Animais de estimação

Dexter2020

Dexter2020

Tribuna Presidencial
21 Junho 2019
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  • André Villas-Boas
Olá a todos os amantes de animais.

Depois do meu gato Dexter ter ido em Maio de 2020 hoje a mãe dele, a Maya, ficou internada depois de se ter vomitado toda ontem à noite e ter ficado sem forças nas pernas e muito cambaleante, como se tivesse tonturas.
Para já sabe-se que o sistema dela não está a processar os açúcares como devia e envia-o para o sangue diretamente em vez de ser para as células, não lhe dando assim a energia que ela precisa. Tem anemia mas não com valores assustadores. A temperatura dela é que está abaixo do que seria o normal e isso é sinal de que o sistema se está a deixar ir.

Vamos ver. Tem cerca de 16 anos e picos, acho, portanto, é velhinha, mas ainda há dias andava a saltar e a dormir e a interagir como sempre o fez desde muito nova.

Isto tudo é extremamente debilitante a nível emocional para mim. Vir embora do veterinário e deixá-la ali com o soro agarrada à pata, dentro duma jaula... Estraçalha-me completamente a alma. Sei que viveu muito e viveu bem a grande maioria do tempo mas isso soa sempre a vazio nestas horas mais perto do fim.

Abracem e mimem os vossos sempre que puderem. Foi o que fiz com elas e ele a vida toda deles.
 

Jorge_Bruno

Lugar Anual
7 Maio 2016
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  • Pinto da Costa
  • José Maria Pedroto
  • Bobby Robson
  • Alfredo Quintana
Olá a todos os amantes de animais.

Depois do meu gato Dexter ter ido em Maio de 2020 hoje a mãe dele, a Maya, ficou internada depois de se ter vomitado toda ontem à noite e ter ficado sem forças nas pernas e muito cambaleante, como se tivesse tonturas.
Para já sabe-se que o sistema dela não está a processar os açúcares como devia e envia-o para o sangue diretamente em vez de ser para as células, não lhe dando assim a energia que ela precisa. Tem anemia mas não com valores assustadores. A temperatura dela é que está abaixo do que seria o normal e isso é sinal de que o sistema se está a deixar ir.

Vamos ver. Tem cerca de 16 anos e picos, acho, portanto, é velhinha, mas ainda há dias andava a saltar e a dormir e a interagir como sempre o fez desde muito nova.

Isto tudo é extremamente debilitante a nível emocional para mim. Vir embora do veterinário e deixá-la ali com o soro agarrada à pata, dentro duma jaula... Estraçalha-me completamente a alma. Sei que viveu muito e viveu bem a grande maioria do tempo mas isso soa sempre a vazio nestas horas mais perto do fim.

Abracem e mimem os vossos sempre que puderem. Foi o que fiz com elas e ele a vida toda deles.
Força nesta hora, desejar que tudo melhore e ela possa estar a teu lado por mais um bom tempo!
 

Edgar Siska

Não há derrotas, quando é firme o passo
9 Julho 2016
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Ao pé da praia
  • Alfredo Quintana
  • Maio/21
  • Junho/22
  • Agosto/22
Olá a todos os amantes de animais.

Depois do meu gato Dexter ter ido em Maio de 2020 hoje a mãe dele, a Maya, ficou internada depois de se ter vomitado toda ontem à noite e ter ficado sem forças nas pernas e muito cambaleante, como se tivesse tonturas.
Para já sabe-se que o sistema dela não está a processar os açúcares como devia e envia-o para o sangue diretamente em vez de ser para as células, não lhe dando assim a energia que ela precisa. Tem anemia mas não com valores assustadores. A temperatura dela é que está abaixo do que seria o normal e isso é sinal de que o sistema se está a deixar ir.

Vamos ver. Tem cerca de 16 anos e picos, acho, portanto, é velhinha, mas ainda há dias andava a saltar e a dormir e a interagir como sempre o fez desde muito nova.

Isto tudo é extremamente debilitante a nível emocional para mim. Vir embora do veterinário e deixá-la ali com o soro agarrada à pata, dentro duma jaula... Estraçalha-me completamente a alma. Sei que viveu muito e viveu bem a grande maioria do tempo mas isso soa sempre a vazio nestas horas mais perto do fim.

