copenhaga está no mais alto nível. Nesses aspetos é difícil comparar. Mas, no que toca ao jogo com bola, aqui dão muito mais ênfase. Treina-se muito essa parte, mais do que eu estava habituado na Dinamarca.
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Por isso, acho que é mais uma adaptação tática no futebol do que outra coisa. Nós vimos os teus dois primeiros jogos (não vou dizer onde, mas encontrámos um link meio obscuro para os ver). Recebeste muitos elogios, mas também li que o teu treinador disse que tinhas de melhorar com bola em espaços curtos. Qual é a tua perceção do papel que tens na equipa?
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Está claro que vim para trazer as minhas qualidades — a minha capacidade física, a cobertura de grandes áreas no campo e a recuperação de bolas. Isso já fazia no FC Copenhaga. Também o transporte de bola. Esse tem sido o foco principal para contribuir para a equipa. E há um plano claro para melhorar especialmente o jogo com bola, sobretudo em espaços reduzidos. Nunca serei tão bom nisso como alguns colegas, mas quero evoluir dois ou três níveis nessa área para poder participar mais nessas fases.
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Mas o objetivo principal é ganharmos jogos. Quanto à receção, senti-me muito bem acolhido. Aqui há uma grande capacidade de integrar novas pessoas, independentemente de serem estrangeiros ou portugueses. Claro que a barreira da língua existe, porque não falo português ainda, mas há sempre simpatia e abertura. Alguns jovens jogadores têm-me ajudado bastante a integrar.
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Levam-me para almoçar ou jantar, ajudam-me a conhecer os sítios e a entrar nas rotinas do clube. Temos feito refeições em conjunto e até um pequeno estágio que ajudou a aproximar-nos. Com aqueles que não falam inglês é mais difícil, mas já me aconselharam a aprender português o quanto antes, porque facilita muito. Estou a trabalhar nisso.
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Quanto à cláusula de rescisão… no sul da Europa é comum e aqui é pública: 600 milhões de coroas dinamarquesas, se não me engano. Para mim, mesmo que fosse 800 ou 400 milhões, a pressão seria a mesma. Sabia que vinha para um contexto de grande exigência, sendo a segunda maior contratação da história do clube. Mas a pressão que coloco em mim próprio é maior do que qualquer pressão externa.
09:52
O valor serve sobretudo para proteger o investimento do clube. O objetivo é estar aqui durante bastante tempo e justificar o que foi pago por mim, mas nada está garantido.
10:57
Soube do interesse do Porto logo após o final da época, mas pedi à minha equipa e família que só me informassem se houvesse algo concreto, para poder manter o foco total no FC Copenhaga. Quando a oportunidade se tornou real, analisei-a a fundo.
12:59
Não é fácil deixar um clube que foi casa durante tantos anos, onde me senti bem e joguei para adeptos que me apoiaram desde o primeiro dia. Mas houve momentos de despedida, especialmente na academia, onde passei mais tempo. Mandei mensagens e agradeci a muitos que me ajudaram.
15:16
Quanto a ser a maior transferência do clube, é algo de que tenho muito orgulho e gratidão. É a prova de que vale a pena trabalhar mais um pouco todos os dias. Mas ainda tenho muito pela frente — tenho apenas 19 anos.
16:22
Sobre o meu estilo de vida regrado… é um hábito que adquiri desde que cheguei jovem ao clube. Fiz um plano claro para atingir o meu potencial máximo. Isso implica desfrutar do processo, não só do objetivo final.
17:55
Hoje tenho um bom equilíbrio: sei quando dar mais e quando afastar-me um pouco para não deixar o futebol ocupar 24 horas por dia.
18:55
Mesmo com a cláusula ou percentagens futuras para o FC Copenhaga, vou sentir-me sempre ligado ao clube e vou segui-lo de perto. Mas agora o foco está totalmente no Porto e em conquistar títulos aqui.
19:50
Quanto à minha evolução na época passada, a principal mudança foi passar para uma posição central no meio-campo, onde tive minutos consecutivos e aproveitei para entrar num bom ritmo. Isso deu-me confiança e espaço para mostrar as minhas forças, conquistando o lugar pelo mérito.
21:35
O que mais me ajudou em Copenhaga foi a mentalidade competitiva: todos os treinos e jogos são para ganhar. Isso moldou o meu caráter competitivo e encaixou na minha forma de ser.
22:34
Sou muito grato por ter jogado com colegas de grande nível e por ter trabalhado com uma equipa técnica que sempre quis ajudar-me a evoluir. Também agradeço imenso aos adeptos, que dão motivação extra para dar tudo.
23:28
Quanto ao futuro… espero que seja um "até já" e não um adeus definitivo. O objetivo é voltar um dia, talvez para terminar a carreira no FC Copenhaga, mas não a curto prazo.
24:30
Por agora, quero dar tudo pelo Porto e aproveitar esta oportunidade.