Claro. Mas dificilmente nos achamos surpreendidos, assim é o comportamento habitual dos políticos nacionais (... e porque não dos outros também). Estando num lado, fala-se de outras formas de se fazer política e responsabiliza-se a figura máxima; estando noutro, afinal já não se pode pedir contas, seria um pérfido aproveitamento político!, e a possibilidade de demissão é substituída por um "aqui ninguém foge!", assim se dando supostos ares de coragem em momento de adversidade. ... o de sempre.
Mais valia não ter dito nada no primeiro momento. A responsabilidade de Medina podia soar possível pela maior proximidade organizacional... digamos assim, mas a gravidade do que acabou de acontecer não deixa muito que argumentar. Para alguém que se afirma rosto de uma política diferente e estabelece uma fasquia tão elevada... enfim. Talvez seja melhor afirmar-se como alguém normal, apenas mais um, aparecer encostado aos grandes eventos, pelas web summits e tal... sempre se poupa na sonsice.
Até podemos ter alguma simpatia pela ideia de que não se deve pedir demissões por tudo e por nada, que é importante ponderar diferentes tipos e graus de responsabilidade... no entanto parece que se passou para um extremo em que ninguém é capaz de se demitir. Melhor dizendo, em que se atirou borda fora uma certa concepção política e ética da natureza dos cargos públicos a favor de uma perspectiva minimalista de responsabilidade. Pode arder 2.3% do país, pode colapsar a resposta de emergência do INEM, podem morrer bebés à porta de centros de saúde... não passa nada.
Quanto à nossa elite de dirigentes, vamos de mal a pior. Acompanhamos o espírito dos tempos, valha-nos isso.