Abracem e mimem os vossos sempre que puderem. Foi o que fiz com elas e ele a vida toda deles.
Depois de ter perdido a minha gata Kika em 2020 no verão (curiosamente num 10 de Junho) esta semana fui "presenteado" com o adoecimento súbito da minha cadela. Ficou letárgica, sem forças, dormia o dia todo deitada onde pudesse, tinha muito trabalho em lhe dar de comer, em pouco mais de uma semana passou de cadela bem alimentada a muito magra, mesmo comendo.
Está internada no hospital veterinário, já foi sujeita a duas cirurgias, contraiu várias infeções virais na flora intestinal e no estômago de origem até agora desconhecida.
Chegou mais para lá que para cá.
No entanto tem melhorado.
Espero voltar a tê-la cá ainda esta semana, mas ainda não está livre de perigo.
 

MiguelDeco

Tribuna Presidencial
2 Setembro 2013
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Depois de ter perdido a minha gata Kika em 2020 no verão (curiosamente num 10 de Junho) esta semana fui "presenteado" com o adoecimento súbito da minha cadela. Ficou letárgica, sem forças, dormia o dia todo deitada onde pudesse, tinha muito trabalho em lhe dar de comer, em pouco mais de uma semana passou de cadela bem alimentada a muito magra, mesmo comendo.
Está internada no hospital veterinário, já foi sujeita a duas cirurgias, contraiu várias infeções virais na flora intestinal e no estômago de origem até agora desconhecida.
Chegou mais para lá que para cá.
No entanto tem melhorado.
Espero voltar a tê-la cá ainda esta semana, mas ainda não está livre de perigo.
Vai ficar bem. Tu é que quando vires a conta do veterinário vais ficar meio tolo :)
 
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Não há derrotas, quando é firme o passo
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Vai ficar bem. Tu é que quando vires a conta do veterinário vais ficar meio tolo :)
Como se ontem já não tivesse despejado 400 paus.
Sei que deverá andar pelos 800/900€, mas os senhores querem logo uma parte mesmo antes das cirurgias.
Mas não choro o dinheiro que gasto com os meus animais.
 

D10s

Tribuna
21 Novembro 2013
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Epah os meus melhores amigos sempre foram cães, e nem tanto gatos. Ja perdi 2 cães da mesma maneira, rotura completa de um disco na coluna.

Nos dois casos em 30min passaram de modo brincadeira e bem dispostos para arrastar as patas de trás, para depois ficarem completamente paralisados e terem de ser infelizmente postos a dormir. A cirurgia eram cerca de £10K com pouca probabilidade de recuperação ate para uma qualidades de vida media (afectou ate os intestinos).

Conclusão ter 1 Frenchie, foi por inocência, ter o 2o foi pela maneira que perdi a primeira, mesmo sabendo que é um problema comum a raça, agora digo nao sustentem a criação de French Bulldogs, sao dos melhores cães em termos de feitio, mas coitados nao merecem o sofrimento que tem a vida toda.
 

MiguelDeco

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Como se ontem já não tivesse despejado 400 paus.
Sei que deverá andar pelos 800/900€, mas os senhores querem logo uma parte mesmo antes das cirurgias.
Mas não choro o dinheiro que gasto com os meus animais.
A minha mulher teve algumas colegas que levaram com faturas na ordem dos 2000/3000 mil euros. A mim dava-me um ataque cardíaco..
Eu sinceramente admiro pessoas assim. Eu sou, infelizmente, muito mais somítico do que deveria ser. Mas como tenho essa noção também não tenho animais. Isso e porque a minha mulher odeia animais (é mais o pelo deles e a sua incapacidade de fazerem as suas necessidades nos locais certos :)
 

MiguelDeco

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Epah os meus melhores amigos sempre foram cães, e nem tanto gatos. Ja perdi 2 cães da mesma maneira, rotura completa de um disco na coluna.

Nos dois casos em 30min passaram de modo brincadeira e bem dispostos para arrastar as patas de trás, para depois ficarem completamente paralisados e terem de ser infelizmente postos a dormir. A cirurgia eram cerca de £10K com pouca probabilidade de recuperação ate para uma qualidades de vida media (afectou ate os intestinos).

Conclusão ter 1 Frenchie, foi por inocência, ter o 2o foi pela maneira que perdi a primeira, mesmo sabendo que é um problema comum a raça, agora digo nao sustentem a criação de French Bulldogs, sao dos melhores cães em termos de feitio, mas coitados nao merecem o sofrimento que tem a vida toda.
Eu perdi um pastor alemão dessa forma. Foi o último cão a que me apeguei afectuosamente e jurei que nunca mais..
 

