Não é um treinador tão linear como outros (VP, PS, Lopetegui, PF) embora a base seja sempre o 4-3-3.
Quando estava no Estoril apostava numa equipa muito forte na transição procurando sempre avançados rápidos e num meio-campo que gerisse os tempos do jogo. Médios confortáveis com bola mas sem ordens para ter que prolongar a posse por sistema.
Eu aí via utilitarismo puro porque tinha a noção de como maximizar os resultados com os recursos disponíveis.
Para ter sucesso nesta Liga tenho que jogar assim...
No Sporting teve que se adaptar a outra exigência, a outro plantel (pejado de craques da sarjeta que o BdC lhe deu...Tanaka, Gauld, Rabia, Sarr, Sacko, Slavchev, Rossell), sem as motas que sempre teve no Estoril e depois dum inicio titubeante soube agarrar-se ao legado Leonardo Jardim (ao contrário do PF que aqui destruiu o de VP) e partiu para um futebol mais dominador, com mais bola e menos transição do de LJ no Sporting e do de MS no Estoril.
É obrigado a montar uma defesa nova (perde primeiro Rojo e depois Mauricio) e fá-lo com eficiência tendo como plantel de centrais Paulo Oliveira, Sarr, Tobias e Ewerton.
É ele que dá a titularidade a João Mario (com LJ André Martins é o titular) e é com ele que Slimani começa a ganhar a titularidade ao Montero (com LJ acontecia o inverso).
Na Europa (2 jogos com o Schalke, jogo em casa com o Wolfsburg e até o jogo em casa com o Chelsea) o Sporting fez grandes jogos e à equipa grande.
No campeonato deu-nos um banho de bola na 1ª parte em Alvalade (que nenhuma outra equipa nos deu para além do Bayern no ano 1 de Lopetegui) e fez um jogaço contra o Benfica.
A nível de qualidade de jogo o Sporting deu um salto face a LJ (o que seria expectável porque MS tinha melhores soluções ofensivas) e a nível de consistência nada perdeu (o que seria provável porque BdC desfaz a dupla de centrais dando-lhe um monte de lixo à parte do Paulo Oliveira).
Olympiakos não acompanhei. Percebi que ao contrário do Sporting ele teve dedo na escolha do plantel pela contratação de extremos mais MOTAS (estilo Pardo e Sebá) o que revela o desejo de ter em campo contínua capacidade de aceleração.
Hull não foi muito diferente. Procurou músculo no meio-campo, gestão de tempos de jogo (Evandro) e as tais motas que lhe permitissem atacar baliza com rapidez.
Como seria no Porto?
O que eu mais gosto no MS (e que critico em muitos treinadores) é a capacidade de se adaptar a vários contextos procurando em todos eles extrair o melhor possível.
Ele joga futebol de equipa pequena quando tem uma equipa pequena se acha que isso será um atalho para o sucesso.
Nas 4 equipas que teve não há uma linha de continuidade no estilo de futebol porque começa com uma pequena, depois pega em 2 grandes onde tem que assumir e volta à pequena.
Muitos dirão que por não se ver a mesma marca MS no Estoril ou no Sporting isso implica debilidades a nível de ideia.
Eu vejo fome de sucesso.
Pegando nos treinadores que tivemos:
Com MS teríamos menos posse do que com JL e VP e ligeiramente mais do que com JF.
Com MS teríamos mais transição do que com JL e VP e ligeiramente menos do que com JF.
Com MS teríamos mais controle ao nível de meio-campo do que com PF e NES (em 80% dos casos o 3.º médio jogaria mais perto do meio-campo do que do 9) mas teríamos menos do que com JF, VP e JL (porque arrisca mais num 2.º avançado sem ser em situações limite).
Um aspecto essencial:
Com MS não perdíamos balneário. No Sporting todo e qualquer jogador seria premiado se lhe fizessem a folha e mantiveram-se ao lado do treinador mesmo sabendo que ele estava a prazo.
No Hull basta ler o que os jogadores diziam dele (um puto novo, sem CV para campeonato inglês e que foi gozado pelos Paul Mersons desta vida quando ficou com o lugar).