Jorge_Bruno

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Como se ontem já não tivesse despejado 400 paus.
Sei que deverá andar pelos 800/900€, mas os senhores querem logo uma parte mesmo antes das cirurgias.
Mas não choro o dinheiro que gasto com os meus animais.
Diz me só uma coisa que nunca entendi nisto, se não tivesses dinheiro para pagar, qual era a solução que eles te davam? O abate do teu companheiro?

São valores muito grandes que nem todos podem suportar sinceramente.
 

MiguelDeco

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Diz me só uma coisa que nunca entendi nisto, se não tivesses dinheiro para pagar, qual era a solução que eles te davam? O abate do teu companheiro?

São valores muito grandes que nem todos podem suportar sinceramente.
O enorme problema é esse mesmo. Como não existe uma solução pública para estes casos ou te sujeitas ou então tens que o sujeitar ao destino. E no caso do Edgar ele foi avisado com antecedência. Muita gente não faz ideia das despesas que poderão ter quando metem um cão num hospital veterinário. Os casos que falei as pessoas ganham 700 euros por mês.. Como conseguem pagar 2000 ou 3000 por um internamento de cão ou de um gato? É impossível..
 

Jorge_Bruno

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O enorme problema é esse mesmo. Como não existe uma solução pública para estes casos ou te sujeitas ou então tens que o sujeitar ao destino. E no caso do Edgar ele foi avisado com antecedência. Muita gente não faz ideia das despesas que poderão ter quando metem um cão num hospital veterinário. Os casos que falei as pessoas ganham 700 euros por mês.. Como conseguem pagar 2000 ou 3000 por um internamento de cão ou de um gato? É impossível..
É ridículo sinceramente.
 
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Edgar Siska

Não há derrotas, quando é firme o passo
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Epah os meus melhores amigos sempre foram cães, e nem tanto gatos. Ja perdi 2 cães da mesma maneira, rotura completa de um disco na coluna.

Nos dois casos em 30min passaram de modo brincadeira e bem dispostos para arrastar as patas de trás, para depois ficarem completamente paralisados e terem de ser infelizmente postos a dormir. A cirurgia eram cerca de £10K com pouca probabilidade de recuperação ate para uma qualidades de vida media (afectou ate os intestinos).

Conclusão ter 1 Frenchie, foi por inocência, ter o 2o foi pela maneira que perdi a primeira, mesmo sabendo que é um problema comum a raça, agora digo nao sustentem a criação de French Bulldogs, sao dos melhores cães em termos de feitio, mas coitados nao merecem o sofrimento que tem a vida toda.
A minha gata foi esse problema que a afectou, uma doença degenerativa do disco invertebral, o mesmo prognóstico em termos de possível cirurgia e valores similares (9k).
Não teve problemas intestinais ou relacionados com incontinências felizmente. Era relativamente nova ainda, tinha 6 anos e uns meses.

Nos cães a tendência é maior nas espécies de pequeno porte, sendo por norma os bulldogs franceses e os dachsunds as raças mais afectadas.
 

Edgar Siska

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Diz me só uma coisa que nunca entendi nisto, se não tivesses dinheiro para pagar, qual era a solução que eles te davam? O abate do teu companheiro?

São valores muito grandes que nem todos podem suportar sinceramente.
A solução vamos supor, se eu fosse um reformado e cuja minha companhia era o animal, a receber a reforma para pagar as contas e comer a solução seria provavelmente o abate num canil ou deixar o animal em casa até que ele falecesse a sofrer.

Não vejo que outra forma seria, a não ser recorrer talvez a algumas associações que arcam com parte dos custos ou ajudam, por sua exclusiva boa vontade como já assisti, pessoas com menos possibilidades, idosos etc.
Fora isso não há soluções.
 

Edgar Siska

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A minha mulher teve algumas colegas que levaram com faturas na ordem dos 2000/3000 mil euros. A mim dava-me um ataque cardíaco..
Eu sinceramente admiro pessoas assim. Eu sou, infelizmente, muito mais somítico do que deveria ser. Mas como tenho essa noção também não tenho animais. Isso e porque a minha mulher odeia animais (é mais o pelo deles e a sua incapacidade de fazerem as suas necessidades nos locais certos :)
Tudo depende do tempo de estadia, das intervenções, medicação.
Já agora eu sou sócio de uma clínica o que me dá um desconto, senão levava mesmo com os mil e tais.
 
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Edgar Siska

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Eu perdi um pastor alemão dessa forma. Foi o último cão a que me apeguei afectuosamente e jurei que nunca mais..
Sendo de grande parte foi uma degeneração fibroide provavelmente, que acaba por ser pior, porque enquanto a condroide que se dá nos animais de pequeno porte tem um desenvolvimento rápido, esta é lenta, com dores e extensão a ocorrerem ao longo de um período maior de tempo e por vezes só se detecta já mesmo com o animal nas últimas.
 
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Dexter2020

Dexter2020

Tribuna Presidencial
21 Junho 2019
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  • André Villas-Boas
Boa noite a todos os amigos dos animais.

Como devem ter reparado - ou se calhar nem por isso...eheheh - tenho andado meio ausente aqui do fórum por causa, essencialmente, da situação clínica da minha gata Maya.

Hoje venho aqui dar-vos uma boa notícia e contar um pouco sobre o que foi esta semana - parece que foram meses - e esta sensação de montanha russa ucraniana de emoções.

A Maya, depois de uma semana internada entre a vida e a morte, conseguiu recuperar e voltou a comer e a beber de forma autónoma e regressou a casa. Quando a fomos levar ao veterinário de urgência tinha acabado de lhe dar uma crise meio estranha que lhe provocou enorme fraqueza no corpo todo, de tal maneira que mal se conseguia aguentar em pé e passou a andar de forma cambaleante, como se estivesse muito tonta ou podre de bêbada.

Quando chegou ao veterinário tinha alguns valores de análises alterados mas nada de muito grave. Só o valor hormonal é que estava elevadíssimo - ela sofre de hipertireoidismo e toma medicação diária mas o médico descartou que fosse disso. Também descartou um AVC. O coração estava normal, nada nos pulmões. Nada que justificasse aquele comportamento repentino. Quando o médico lhe mediu a temperatura corporal percebeu-se que o sistema dela estava a fazer shutdown. Tinha a temperatura (34 e picos) muito abaixo do valor normal nos gatos que é por volta dos 38,5ºC. O médico disse logo que o mínimo de temperatura num gato em que o tinha conseguido salvar era de 35,3ºC. Ainda por cima com a idade dela, 16 anos, Prognóstico muito reservado.

Ficou internada e seguiram-se um raio x e mais uns exames (tudo caríssimo). Não se conseguiu fazer um tac porque ela não estava em condições de ser sedada de forma total. Provavelmente não sobreviveria. Mas, pelo resultado do raio x e pela apalpação o veterinário não detectou nenhuma massa que justificasse aquele estado. Foi quando ele detectou que o nº de glóbulos brancos estava muito elevado o que indicaria uma infeção nos rins ou algum tipo de infeção. Começou a tomar antibióticos.

A partir daí foi um vai não vai, entre algum ligeiro arrebitar - mas sempre a soro e sem comer - e uma prostração que indicava que se estava a ir. Posso dizer que esteve no limbo entre a vida e a morte, para quem acredita nessas coisas - eu não. Eu e a minha mulher chorámos a morte dela quase todos os dias e nos dias em que havia uma ligeira melhora a esperança regressava, mas sempre muito controlada e muito contida, mas depois esvaía-se como areia pelos dedos quando o médico nos dizia que não havia alterações.

O limite estava a chegar e combinou-se a data e a hora para a tal conversa em que se ia decidir, com toda a certeza, dar-lhe o sono da paz que a levasse para perto do Dexter. Eis quando, ontem à noite, recebo uns vídeos do veterinário com ela já a comer e a ronronar, ativa e com o olhar perto do quer era normal nela. Mais uma enxurrada de alegria e um alívio profundo, uma leveza que se instala e destrói de vez aquele buraco negro de angústia bem no centro do peito. Um milagre. Na idade dela foi um milagre. Para quem acredita nestas coisas. Eu prefiro acreditar nos milagres da ciência.

Agora em casa, ainda muito debilitada, já comeu e bebeu e dorme o sono da guerreira. Sei que isto tudo foi um adiar do inevitável. Sei que irá partir mais cedo do que mais tarde e sei que já viveu mais do que a conta dela mas cada minuto que cá passa no sossego da nossa companhia vale todas e mais algumas lágrimas e todo o dinheiro gasto neste pesadelo.

Lições a retirar disto tudo: prefiro o choque brutal da morte súbita e repentina e sem sofrimento do que esta incerteza do limbo durante semanas com acréscimo de dor e angústia quase contínua. Outra lição é a resiliência incrível dos animais e a sua vontade inata de viver que, penso, é comum a quase todos os seres vivos. Sei que ainda vou ter que passar por isto (e pela morte delas) pelo menos mais duas vezes. E depois - outra lição que retiro daqui - vou fazer uma pausa de animais. Eu que os amo e admiro com todas as minhas forças vou precisar de algum tempo para recuperar e habituar-me aos espaços e à vivência sem eles. Depois, quando tudo passar, logo se verá. Quando foi o Dexter havia a Maya e a Ísis e foi a elas que nos agarramos para diluir a dor da perda dele. Quando se for a última é que vai ser duro. Porque já não há nenhuma a quem nos possamos agarrar e a dor vai ser muito mais difícil de evaporar. Mas tudo isto faz parte do ciclo da natureza e do nosso processo de amadurecimento e auto conhecimento.

A parte financeira: se eu fosse rico já acharia a coisa extremamente cara quanto mais não o sendo. Mas valeu a pena porque a vamos ter, ao menos, mais umas semanas/meses, talvez, ao pé de nós, dentro do conforto da sua casa e dos sítios que tão bem conhece. É uma gata tão meiga que não merecia morrer sozinha dentro duma jaula escura, amarrada a um tubo de soro. Mesmo que venha a falecer nos próximos tempos - relembro que é uma velhinha de 16 anos - valeu a pena o investimento. Claro que não podia gastar muito mais do que gastei. Há sempre um limite mas quem ama animais sabe que são muito mais do que isso e a sua companhia e amor valem ouro.
 

Conceição Santos

Tribuna Presidencial
9 Março 2012
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  • André Villas-Boas
  • Deco
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  • Lucho González
Boa noite a todos os amigos dos animais.

Como devem ter reparado - ou se calhar nem por isso...eheheh - tenho andado meio ausente aqui do fórum por causa, essencialmente, da situação clínica da minha gata Maya.

Hoje venho aqui dar-vos uma boa notícia e contar um pouco sobre o que foi esta semana - parece que foram meses - e esta sensação de montanha russa ucraniana de emoções.

A Maya, depois de uma semana internada entre a vida e a morte, conseguiu recuperar e voltou a comer e a beber de forma autónoma e regressou a casa. Quando a fomos levar ao veterinário de urgência tinha acabado de lhe dar uma crise meio estranha que lhe provocou enorme fraqueza no corpo todo, de tal maneira que mal se conseguia aguentar em pé e passou a andar de forma cambaleante, como se estivesse muito tonta ou podre de bêbada.

Quando chegou ao veterinário tinha alguns valores de análises alterados mas nada de muito grave. Só o valor hormonal é que estava elevadíssimo - ela sofre de hipertireoidismo e toma medicação diária mas o médico descartou que fosse disso. Também descartou um AVC. O coração estava normal, nada nos pulmões. Nada que justificasse aquele comportamento repentino. Quando o médico lhe mediu a temperatura corporal percebeu-se que o sistema dela estava a fazer shutdown. Tinha a temperatura (34 e picos) muito abaixo do valor normal nos gatos que é por volta dos 38,5ºC. O médico disse logo que o mínimo de temperatura num gato em que o tinha conseguido salvar era de 35,3ºC. Ainda por cima com a idade dela, 16 anos, Prognóstico muito reservado.

Ficou internada e seguiram-se um raio x e mais uns exames (tudo caríssimo). Não se conseguiu fazer um tac porque ela não estava em condições de ser sedada de forma total. Provavelmente não sobreviveria. Mas, pelo resultado do raio x e pela apalpação o veterinário não detectou nenhuma massa que justificasse aquele estado. Foi quando ele detectou que o nº de glóbulos brancos estava muito elevado o que indicaria uma infeção nos rins ou algum tipo de infeção. Começou a tomar antibióticos.

A partir daí foi um vai não vai, entre algum ligeiro arrebitar - mas sempre a soro e sem comer - e uma prostração que indicava que se estava a ir. Posso dizer que esteve no limbo entre a vida e a morte, para quem acredita nessas coisas - eu não. Eu e a minha mulher chorámos a morte dela quase todos os dias e nos dias em que havia uma ligeira melhora a esperança regressava, mas sempre muito controlada e muito contida, mas depois esvaía-se como areia pelos dedos quando o médico nos dizia que não havia alterações.

O limite estava a chegar e combinou-se a data e a hora para a tal conversa em que se ia decidir, com toda a certeza, dar-lhe o sono da paz que a levasse para perto do Dexter. Eis quando, ontem à noite, recebo uns vídeos do veterinário com ela já a comer e a ronronar, ativa e com o olhar perto do quer era normal nela. Mais uma enxurrada de alegria e um alívio profundo, uma leveza que se instala e destrói de vez aquele buraco negro de angústia bem no centro do peito. Um milagre. Na idade dela foi um milagre. Para quem acredita nestas coisas. Eu prefiro acreditar nos milagres da ciência.

Agora em casa, ainda muito debilitada, já comeu e bebeu e dorme o sono da guerreira. Sei que isto tudo foi um adiar do inevitável. Sei que irá partir mais cedo do que mais tarde e sei que já viveu mais do que a conta dela mas cada minuto que cá passa no sossego da nossa companhia vale todas e mais algumas lágrimas e todo o dinheiro gasto neste pesadelo.

Lições a retirar disto tudo: prefiro o choque brutal da morte súbita e repentina e sem sofrimento do que esta incerteza do limbo durante semanas com acréscimo de dor e angústia quase contínua. Outra lição é a resiliência incrível dos animais e a sua vontade inata de viver que, penso, é comum a quase todos os seres vivos. Sei que ainda vou ter que passar por isto (e pela morte delas) pelo menos mais duas vezes. E depois - outra lição que retiro daqui - vou fazer uma pausa de animais. Eu que os amo e admiro com todas as minhas forças vou precisar de algum tempo para recuperar e habituar-me aos espaços e à vivência sem eles. Depois, quando tudo passar, logo se verá. Quando foi o Dexter havia a Maya e a Ísis e foi a elas que nos agarramos para diluir a dor da perda dele. Quando se for a última é que vai ser duro. Porque já não há nenhuma a quem nos possamos agarrar e a dor vai ser muito mais difícil de evaporar. Mas tudo isto faz parte do ciclo da natureza e do nosso processo de amadurecimento e auto conhecimento.

A parte financeira: se eu fosse rico já acharia a coisa extremamente cara quanto mais não o sendo. Mas valeu a pena porque a vamos ter, ao menos, mais umas semanas/meses, talvez, ao pé de nós, dentro do conforto da sua casa e dos sítios que tão bem conhece. É uma gata tão meiga que não merecia morrer sozinha dentro duma jaula escura, amarrada a um tubo de soro. Mesmo que venha a falecer nos próximos tempos - relembro que é uma velhinha de 16 anos - valeu a pena o investimento. Claro que não podia gastar muito mais do que gastei. Há sempre um limite mas quem ama animais sabe que são muito mais do que isso e a sua companhia e amor valem ouro.

Como te entendo, amigo
Um beijão para ti e outro para a tua/vossa menina.
 
Dexter2020

Dexter2020

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21 Junho 2019
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  • André Villas-Boas
Amigos, venho cá dar-vos a pior das notícias: a minha Maya partiu hoje, 16 anos depois de ter nascido (e de eu ter assistido ao seu nascimento). 16 anos de companheirismo, meiguice, amor, companhia, terapia e tudo o resto que os animais nos dão e que nos transformam em seres humanos melhores e com mais compaixão.

Lutou durante mês e pouco, lutou enquanto teve forças mas o sistema já não lhe permitia ter qualidade de vida e definhava a cada dia que passava chegando ao ponto de já não ser ela que ali estava. Uma epopeia de muitos sentimentos misturados. Estou exausto mentalmente. De alma dilacerada. Mas a vida tem que continuar e temos que nos agarrar às boas memórias e à boa e longa vida que ela teve connosco. Viveu bem e viveu muito e ficará para sempre em mim até eu próprio partir desta terra.

Sou grande defensor de, nesta vida, se dar mais importância aos pequenos e simples detalhes que temos, todos os dias, em frente dos nossos olhos e do resto dos outros sentidos. Apego-me às lembranças do som do seu ronronar e miar, da maciez do seu pelo, da paz que sentia vê-la dormir ao sol, perdida como um bebé, depois duma boa refeição, da aspereza da sua língua quando me lambia o rosto ou os dedos.

Até logo, minha doce e querida Maya. Até logo.
 
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